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A Geografia do Turismo

Por:   •  28/7/2015  •  Trabalho acadêmico  •  4.140 Palavras (17 Páginas)  •  503 Visualizações

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Trabalho de Geografia do Turismo sobre: turistificação dos territórios, turismo religioso  e turismo e paisagem.

Discente: Eric Leimi Kobayashi

2º ano de graduação em Geografia

FCT- UNESP Presidente Prudente

Prof.º Claudemira Azevedo Ito

PRESIDENTE PRUDENTE

2013

Turistificação do território

     Entendido como fenômeno socioespacial contemporâneo gerador de uma atividade econômica dinâmica, o turismo provoca alterações significativas nas estruturas ocupacionais das populações residentes nas áreas onde ele se manifesta, desde o abandono das atividades primárias (pesca, agricultura e pecuária), substituídas por aquelas do setor de prestação de serviços, até a migração de trabalhadores de outras áreas e a construção de empreendimentos direcionados para as funções de lazer e recreação. No dizer de Nicolas (1989), o processo de turistificação dos espaços implica na substituição da lógica da produção (esfera do trabalho) pela lógica do lazer (esfera do lazer).Todas essas interferências afetam sobremaneira o ordenamento dos espaços apropriados pelo turismo, podendo provocar conseqüências bastante negativas como o crescimento urbano caótico, a eliminação das paisagens naturais, a construção de paisagens artificiais afastadas dos valores, símbolos e mitos locais e a geração de conflitos internos nos grupos sociais locais e, também, nas suas relações com os visitantes e com os agentes do mercado que ali se instalam para operar a atividade turística. Contraditoriamente, para a própria continuidade da atividade, essas conseqüências negativas não são bem-vindas, na medida que ajudam a afastar os visitantes, o que diminui a lucratividade do setor, o número de empregos gerados e a arrecadação de impostos. A entrada de moeda forte e a geração de empregos em prazos menores vêm sendo utilizadas como justificativa para investimentos cada vez maiores em ações de marketing e de fomento por parte de governantes, que têm elegido o desenvolvimento turístico como uma alternativa estratégica prioritária nos seus planos de governo. Ao poder público, enquanto agente articulador e normatizador dos processos de ocupação e ordenamento dos seus territórios, cabe estabelecer políticas públicas que definam as diretrizes para tais processos, sempre ouvindo os demais agentes do turismo, incluindo as representações das populações residentes nas áreas receptoras. Entretanto, de um modo geral, as políticas públicas de gestão do turismo editadas pelas diversas instâncias governamentais brasileiras nos últimos anos, têm se norteado apenas pelas dimensões econômicas e mercadológicas do setor, deixando de fora dos seus estudos e estratégias, outras dimensões dessa prática social que repercutem, sobremaneira, no cotidiano das áreas receptoras e das áreas emissoras. Entre as dimensões do turismo não observadas está aquela relacionada com a sua espacialidade. Na sua essência, o turismo constitui-se nos deslocamentos de indivíduos pelo território, sozinhos ou acompanhados, sempre em movimentos de ida e volta, portanto temporários. É essa mobilidade espacial que mais o caracteriza e, que o torna um dos fenômenos mais marcante das sociedades atuais. Os gestores públicos vêm se apropriando apenas do turismo enquanto atividade econômica, deixando de lado, total ou parcialmente, as outras dimensões do fenômeno socioespacial. Conseqüentemente, os estudos e as diretrizes políticas (públicas e privadas) resultantes dos mesmos, apenas abrangem as variáveis econômicas da atividade, não contemplando suas variáveis espaciais, culturais e sociais.          O espaço é compreendido e citado apenas como suporte e matéria prima para a atividade econômica, tornando-se bastante visível a priorização, nas políticas do setor, dos interesses de apenas um dos agentes do turismo, quer seja, dos empresários. Os demais agentes (turista, poder público, trabalhadores e comunidade receptora) não vêem seus interesses e necessidades contemplados diretamente, mesmo quando os discursos apontam para isso. Os estudos sobre o processo de apropriação do espaço pelo turismo vêm merecendo a atenção de muitos estudiosos desde a primeira metade do século XX, entre eles Christaller (1955), Miossec (1969), Knafou (1969), Nicolas (1976), Pearce (1988), Boullón (1985) e Vera (1997), apenas para citar alguns. Em seus estudos sobre a relação entre turismo e territórios, Knafou(1996) propõe considerar três fontes possíveis de turistificação dos lugares e dos espaços: os turistas, o mercado e os planejadores. No primeiro caso, são as práticas sociais de deslocamentos temporários de pessoas que fazem surgir os espaços turísticos. É o turista que, na busca de novas paisagens mais agradáveis e salutares, diferentes daquelas do seu dia a dia, se apropria de alguns trechos privilegiados do espaço. O segundo agente de turistificação de espaços, proposto por Knafou é o mercado. Para o autor, é através da ação do mercado e, não mais a partir das práticas turísticas em si, que os espaços atualmente, são turistificados. De acordo com as tendências e modismo, novos destinos e produtos turísticos são criados e colocados à venda para o consumidor, numa relação estritamente econômica. Muitas vezes, comete-se o equívoco de não se observar a evolução das práticas turísticas, criando destinos e produtos não aceitos pelo mercado consumidor. Completando sua relação de agentes de turistificação de espaços, Knafou inclui os planejadores e promotores “territoriais”. Diferentemente dos dois primeiros agentes que, em sua grande maioria são externos aos espaços que turistificam, nesse caso, esses agentes são sempre ligados ao lugar. A partir da ideologia do desenvolvimento local endógeno, muito comum nos discursos dos gestores públicos do turismo, são criados planos estratégicos para atrair turistas e empreendedores que, nem sempre observam as tendências do mercado e das práticas turísticas, criando equivocadamente, destinos turísticos que não conseguem se inserir no mercado. Nesses casos, é comum identificar-se por trás do plano estratégico, o interesse de líderes locais que, por desconhecimento das características do fenômeno turístico ou por apresentarem intenções políticas específicas, apresentam o turismo como a solução de todos os problemas locais. Nicolas (1989) por sua vez, propõe que observemos os espaços apropriados pelo turismo a partir de uma lógica diferente daquela que utilizamos nas análises dos espaços de produção (do trabalho). Segundo ele, os destinos turísticos obedecem à lógica do “mundo do ócio” e, a produção turística “no obedece a las leyes de la production económica tradicional: el espacio turístico se crea y recrea como valor deuso (y también de cambio), sin que su destrucción ocurra” (1996, p.44).

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