A CRISE HÍDRICA NO BRASIL
Por: Junior Severiano • 25/12/2016 • Projeto de pesquisa • 2.748 Palavras (11 Páginas) • 718 Visualizações
A CRISE HÍDRICA NO BRASIL
Valdemar Luiz Severiano Junior
RESUMO
O presente artigo pretende realizar uma análise crítica acerca do grave e crescente problema da crise hídrica no Brasil, tomando como referencial as seguintes questões: a influência do crescimento populacional e a consequente poluição dos recursos hídricos, a deficiência de planejamento e investimentos de gestão governamental, a distribuição de tais recursos de forma desigual no território nacional, o uso consciente e sustentável como responsabilidade de todos, bem como o impacto da escassez na vida das pessoas, acarretando, por exemplo, influência na geração de energia pelas hidrelétricas.
Palavras-chave: água, escassez, crise hídrica, sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
Podemos dizer que a escassez de água é um dos principais problemas ambientais enfrentados na sociedade atual. Não pode ser considerada uma ameaça que apenas agora se apresenta, mas uma situação caótica que vem em iminente consolidação já há algum tempo, batendo à porta da população que, equivocada com a ideia de abundância de recursos infindáveis, utiliza-se da água através de maus hábitos de consumo e elevado desperdício. De tal forma, esta atitude contribui para a exaustão dos recursos naturais que, aliada com a degradação das condições ambientais pela intervenção predatória do homem, geram impactos em todos os segmentos da esfera social, política e econômica e exigem reflexões sobre gestão responsável e participativa e o desenvolvimento sustentável.
Devido a uma confluência de fatores, que serão ponderados no decorrer do texto, como por exemplo a contaminação dos aquíferos, a falta de obras de saneamento e de medidas de gestão, a água doce está se esgotando gradativamente, conforme podemos acompanhar o drama da escassez de água na cidade de São Paulo, em função do baixo nível dos reservatórios e também devido ao alto índice de contaminação dos rios da região.
O objetivo do presente trabalho centra-se em discorrer sobre o tema da escassez hídrica no Brasil, seus aspectos desencadeantes e impacto negativo em todos os segmentos na esfera social, politica e econômica e no dia-a-dia da população.
METODOLOGIA DE PESQUISA
Será realizada uma análise crítica sobre o tema da crise hídrica no Brasil, a partir de pesquisa bibliográfica, tendo como referencial os conteúdos desenvolvidos nas disciplinas do semestre.
O artigo terá como ponto de partida o estudo do tema genérico da escassez da água doce, com a finalidade de conhecer melhor o problema e assim propor possíveis soluções e estratégias. Em relação à caracterização do tema, este ocorreu a partir de seguintes etapas: estabelecimento da metodologia e instrumentos metodológicos de estudo, e levantamento de dados sobre a escassez de água no Brasil.
DESENVOLVIMENTO
O grave problema de escassez de água, em evidência como um grande desafio a ser vencido atualmente tanto no Brasil quanto mundialmente, pode ser explicado por uma série de atitudes, omissões e fatores. Primeiramente, pode-se falar na contaminação dos aquíferos e mananciais, pela carência de obras para a coleta de esgoto, de políticas e de medidas de gestão dos recursos hídricos, incluindo a participação da sociedade civil organizada a fim de evitar desperdício, interromper processos poluidores e criar novas maneiras de captação, controle e distribuição da água.
Outra questão é que a distribuição de água é desigual, ou seja, onde há poucos habitantes, há maior disponibilidade e nas grandes cidades, onde há grande concentração populacional, a água é um recurso cada vez mais reduzido e poluído, sendo na maioria das vezes muito dispendioso recuperá-la.
É o que confirma Rebouças (1997), ao mencionar que, devido a essa má distribuição, ocorre o crescimento rápido e desordenado das demandas, pois nove regiões metropolitanas totalizam 42,5 milhões de habitantes, ou seja, 27% do total da população brasileira em 156 municípios. Há regiões onde a escassez se dá por razões de clima e morfologia do solo, mas não se pode atribuir apenas à causa das variações climáticas como grande e principal determinante da escassez dos recursos hídricos. Rebouças (2003) afirma ainda que, num dos países mais ricos em água doce do planeta, as cidades enfrentam crises de abastecimento, das quais não escapam nem mesmo as localizadas na Região Norte, onde estão perto de 80% das descargas de água dos rios do Brasil.
Os autores Borsoi e Torres (1997) também referem que a escassez de água no Brasil está associada a baixas disponibilidades específicas no Nordeste e a altas densidades demográficas nas regiões Sudeste e Sul, sendo que os conflitos estão situados em áreas de grande densidade demográfica e intensa concentração industrial, ou seja, nas regiões Sudeste e Sul. Nesse sentido, a questão da poluição dos recursos hídricos é agravada, aumentando significativamente os custos para tratamento da água. A escassez de recursos hídricos também aumenta os custos de captação, pois os mananciais estão cada vez mais distantes dos centros urbanos e também vislumbra a necessidade de exploração de fontes alternativas.
O crescimento populacional alcançou índices elevados, o que significa mais fábricas, mais desperdício, mais irrigação nas lavouras, e consideravelmente mais consumo de água.
A má gestão dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente está diretamente relacionada a esse fenômeno. Pode-se facilmente ver regiões em processo de desertificação relacionada ao desmatamento excessivo; elevados índices de mortalidade vinculados ao lançamento de efluentes domésticos; escassez devido ao excesso na captação ou desvio de água entre bacias.
Ao invés de adotarmos atitudes preventivas, chegamos ao ponto onde nos deparamos com a triste realidade de medidas restritivas, mas remediadoras, como a necessidade de abastecimento de certas regiões por caminhões-pipa e o racionamento por rodízio de fornecimento, como exemplo do que ocorreu particularmente na região Sudeste, devido à situação do Reservatório do Sistema Cantareira em Bragança Paulista.
Assim como aconteceu nesse caso em São Paulo, a situação climática de estiagem do país faz com que em certas regiões as chuvas não ocorram no volume estimado, aliado ao verão, debilitando as cabeceiras dos rios que abastecem os reservatórios, e já em outras, chova mais que o esperado causando enchentes. Isso somado ao desperdício no consumo desenfreado e descontrolado, bem como a falta de gestão e planejamento governamental são fatores que contribuíram para a crise e para a ameaça a outros estados do Brasil.
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