A MORFOLOGIA URBANA E OS NÍVEIS EXTREMOS DE DENSIDADE
Por: manukageo • 9/1/2020 • Artigo • 672 Palavras (3 Páginas) • 269 Visualizações
A MORFOLOGIA URBANA E OS NÍVEIS EXTREMOS DE DENSIDADE
A densidade pode ser considerada bastante significativa para o desempenho da cidade, porém quando ultrapassa níveis mínimos de salubridade passa a contribuir na existência de diversos impactos ambientais tornando um sério problema para a manutenção das cidades. Nas situações mais comuns, quando o aumento da densidade se dá de forma não planejada ou por ter sido má gerenciada, há uma saturação das redes de infraestrutura, que por não serem capazes de abarcar as necessidades da população, provocam impactos diretos na dinâmica das bacias hidrográficas, como, por exemplo, no caso de extrapolação das redes de esgoto que resultam no despejo dos mesmos sem tratamento nos cursos d’água. Em uma situação inversa a baixa densidade ao extremo provoca o desperdício de áreas servidas com infraestrutura e a ocupação desmedida de áreas vegetadas e de função ambiental. A forma urbana vinculada à alta densidade tanto demográfica quanto construtiva é em sua maioria percebida em bairros populares e assentamentos informais. Tais áreas se caracterizam por uma morfologia urbana não cartesiana que se apresenta por ruas estreitas, exíguos espaços livres e praticamente nenhuma área de convívio social e uso comunitário (ACIOLY e DAVIDSON, 1998). Altas densidades irão implicar em um uso intensivo da terra disponível, o que deverá colaborar para o contínuo aumento da densidade resultante. Sendo assim, áreas com altos índices de moradores em pequenas porções de terra urbana provavelmente possuirão menos solo disponível para a infiltração da água prejudicando o ciclo hidrológico e aumentando os riscos de enchentes principalmente nas áreas de várzea das bacias. Acioly e Davidson (1998) indicam que projetos urbanos que podem ser caracterizados por uma densidade residencial muito alta teriam 600 hab/ha, outros de densidade alta teriam 400 hab/ha, os de densidade baixa teriam 100 hab/ha, e aqueles com densidade residencial média teriam de 200 ha/ha. O quadro abaixo traz exemplos utilizados pelos dois autores para ilustrar o quanto a densidade está associada ao tamanho do lote e da habitação, ao número total de unidades e a área total da gleba.
Os dados coletados pelos autores exemplificam o quanto as diferentes formas de produção dos elementos que constituem o espaço urbano podem influenciar as densidades resultantes, e ao associarmos isso ao planejamento de bacias hidrográficas, devemos atentar para quais características de morfologia urbana garantiram não só densidades aceitáveis pela população como também a preservação dos recursos hídricos. Outros aspectos prejudiciais às ocupações urbanas decorrentes dos extremos índices de densidades poderão ocorrer em baixos níveis resultantes. Uma ocupação, por exemplo, com população de baixa renda baseada em grandes lotes e habitações individuais fazem com que os habitantes tenham de percorrer longas distâncias a fim de terem acesso a serviços que não existam na área onde moram. Além disso, Acioly e Davidson (1998) afirmam que os lotes de grandes dimensões e as formas de ocupação do solo frequentemente não planejadas acabam resultando em configurações urbanas ineficientes. Normalmente, densidades baixas implicam em baixos padrões de infraestrutura e altos custos financeiros, podendo também carregar consigo altos custos ambientais. Um dos principais argumentos para se encorajarem as altas densidades urbanas está ligado à eficiência na provisão e manutenção das infraestruturas e serviços urbanos, além de um menor consumo de terra (ACIOLY E DAVIDSON, 1998). Sobre as altas densidades, ou seja, ocupações com valores resultantes considerados acima do planejado poderão ser identificados problemas como de congestão, saturação das redes de infraestrutura e ineficiências urbanas. Além disso, o aumento da densidade construída amplia a superfície impermeabilizada pelas edificações, dificultando a absorção das chuvas torrenciais (ACIOLY E DAVIDSON). Os extremos níveis de densidades urbanas podem, portanto prejudicar a qualidade de vida e dos recursos ambientais de uma cidade. Entretanto, de todos os impactos provocados pela forma de urbanização do ambiente natural, Viola (2008) esclarece que o crescimento populacional e o aumento do consumo do solo, aspectos inerentes a produção do espaço urbano, já podem provocar algum tipo de impacto, pois diminuem a disponibilidade de água para outros usos que não sejam o abastecimento humano e demandam maiores investimentos em infraestrutura.
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