AS TESES SOBRE A URBANIZAÇÃO
Por: Milena Trindade • 23/1/2022 • Dissertação • 432 Palavras (2 Páginas) • 137 Visualizações
RESUMO DAS TESES SOBRE A URBANIZAÇÃO DE NEIL BRENNER
Elas não são meras condições de fundo ou dispositivos de moldura, mas constituem o próprio tecido interpretativo por meio do qual os urbanistas entrelaçam meta-narrativas, orientações político- -normativas, análises de dados empíricos e estratégias de intervenção. Desde a institucionalização formal dessa área sociológica no começo do século XX, a demarcação conceitual do urbano tem sido um tema de intensos debates e desacordos dentro das nas ciências sociais.
Porém, essas posições empiricistas e predominantes não podem justificar suas próprias condições históricas e geográficas de possibilidade: necessariamente, pressupõem determinados postulados teóricos com respeito a especificidade da cidade e/ou o urbano, que moldam de maneira firme a trajetória da investigação concreta, geralmente em modos que não são examinados. Talvez a reflexividade crítica nos estudos urbanos somente possa ser cumprida se esses postulados forem explícitos, sujeitos a uma análise sistemática e revisados continuamente tendo em conta o desenvolvimento de questões da pesquisa, orientações político- -normativas e preocupações práticas (Castells 1976). Desde suas origens, o campo de pesquisa dos estudos urbanos concebeu o urbano como um espaço de assentamento específico, que em um plano qualitativo é diferente dos espaços presumidamente não-urbanos que o rodeiam: desde os subúrbios, a cidade e a aldeia até a zona rural, o campo e o deserto (Wirth 1969 [1937];
Sociólogos urbanos da Escola de Chicago, importantes economistas dedicados ao tema, teóricos destacados, demógrafos urbanos, geógrafos neomarxistas e teóricos da cidade global podem discordar da base dessa especificidade, mas todos se engajam na manobra analítica dirigida a delinear a singularidade urbana mediante um contraste explícito ou implícito frente às condições sócio-espaciais situadas “em outro lugar”14.
Em efeito, o terreno do não-urbano, esse “outro lugar” eternamente presente, serviu durante muito tempo como um constitutivo exterior que estabiliza a mesma inteligibilidade do campo desses estudos. O desenvolvimento de tipologias que dizem respeito ao espaço de assentamento, urbano e por outro lado, exige delinear uma essência nominal que permita compreender a singularidade das formas ou condições sócio-espaciais particulares está para ser compreendida. Mas, é tempo dos urbanistas abandonarem a busca por uma essência nominal destinada a distinguir o urbano como um tipo de assentamento (concebido como cidade, cidade- -região, megacidade, metrópole, megalópoles, etc.) e a concepção similar de outros espaços (suburbanos, rurais, naturais, etc.) como não-urbanos devido a sua suposta separação das condições, as tendências e os efeitos urbanos.
Para compreender a produção e a implacável transformação da diferenciação espacial, a teoria urbana deve priorizar a investigação de essências constitutivas, ou seja, os processos por meio dos quais são produzidas as heterogêneas paisagens do capitalismo moderno16.
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