A Fragmentação territorial do sudeste do Pará
Por: Pontesdasilva • 28/10/2017 • Artigo • 4.294 Palavras (18 Páginas) • 416 Visualizações
A FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL DO SUDESTE PARAENSE, QUESTÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS: O CASO DE PARAUAPEBAS.
Leonice Pontes da Silva* leonice.pontes@yahoo.com.br
Robson Carneiro da Silva* robsonwal@gmail.com
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de apresentar e discutir a fragmentação e a formação territorial do município de Parauapebas localizado no Sudeste do Pará analisando as questões econômicas e sociais envolvidas na formação deste. Procura-se analisar os agentes e as diferentes concepções de desenvolvimento pensadas para essa região que se materializam na configuração territorial e nas dinâmicas econômicas e sociais, como ocorrem no município de Parauapebas que teve no extrativismo mineral comandado principalmente pela instalação da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) uma nova configuração espacial.
Palavras – chave: Parauapebas, desenvolvimento, fragmentação territorial, extrativismo mineral, CVRD.
*Discentes do curso de Geografia (Licenciatura e Bacharelado) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA. Campus I de Marabá – PA.
ABSTRACT
This paper has the objective to present and to discuss the fragmentation and the territorial formation of the local authority of Parauapebas located in the South-east of the Pará analyzing the economic and social questions wrapped in the formation of this. It tries to analyze the agents and the different thought conceptions of development for this region that materialize in the territorial configuration and in the dynamic economical ones and social ones, as they take place in the local authority of Parauapebas that had in the mineral extraction commanded mainly by the installation of the CVRD (Company Is worth of the Sweet Rio) a new space configuration.
Keywords: Parauapebas, development, territorial fragmentation, extraction mineral, CVRD.
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise espaço temporal acerca da fragmentação territorial do Sudeste Paraense e as questões econômicas e sociais que são resultados deste processo. Tem-se como referência empírica o município de Parauapebas localizado no sudeste do Pará, onde o mesmo se insere neste processo de fragmentação.
A partir dos projetos de desenvolvimento pensados para a região Amazônica, com enfoque a partir da década de 1970, em que o governo de fato assumiu a responsabilidade de povoar a mesma, criando eixos de integração (criação de estradas e rodovias), facilitando, sobretudo a migração para essa região, e a instalação de grandes empresas com subsídios governamentais; busca-se entender a partir da instalação do Projeto Ferro Carajás (PFC), comandado pela (CVRD) Companhia Vale do Rio Doce à criação e as atuais formas de organização econômica e social, pois toda uma logística foi criada para escoar a extração mineral a exemplo da estrada de ferro, a construção da PA-275 e do núcleo urbano de Carajás que deram origem a criação do município.
Através de uma fundamentação teórica, primeiro faz-se uma breve abordagem sobre a formação territorial do município de Parauapebas, buscando entender as relações de poder envolvidas na atual configuração territorial analisando os objetivos e formas de manifestação destas.
No segundo momento busca-se entender as relações econômicas e sociais geradas pelo processo de fragmentação territorial entendida aqui como um recorte do territorial do município de Marabá resultando na criação do município de Parauapebas. E também pela dinâmica populacional, onde a migração constitui um fator preponderante na formação territorial, pois com objetivo de melhorar de vida varias pessoas migram para essa parte da região, atraídos tanto pelos projetos de colonização como pelos projetos que passaram a ser instalar na região, sobretudo a partir da década de 1970 a exemplo de Projeto de Ferro Carajás, com isso tem-se uma nova forma de organização social e uma nova divisão territorial do trabalho.
Por fim, analisaremos como a população participa da principal atividade econômica do município de Parauapebas que é a mineração. Buscando saber se realmente este setor é o que mais emprega comparando com outros setores como o comercio e a prestação de serviços. Também será exposta a arrecadação os Royalties mostrando como o crescimento desordenado, e uma má distribuição de renda geram violência, saúde de péssima qualidade, entre outros.
Formação Territorial.
O município de Parauapebas está localizado no Sudeste do Estado do Pará, aproximadamente 700 quilômetros da Capital (Belém), tendo limites com os municípios de Marabá, Curionópolis, Canaã dos Carajás e Água Azul do Norte, constituindo hoje o município de maior dinamicidade econômica e demográfica da microrregião que também leva o nome de Parauapebas (Silva, 2004).
Para compreender a fragmentação territorial da região sudeste Paraense faz-se necessário uma breve explanação a cerca dos diversos processos exploratórios ocorridos na mesma. Optamos por um recorte espaço temporal a parti da década 1960-70, onde a mesma passou de uma atividade extrativista (Castanha-do-Pará) para uma eminentemente mineradora. A exploração do caucho e posterior o da Castanha tornaram-se responsáveis em parte pelo processo de surgimento de vilas e povoados processo que se intensificou com a atividade de mineração (Silva, 2004).
Figura 1: Mapa de localização do município de Parauapebas-PA. [pic 1]
Fonte: Fadesp (2012).
O Município de Marabá, por exemplo, deu origem a diversos municípios Parauapebas, Eldorado dos Carajás. Curionópolis, Canaâ do Carajás e Água azul do norte (Silva, 2004). Essa fragmentação, muitas vezes não parte das necessidades de uma população local e sim de interesses políticos e do grande capital visando um melhor uso e gestão do território. Vê-se a adoção de uma pratica neoliberal por parte do governo, e uma capitalização do território e consequentemente dos recursos minerais. Essa relação se reflete no arranjo espacial como exemplo Parauapebas enquanto município criado através da Lei nº 9.443/88, de 10 de maio de 1988 (Silva, 2004).
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