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A GEOGRAFIA SOCIOAMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A ANÁLISE AMBIENTAL

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Por:   •  4/5/2014  •  3.603 Palavras (15 Páginas)  •  1.133 Visualizações

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A GEOGRAFIA SOCIOAMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A ANÁLISE AMBIENTAL

Resumo

Neste artigo buscou-se fazer uma reflexão sobre a abordagem da questão ambiental sob a ótica da Geografia. Para tanto, realizou-se uma pequena incursão por algumas das principais correntes do pensamento geográfico, especificamente no que se refere ao trato da temática ambiental. Dessa forma, verificou-se a necessidade da análise de forma integrada dos componentes físicos e humanos do espaço geográfico, proposta da perspectiva da Geografia Socioambiental. Este caminho da Geografia para o estudo dos temas relacionados ao meio tem por objetivo romper a dicotomia sedimentada nessa ciência, a partir de novos suportes metodológicos que permitam estudar a relação entre os homens e a natureza.

Palavras –chave: Geografia Socioambiental, análise integrada, meio ambiente

Abstract

In this article we sought to reflect on the approach to environmental issues from the perspective of Geography. To this end, there was a small raid by some of the main currents of geographic thought, specifically in regard to dealing with the environmental theme. Thus, there was a need for an integrated analysis of physical and human components of the geographical space, a proposal from the perspective of Environmental Geography. This path of Geography to the study of issues related to the environment aims to break the dichotomy sedimented in this science, from new media methodologies to study the relationship between man and nature.

Keywords: Social environmental geography, integrated analysis, environment.

1. Introdução

A emergência da crise ambiental se torna mais evidente no círculo das discussões em meios acadêmicos, científicos, políticos, sociais e econômicos após os anos de 1970, com a realização da primeira Conferência de Estocolmo (1972) sobre o meio ambiente, proposta pela ONU, e continua no século XXI como uma das mais significativas temáticas da sociedade pós-moderna. (ARAUJO, 2007).

As condições de vida de muitas populações humanas têm se tornado cada dia, mais degradadas, resultado da combinação de uma série de fatores que atuam conjuntamente ou isolados, a exemplo das profundas desigualdades sociais e econômicas que têm deixado centenas de milhões de indivíduos à margem das conquistas da sociedade.

A intensificação dos processos industriais e da urbanização tem ocasionado significativas mudanças na organização do espaço geográfico, acentuando a redução da qualidade de vida, contribuindo para o aparecimento ou incremento de problemas sociais e ambientais.

Sobre essa questão Leff (2006, p.180) compreende que,

A crise ambiental não só propõe limites da racionalidade econômica, mas também a crise do Estado, de uma crise de legitimidade e de suas instâncias de representação, de onde emerge uma sociedade civil em busca de um novo paradigma civilizatório.

Compreender os processos sociais e ambientais, a partir da análise das relações estabelecidas entre sociedade e natureza, compõe as temáticas investigadas pela Geografia desde sua origem, enquanto Ciência, muito embora o estudo integrado das questões sociais e ambientais na Geografia seja questão nova, ainda em construção. O estudo da temática ambiental não é tarefa de uma única ciência, mas sim, ponto chave para uma discussão interdisciplinar, mesmo considerando que o ambiente sempre faz parte da história da ciência geográfica desde a sua origem.

Assim, o presente artigo inicia-se com a apresentação da evolução da abordagem da temática ambiental pela Geografia ao logo da história, seguindo para a corrente socioambiental como aporte dessa perspectiva de estudo e, por fim, apresenta a análise dos elementos constituintes da paisagem (físicos e culturais) de forma integrada como processos e relações interdependentes nessa linha de pensamento.

2. A Geografia e a abordagem ambiental

Buscando uma maior compreensão da emergência da temática ambiental dentro da Geografia, como um ponto de conexão (análise integrada) entre o que se convencionou denominar de Geografia Física e Geografia Humana, ressalta-se então, o processo evolutivo da Geografia nas suas principais correntes metodológicas, quanto à sua abordagem ambiental que, segundo Mendonça (2004, p. 133),

[...] os estudos relacionados a esta problemática tanto têm sido desenvolvidos segundo os mais diferentes matizes filosóficos usualmente empregados por esta ciência (Geografia), e aí os extremismos que exacerbam o enfoque para o natural ou para o social são bastante peculiares, quanto demandado rupturas da configuração atual da produção geográfica.

Nesse sentido, analisando a evolução histórica da ciência geográfica, é possível identificar dois grandes momentos do pensamento geográfico no trato das questões relacionadas ao meio ambiente. Para Mendonça (2004), o primeiro desses momentos ocorre desde a origem da Geografia como ciência, no século XIX, até meados do século XX, entre as décadas de 1950 e 1960, onde o ambiente era tomado como sinônimo de natureza. O segundo momento se estabelece a partir dos anos de 1960 até os dias atuais. Nesse último, já é possível notar que alguns geógrafos passaram a considerar a interação entre a sociedade e a natureza, tornando ultrapassada a conduta descritiva do ambiente natural.

No primeiro momento, a abordagem geográfica das questões ambientais resumia-se à descrição do quadro natural da Terra. Essa forma de abordagem pela Geografia estava embasada nos princípios básicos da concepção positivista que, na verdade, predominou em toda construção científica do século XIX até meados do século XX. Por essa concepção, os fenômenos da natureza como os da sociedade estavam regidos por uma lei invariável, devendo ser estudados de forma desagregada. (MENDONÇA, 2004).

De acordo com Cattaneo (2004, p. 33),

A concepção positivista da questão ambiental remonta ao inicio do pensamento moderno na ciência. As idéias propagadas por Augusto Comte influenciaram decisivamente as visões de mundo e de sociedade no final do século XIX e inicio do século XX.

Ainda segundo Cattaneo (2004, p. 34), os conceitos de natureza e ambiente no positivismo, são assim definidos:

[...] natureza para o positivismo implica uma exterioridade

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