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A Identidade do Espaço Rural Itabirano: Percursos Novos em Caminhos Antigos

Por:   •  8/3/2016  •  Resenha  •  2.505 Palavras (11 Páginas)  •  540 Visualizações

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Resenha sobre o livro “A Identidade do Espaço Rural Itabirano: Percursos Novos em Caminhos Antigos”.

Capítulo 1 – Fazendas, memória, patrimônio e identidade.

Nesta primeira parte, observa-se no texto uma associação de questões como memória, patrimônio e identidade para se fazer uma análise mais detalhada do espaço rural itabirano. As antigas fazendas da zona rural de Itabira são espaços importantes para a manutenção do conhecimento do patrimônio, memória e identidade, que proporcionam um entendimento mais amplo da zona rural itabirana. Quando se busca o entendimento da memória, pode-se destacar a forma de olhar o espaço físico e orgânico para deduzir e recriar a história e a geografia observando a grande propriedade rural onde se observa diferenças entre as fazendas de criar e as fazendas de lavoura.

Este primeiro capítulo nos alerta sobre a necessidade de conhecer a memória, o patrimônio e a identidade do espaço rural itabirano, para entendê-lo e para que estimule as pessoas de um modo geral a necessidade de estimular não só a preservação da história local, mas de buscar ainda novas formas de integrar o espaço rural com consciência mais ampla das pessoas quando da necessidade da preservação deste espaço.

Capítulo 2 – O Tropeirismo: desbravamento e ocupação.

Nos séculos XVIII e XIX, mesmo sem ser considerado um movimento social, o tropeirismo ganhou grande relevância na história do Brasil. Esta importância é observada nas regiões Sudeste, Sul e no Centro-Oeste.

No Sudeste e Centro-Oeste se desenvolveu por causa da exploração mineral, porque nestas áreas de mineração a Geomorfologia se destaca por áreas montanhosas, dificultando o trânsito de carros de boi. As mercadorias e passageiros no século XVIII eram transportados utilizando índios para este fim, porque os cavalos eram utilizados em curtas distâncias e em áreas descampadas. Já em 1733, foram utilizados muares, principalmente nas áreas de minas. Mas mesmo se utilizando de muares, os índios de carga foram pouco substituídos.

A substituição de carregadores humanos foi lenta devido ao grande número de estradas construídas para pedestres. Além disso, as autoridades coloniais da época acreditavam que muita gente ficaria desocupada e cairia facilmente na vadiagem, caso a substituição fosse realizada. A importância em se utilizar animais no transporte foi ressaltada pelo capitão-general de São Paulo. Daí em diante, ocorreu a transição do sertanismo para o tropeirismo propriamente dito.

As tropas de muares tornaram-se muito importantes, havendo necessidade de abertura de novas estradas e caminhos entre Viamão (RS) e Sorocaba (SP). A figura do tropeiro garantiu além da circulação das mercadorias, a difusão de hábitos e costumes populares, na culinária principalmente. Pratos como Arroz de Carreteiro e o Feijão Tropeiro surgiram com os tropeiros em seus momentos de descanso. Devido as longas jornadas percorridas. os tropeiros se viam obrigados a consumir uma dieta simples e de fácil transporte e conservação.

Como atividade de comércio e transporte, o tropeirismo manteve-se forte até o surgimento das estradas de ferro. Em toda a região de Itabira foi marcante a presença de atividades tropeiras durante os séculos XVIII e XIX e meados do século XX. Devido essas atividades, houve o surgimento de caminhos, estradas, fazendas e nomeação de localidades, mostrando assim a importância do tropeirismo na construção da identidade do espaço rural itabirano.


Capítulo 3 – A formação histórico-territorial dos distritos de Itabira: precursores e redescobertas.

É preciso reconstruir toda a história da ocupação rural de Itabira, mesmo não sendo fácil em função da dificuldade de se conseguir documentos, registros, fotos e objetos para que se possa entender a formação dos distritos de uma forma mais ampla e abordando todas as questões ligadas a esta ocupação.

A falta de documentos, de registros e de informações em modo geral, torna-se um grande entrave para o entendimento da formação histórico-territorial dos distritos de Itabira. A ocupação do espaço rural itabirano é questionada pelo Padre Júlio Engrácia, que aponta para uma ocupação do município anterior a exploração do ouro na região. Em Itabira a história agrária se confunde com a história da mineração. As construções mais antigas da zona rural itabirana seguem os cursos dos rios de peixe e também do Rio Tanque.

A data de ocupação mais remota que se tem notícia é de 27 de Janeiro de 1746. Até o ano de 1901, criação do distrito de Alliança, os atuais distritos de Senhora do Carmo e Ipoema constituíam num só distrito. Até esta data, a história se refere ao distrito do Carmo. Daí em diante, os distritos passam a construir suas histórias próprias. Há uma forte ligação entre o universo privado da propriedade da terra, o universo religioso e o universo público. Como referência no estudo dessas regiões, pode-se destacar igrejas e cemitérios pela importância do sinal de fixação e pertencimento das pessoas a esses lugares. Os proprietários das fazendas tiveram também uma forte influência na formação do espaço rural itabirano, além de influenciar também a política local.


Capítulo 4 – Do Cabo de Agosto a duas pontes: fazendas e ocupação no vale do Quebra-Ossos no distrito de Ipoema.

Neste capítulo o autor destaca o Rio Quebra-Ossos que hoje é denominado, por rebaixamento, de Ribeirão Aliança e sua localização, que é um caminho natural que se une ao Vale do Rio Tanque e que desde o século XVIII serviu de passagem entre o distrito diamantino e o Rio de Janeiro. Fazendo um levantamento, estabeleceu que os antigos proprietários são oriundos da região aurífera de Santa Bárbara e Catas Altas e que poucas famílias como os Figueiredo, os Afonso Guerra e os Pessoa de Faria dominavam grandes extensões de terra.

É neste vale que se edificaram as primeiras moradias que mais tarde viriam a se formar a sede do atual distrito de Ipoema. Destacou-se como testemunhas vivas do passado da região, as Fazendas Cabo de Agosto, Luiz Antônio e Ribeirão Domingos ou Fazenda da Dona. Como locais que deixaram de representar o passado, pode-se destacar as Fazendas Venda de Cima, Botica e Mariana. Destacou-se também a área “urbana” do distrito de Ipoema pelo papel político, histórico e arquitetônico e pela preservação da memória, apesar do que já se perdeu.

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