Ética e Realidade Atual: Implicações da Abordagem Experimental para a Ética
Resenha: Ética e Realidade Atual: Implicações da Abordagem Experimental para a Ética. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: JulianaBrunelle • 2/12/2013 • Resenha • 412 Palavras (2 Páginas) • 484 Visualizações
Nestes anais o leitor encontrará uma amostra dos temas discutidos durante o seminário internacional
“Ética e Realidade Atual: Implicações da Abordagem Experimental para a Ética”, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro entre os dias 6 e 10 de dezembro de 2010. O evento talvez tenha sido o primeiro grande encontro no Brasil na linha do recente movimento da “filosofia (moral) experimental”. Inicialmente, alguns adeptos mais radicais do movimento abraçaram como sua logo-marca a figura de uma poltrona pegando fogo. Embora o emblema tenha sido na verdade um grito retórico e exagerado clamando por uma mudança de postura ou atitude do filósofo, o mesmo foi levado muito a sério por alguns críticos do movimento, que entenderam, erroneamente a meu ver, que a filosofia experimental pretendia ver pelas costas os tradicionais instrumentos da filosofia. Não acredito nisso, mas sim em uma posição mais moderada. Ainda existe muito espaço para os métodos tradicionais da filosofia, como análise conceitual e os experimentos de pensamento. Na ilustração da capa dos nossos anais não temos uma poltrona pegando fogo, mas sim um Kant de jaleco de cientista que ficou um pouco cansado e desanimado com os resultados que obteve trabalhando exclusivamente na poltrona. Ele levantou-se da poltrona e está caminhando para fora do livro, para a vida.
Os membros do Núcleo de Estudos sobre Razão, Direito e Sentimentos Morais (NERDS) e do Projeto Ética e Realidade Atual (ERA), coordenados pelos professores Danilo Marcondes e Noel Struchiner, têm conduzido suas investigações de acordo com esses preceitos: a ética deve se voltar para o mundo real, para a prática, e sua pesquisa deve ser feita de modo interdisciplinar. De nada adianta uma ética normativa que demanda o impossível, embasada em uma psicologia moral fictícia. Não devemos colapsar a distinção entre o ser e o dever-ser, mas uma filosofia que não leva em consideração os limites do ser, do empírico, está fadada a fracassar nas suas pretensões de ser uma filosofia aplicada.
O filósofo moral da capa de nosso livro saiu da poltrona para observar o mundo e entender como efetivamente funciona o julgamento (um tópico comum em todos os artigos da coletânea), mas vai retornar para a sua poltrona para poder refletir sobre o que viu e poder fazer distinções conceituais mais finas e precisas, além de elaborar novos experimentos de pensamento que terão que ser novamente testados, também, no mundo real. As recomendações normativas da filosofia moral não podem se solipsistas. A filosofia moral não pode tirar férias do mundo.
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