Ética - uma tentativa de definição
Seminário: Ética - uma tentativa de definição. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: workconsoft • 9/9/2013 • Seminário • 3.189 Palavras (13 Páginas) • 407 Visualizações
Ética - uma tentativa de definição
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando ou julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.
O estudo de ética talvez tenha se iniciado com filósofos gregos há 25 séculos atrás. Hoje em dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da Filosofia e inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao seu estudo.
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Idéia sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade.
Em nossas relações cotidianas estamos sempre diante de problemas do tipo: devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que posso mentir? Será que é correto tomar tal atitude? Existe alguma ocasião em que seria correto atravessar em sinal de trânsito vermelho?Os soldados que matam numa guerra podem ser moralmente condenados por seus crimes ou estão apenas cumprindo ordens?
Essas perguntas nos colocam diante de problemas práticos, que aparecem nas relações reais, efetivas entre indivíduos. São problemas cujas soluções, via de regra, não envolvem apenas a pessoa que os propõe, mas também a outra ou outras pessoas que poderão sofrer as conseqüências das decisões e ações, conseqüências que poderão muitas vezes afetar uma comunidade inteira.
O homem é um ser-no-mundo, que só realiza sua existência no encontro com outros homens, sendo que, todas as suas ações e decisões afetam as outras pessoas. Nesta convivência, nesta existência, naturalmente têm que existir regras que coordenem e harmonizem esta relação. Estas regras, dentro de um grupo qualquer, indicam limites em relação aos quais podemos medir as nossas possibilidades e as limitações a que devemos nos submeter. São os códigos culturais que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem.
A ética seria uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral.
3. Ética e trabalho
Os animais vivem em harmonia com a sua própria natureza. Isso significa que todo animal age de acordo com as características de sua espécie quando, por exemplo, se acasala, protege e cria, caça e se defende. Os instintos animais são regidos por leis biológicas de modo que podemos prever as reações típicas de cada espécie. Os animais vêm ao mundo com impulsos altamente especializados e firmemente dirigidos, e por isso vivem quase que completamente determinados pelos seus instintos e cada espécie vive no seu ambiente particular.
É evidente que existem grandes diferenças entre os animais conforme seu lugar na escala zoológica: enquanto um inseto como a abelha constrói a colméia e prepara o mel seguindo os padrões rígidos das ações instintivas, animais superiores, como alguns mamíferos, agem por instintos, mas também desenvolvem outros comportamentos mais flexíveis e portanto menos previsíveis.
Essas habilidades, porém, não leva os animais superiores a ultrapassar o mundo natural, caminho esse exclusivo da aventura humana.
O ser humano, ao contrário, é imperfeitamente programado pela sua constituição biológica. Sua estrutura de instintos no nascimento é insuficientemente especializada e não é dirigida a um ambiente que lhe seja específico. Sugar e chorar são uma das poucas coisas que sabemos quando nascemos. O mundo humano é um mundo aberto, isto é, um mundo que deve ser construído pela própria atividade humana.
Como os outros mamíferos, estamos num mundo que é anterior ao nosso aparecimento. Mas, diferentemente deles, este mundo que nos precede não é simplesmente dado colocado à nossa disposição para um relacionamento imediato. O ser humano precisa "organizar" o mundo para superar o "caos", necessita construir um mundo para si, um mundo que tenha um sentido humano, e nesse processo, construir a si mesmo.
Nesse sentido, Marx faz com extrema clareza a distinção entre trabalho humano e a atividade instintiva do animal:
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colméia. Mas o que distinguem o pior dos arquitetos da melhor abelha é que figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo de trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontade. E essa subordinação não é um ato fortuito. Além do esforço dos órgãos que trabalham, é mister a vontade adequada que se manifesta através da atenção durante todo o curso do trabalho. E isso é tanto mais necessário quanto menos se sinta o trabalhador atraído pelo conteúdo e pelo método de execução de sua tarefa, que lhe oferece por isso menos possibilidade de fruir da aplicação das suas próprias forças físicas e espirituais. (Marx, 1980, p.202).
É como se fosse pelo trabalho o homem, na condição de transformar da natureza, pudesse atingir seu mais elevado ideal de realização, com consciência e liberdade. Quando o homem age, cria e empreende, produzindo objetos e saberes, bens materiais e simbólicos, está atuando não somente no campo do fazer, isto é, no âmbito do trabalho, mas também no campo do saber e do poder, ou seja, no campo da cultura e da política. Tais dimensões estão entrelaçadas e carregam uma forte componente ética.
4. A ética capitalista do trabalho
Se o trabalho como fator de enriquecimento pessoal era proibido na Idade Média, legitima-se agora, na ética da sociedade capitalista, como tábua de salvação divina. A riqueza não é mais vista com pecado, mas como estando de acordo com a vontade de Deus. Trata-se de uma vontade que se confunde com os interesses do mercado e do lucro, e que valoriza o trabalho enquanto força passível de gerar riqueza.
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