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Ética

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Por:   •  1/3/2015  •  1.134 Palavras (5 Páginas)  •  426 Visualizações

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ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES:

EM BUSCA DE UM CONCEITO

Elizete Passos

In: PASSOS, Elizete. Ética nas organizações. São Paulo: Atlas, 2009. pp. 65-75.

Sempre houve uma tendência de se acreditar que ética e negócios não combinam. Isso porque este é um

mundo tido como regido pela ganância, lucratividade ilimitada e pela desonestidade. Entretanto, a vida nas

organizações, assim como na sociedade em geral, repousa em valores, pois são eles que vão definir as

regras de conduta e as ações a serem ou não realizadas.

O descrédito na possibilidade de as empresas agirem de forma ética decorre do fato de elas virem

historicamente seguindo orientações inspiradas em valores econômicos, que as têm feito agir sem

escrúpulos na ânsia pelo lucro desmedido e a qualquer preço, diante do que os seres humanos e a

realidade social são preteridos. O econômico passa a determinar tudo, tornando-se mais importante do

que os próprios indivíduos a quem deveria servir.

O reinado do econômico sobre o social, apesar de continuar muito forte, está sendo questionado e

acredita-se, até mesmo, ameaçado. Na visão de Jean-François Chanlat (1992), há uma irrupção da ética,

disciplina normalmente filosófica, no mundo dirigido por valores econômicos. O fato não pode ser

traduzido como consequência de mudança de mentalidade de dirigentes e empresários, mas como uma

reação a problemas que as empresas vêm vivendo em decorrência de ações antiéticas, que incluem desde a

falta de parceiros, escândalos até prisões de executivos. Todavia, não se pode negar que, em algumas

situações, há um processo de conscientização das pessoas envolvidas com o mundo dos negócios e real

preocupação com uma prática responsável e cidadã.

O presente capítulo pretende colocar em discussão essas questões, especialmente problematizar a relação

entre o econômico e o ético, tendo em vista definir a ética empresarial e analisar sua viabilidade.

O QUE SIGNIFICA A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

Laura Nasch (1993, p. 6) a define como “o estudo da forma pela qual normas morais pessoais se aplicam às

atividades e aos objetivos de uma empresa comercial”. Com isso, o que a autora afirma é que a ética nas

organizações não se caracteriza como valores abstratos nem alheios aos que vigoram na sociedade; ao

contrário, as pessoas que as constituem, sendo sujeitos históricos e sociais, levam para elas as mesmas

crenças e princípios que aprenderam enquanto membros da sociedade.

Do mesmo modo, ela pode ser representada pela metáfora da morada, do abrigo protetor que se acha

relacionada ao conceito de ética geral. Assim como esta, a ética nas organizações significa forma de ser e

modo de agir, não de maneira mecânica, mas como fruto da reflexão em consonância com a cultura e a

filosofia da organização. Leisinger e Shmitt (2000, p. 22) confirmam esse entendimento: “a ética

empresarial reflete sobre as normas e valores efetivamente dominantes em uma empresa, interroga-se

pelos fatores qualitativos que fazem com que determinado agir seja um bom agir”.

Conclui-se que ela visa tornar inteligível a moral vigente nas empresas, através de estudos que contemplem

também as questões de tempo e o espaço, pois, assim como vimos com a ética geral, os valores

organizacionais mudam com as mudanças histórico-sociais e as relações humanas seguem a mesma

tendência.

Normalmente, o mundo de uma organização é permeado por conflitos, por choques entre interesses

individuais e, muitas vezes, entre esses e os da própria instituição, de modo que a ética servirá para regular

essas relações, colocando limites e parâmetros a serem seguidos. Essas orientações também são

responsáveis pela garantia da integridade dos indivíduos que vivem o dia-a-dia da empresa e sua saúde

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física e mental. Possibilitam que eles tenham alegria com o que fazem, fortaleçam o compromisso com a

organização, renovem e coloquem em prática o poder criativo e produtivo que possuam, a solidariedade, o

estímulo, enfim, as condições necessárias à manutenção da organização.

Decerto, tais critérios, que são explicitados pela pessoa do dirigente, do dono ou da sua liderança, além de

refletir os valores dessas pessoas e da cultura, seguem as leis estabelecidas pela organização, definindo as

decisões a serem tomadas e a maneira como as relações interpessoais devem se dar, assim como espaço

atribuído ao indivíduo.

Também, assim como ocorre com a ética geral, os valores que regulam as relações e os comportamentos

dentro de uma empresa são históricos, alteram-se com as mudanças histórico-sociais. Só para exemplificar,

podemos relembrar que nos Estados Unidos, nos anos 50, as preocupações éticas no campo dos negócios

centravam-se

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