A Desertificação Na Dinâmica Da Paisagem: Cabrobó-PE
Trabalho Escolar: A Desertificação Na Dinâmica Da Paisagem: Cabrobó-PE. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: tatasebalos • 7/3/2015 • 4.209 Palavras (17 Páginas) • 365 Visualizações
G R A D U A Ç Ã O E M E C O L O G I A
A desertificação na dinâmica da paisagem: Cabrobó-PE
Karen Zauner Gimenes
Renata Sebalos
Roseli Lika Miashike
Disciplina: Ecossistemas Antrópicos e Planejamento
Docente Responsável: Prof. Dr. Silvio Ferraz
Junho . 2008
1. INTRODUÇÃO
A desertificação tem sua origem em complexas interações de fatores físicos, biológicos, políticos, sociais, culturais e econômicos (CAVALCANTI et al., 2008). E cabe lembrar que, este é um processo particular de degradação em terras de clima seco provocada, fundamentalmente, pela ação descontrolada do homem sobre estes ambientes (CARVALHO, 2001).
O conceito de desertificação foi apresentado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro em 1992 – a Eco’92 -, pelo documento Agenda 21, onde, no seu Capítulo 12, definiu-se desertificação como sendo “a degradação das terras áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas” (FREIRE & PACHECO, 2005).
Para a classificação de climas áridos é utilizada uma derivação da metodologia desenvolvida por Thornthwaite, da qual o grau de aridez de uma região depende da quantidade de água advinda da chuva (P) e da perda máxima possível de água através da evaporação e transpiração (ETP), ou a Evapotranspiração Potencial (CAVALCANTI et al., 2008). A seguir mostra-se o Índice de Aridez para os vários climas da Terra:
Tabela - Categorias de clima de acordo com o índice de aridez.
Categoria Índice de Aridez
Hiper-árido < 0,05
Árido 0,05 – 0,20
Semi-árido 0,21 – 0,50
Sub-úmido seco 0,51 – 0,65
Sub-úmido e úmido > 0,65
(fonte: MMA, 2008)
No Brasil, as áreas semi-áridas e sub-úmidas secas abrangem uma superfície de 1.130.790,53 km2, dos quais 62,83% são caracterizados como semi-áridos e 37,17% como subúmidos secos (CAVALCANTI et al., 2008).
Nos ambientes semi- áridos, como o nordeste brasileiro, a situação é muito grave, pois a escassez de chuvas acarreta na desproteção do solo, erosão superficial, perda de fertilidade, redução da biodiversidade, culminando com a desertificação e, conseqüentemente, com o êxodo rural (FREIRE & PACHECO, 2005; PACHECO et al., 2006).
O processo da desertificação na região semi-árida brasileira vem comprometendo seriamente uma área de 181.000 km2, com a geração de impactos difusos e concentrados sobre o território. Nas áreas onde ocorrem os impactos difusos, os danos ambientais produzidos resultam em erosão dos solos, empobrecimento da caatinga e degradação dos recursos hídricos, com efeitos diretos sobre a qualidade de vida da população. Já nas áreas onde os efeitos estão concentrados em pequena parte do território, os danos ocorrem com alta gravidade, configurando o que se chama de Núcleo Desertificado. Os principais de núcleos identificados pelo MMA são: Gilbués,PI, Irauçuba,CE, Seridó,RN/PB e Cabrobó,PE, cuja área total é de cerca de 15.000 km2 (BRASIL, 2008).
De acordo com o IBAMA (2003 apud PACHECO et al.,2006) as principais causas consideradas desencadeadoras da desertificação estão abaixo listadas:
• Expansão e intensificação de uso agrícola sobre terras secas, não respeitando sua capacidade de suporte;
• Redução dos períodos de pousio dos campos de cultivo ou pastagem, não atendendo o tempo necessário à sua recomposição;
• Utilização de técnicas de irrigação mal dimensionadas, não dispondo de adequado sistema de drenagem ou baseando-se na utilização de águas de qualidade duvidosa;
• Intensa coleta ou corte de plantas para alimentos, fins medicinais, energéticos, de construção civil ou assemelhados, reduzindo o material genético;
• Desmatamento indiscriminado, especialmente atingindo grandes extensões, encostas, nascentes, áreas de solo incipiente ou pobre;
• Queimadas, implementadas periódica e sistematicamente desassociadas à utilização de técnicas de manejo ou controle;
• Sobrepastoreio, ignorando a capacidade de suporte do ambiente;
• Mineração, realizada à parte de um sistema de manejo e recuperação dos recursos;
• Falta de políticas de uso da terra, para proceder ao zoneamento das áreas e disciplinar o uso e ocupação dos solos;
• Elevadas concentrações populacionais ou repentinos afluxos migratórios, sobrecarregando os recursos naturais;
• Falta de ajustes das atividades antrópicas às naturais flutuações do ambiente;
• Forças internacionais que estimulam a superexploração dos recursos; entre outros.
Na Resolução CONAMA nº 238 de 1997 (BRASIL, 2008), os impactos provocados pela desertificação podem ser ambientais, sociais e econômicos:
- Os impactos ambientais abrangem a destruição da biodiversidade (flora e fauna), a diminuição da disponibilidade de recursos hídricos, através do assoreamento de rios e reservatórios, a perda física e química de solos. Estes fatores reduzem o potencial biológico da terra, reduzindo a produtividade agrícola e, portanto, impactando as populações.
- Os prejuízos sociais são caracterizados pelas importantes mudanças sociais conseqüentes a perda da capacidade produtiva provocada no ambiente. As migrações desestruturam as famílias e impactam as zonas urbanas, que quase sempre não estão em condições de oferecer estrutura ao contingente que chega. É importante lembrar que a população afetada caracteriza-se por alta vulnerabilidade,
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