A indústria e o Urbano da obra Espaço e Indústria
Por: Rodrigo Goldner • 14/12/2015 • Resenha • 1.274 Palavras (6 Páginas) • 1.362 Visualizações
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“A indústria e o Urbano” da obra “Espaço e Indústria”
Ana Fani Alessandri Carlos
Resenha de leitura para a disciplina Geografia da Indústria e dos Serviços ministrada pelo Prof. Luis Angelo Aracri da Universidade Federal de Juiz de Fora. |
Por
Rodrigo Goldner
Juiz de Fora
Novembro/2015
Resenha de leitura do capítulo “A indústria e o Urbano” da obra “Espaço e Indústria” de Ana Fani Alessandri Carlos, professora titular do departamento de Geografia da faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Possui Graduação e Licenciatura em Geografia também pelaUSP (1975). Dispõe de pesquisas e reflexões que se voltam, principalmente, para os seguintes temas: espaço, cidade, cotidiano, metrópole, geografia urbana, teoria e método.
A partir do século XVIII, a razão faz com que a ciência adentre em um intenso processo de evolução, que estimula uma série de novas tecnologias que altera, num curto lapso temporal, o modo de vida do homem e, sobretudo, no modo de produção de mercadorias. Portanto, isto auxiliou principalmente o setor industrial, acelerando o desenvolvimento do sistema capitalista.
A autorainicia um parágrafoque diz queo processo de industrialização, ao provocar uma profunda alteração na divisão social e espacial do trabalho, implica mudanças radicais na vida do homem. A aglomeração da população, dos meios de produção e de capitais num determinado ponto do espaço, multiplica os pontos de concentração e produz uma rede urbana articulada e hierarquizada.
Sua obra abordadiversos fatores referentes à acumulação de capital e os fenômenos que irão refletir devido a esse processo. O desenvolvimento do setor industrial vai depender da concentração espacial para melhor produzir suas mercadorias. Trata-se de mão-de-obra nas suas proximidades, infraestrutura para as famílias dos operários, vias de saída para os produtos serem comercializados enfim, uma série de aspectos que terão como resultantes a aglomeração da população e do próprio capital em determinados pontos.
Ana Fani divide “o ciclo do capital” em três fases, para melhor compreender a forma de produção e circulação das indústrias juntamente com seus processos no espaço.No primeiro momento do ciclo, o capital, onde neste caso também representado pelo dinheiro (D), entra para adquirir força de trabalho e meios para iniciar o processo de produção. “Esse momento tem como condição básica, o mercado.” É neste que se concentra a parcela da população produtora e consumidora, na qual o capitalista encontrará mão-de-obra e instrumentos necessários para seus interesses. Para Ana Fani, essa parcela da população que vende sua força de trabalho com o objetivo de reprodução de sua existência, emprega seu salário de modo a sustentar esta existência. São gastos com habitação, alimentação, energia, saúde, transportes, educação, saneamento, vestuário, lazer, etc. Estas necessidades exigem certa aglomeração imposta pela socialização do processo de produção e criam um espaço peculiar, diferenciado do agrário. A autora salienta que esta primeira fase do ciclo é um momento no processo de circulação, onde, em sua função de (D), compra os meios de produção para iniciar a função produtiva. Neste momento, há também uma série de mudanças no espaço da própria indústria, para armazenar os produtos facilitando seu transporte a partir da construção de centros de distribuição, juntamente a este, redes de transporte para as principais vias de acesso, como já foi citado acima.
A circulação é um termo bastante presente no texto e também se insere no processo de produção, exigindo gastos do que a autora chamou de sobretrabalho, onde no final de todo o processo de produção, o valor final do produto sofre uma alteração por diversos motivos inseridos no sobretrabalho. Como condição histórica do capitalismo, produção e consumo se distanciam, forçando indústrias a criarem métodos de conexão mais eficientes, reduzindo assim o tempo de alocação e reposição de estoque que presenciamos nos mercados atualmente. Este sistema não pode contar com imprevistos e deve existir sempre uma contingência, tanto do produtor quanto do comerciante.
O segundo momento ocorre na unidade produtiva e o objetivo da autora, é mostrar que é neste cenário em que surge o valor da mercadoria, uma vez que exige em caráter físico uma instalação na qual determinada atividade será desenvolvida. Segundo Carlos, para o funcionamento da unidade produtiva, como unidade de acumulação de capital, é necessário também q sejam satisfeitas uma série de necessidades, além do prédio, como: energia industrial, serviços de apoio à produção, escritórios, rede de comunicação e transportes, unidades de distribuição e armazenamento, etc., e mão-de-obra. A partir deste momento, em que as indústrias necessitam satisfazer a unidade de acumulação do capital, manifesta-se certa obrigação de alimentar a complexidade dos espaços além do próprio prédio da indústria. Tais complexidades englobam a parte improdutiva da indústria, fazendo com que haja uma determinada hierarquização nestes locais, exigindo mão-de-obra mais qualificada, processos de profissionalização, já que inovações tecnológicas se manifestam todo o tempo. É com essa corrente de pensamento que Ana Fani cita que as necessidades de acumulação diminuem sua vinculação com a unidade produtiva para assentar-se na sociedade como um todo.
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