Crise No Egito
Artigos Científicos: Crise No Egito. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Gabrielkm • 22/10/2013 • 1.332 Palavras (6 Páginas) • 356 Visualizações
Depois da renúncia do presidente Hosni Mubarak, em 2011, motivada por intensos protestos no país contra seus 33 anos de governo, e de eleger um novo presidente, Mohamed Mursi, a instabilidade política voltou a abalar o Egito no início de julho de 2013. Mursi foi deposto pelas Forças Armadas e foi substituído temporariamente pelo presidente da Suprema Corte Constitucional, Adly Mansour, 68. A Constituição também foi suspensa.
• Direto ao ponto: Ficha-resumo
EGITO EM TRANSE
• Entenda as crises no Egito
Antecedendo a deposição do presidente, milhares de manifestantes voltaram às ruas das principais cidades do Egito pedindo a saída de Mursi do poder, entrando em conflito com policiais e apoiadores do governo. No Cairo, o epicentro das manifestações foi a praça Tahrir, que reuniu a maior manifestação popular desde a queda de Mubarak.
Mursi foi levado para um local isolado, dentro do Egito, onde não pode se comunicar com o mundo externo, mas tem acesso a jornais e televisão. O viés islâmico do governo levou ao descontentamento de parte a população que o elegeu com maioria dos votos (51,7%) nas eleições de junho de 2012. Apoiado pelo partido Irmandade Muçulmana (grupo do qual se originou a facção muçulmana Hamas), Mursi foi o primeiro presidente islamita do Egito. O grupo acusa os militares de reverterem o movimento de revolta que conduziu o Egito à democracia.
A relação entre o governo e a população não islâmica começou a ficar mais delicada em dezembro de 2012, devido a dois episódios. No primeiro, Mursi elaborou um decreto para dar maiores poderes a si mesmo. Entre os tais poderes, o decreto concedia a ele decisões de imunidade judicial e impedia as cortes de dissolver a assembleia constituinte e a câmara alta do Parlamento. A decisão foi alvo de muitos protestos, obrigando-o a recuar.
No mesmo mês foi aprovada a nova Constituição do país, com 63,8% dos votos. O comparecimento às urnas foi baixo, e a maioria de votantes era de seguidores do partido Irmandade Muçulmana. A partir daí, a situação ficou delicada para o novo presidente, que deu pouco espaço aos militares em seu governo e não tinha neles grandes aliados.
Outro fator que pode ter colaborado para a deposição de Mursi é uma acusação por conspiração apresentada pela Procuradoria Geral do Egito. Ele teria agido em conjunto com o grupo militante palestino Hamas e homicídio durante sua fuga da prisão em 2011, o que deixou 14 guardas mortos.
Rico em petróleo, o Egito é o país árabe mais populoso, com pouco mais de 82 milhões de habitantes, e embora a maioria da população seja muçulmana, há grupos de cristãos e de cristãos coptas. Tais grupos protagonizaram violentos confrontos em 2012, devido às diferenças religiosas e à discriminação dos cristãos.
Novo grupo de manifestantes
A maior parte dos manifestantes que pedia a saída de Mursi integra um novo grupo popular no país, chamado de Tamarod. A palavra significa 'rebelde' em árabe.
Até junho deste ano, pouco antes da deposição de Mursi, o grupo alegava ter recolhido cerca de 22 milhões de assinaturas pedindo a saída do presidente do poder. O grupo deu um ultimato para que ele deixasse o cargo no início de julho ou iniciariam uma onda de protestos violentos no país.
Com páginas em redes sociais, o grupo tornou-se figura presente em todos os protestos, se manifestando em semáforos e bloqueando ruas para entregar petições. Entre as reclamações contra Mursi estavam: a falta de segurança desde a revolução de 2011, o pedido de empréstimo de US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 10,7 bilhões) feito ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para sanar dívidas públicas, a falta de justiça para os mortos pelas forças de segurança durante os confrontos e a ideia de que o Egito estaria seguindo a cartilha dos Estados Unidos.
Governo transitório e o futuro político
No dia 16 de julho de 2013, Adly Mansour, presidente interino do Egito, empossou seu gabinete provisório. O novo governo é liderado pelo primeiro-ministro Hazem el-Beblawi, tendo como vice o general Abdel-Fattah el-Sissi, que acumula o cargo de ministro da Defesa desde o governo Mursi. Na composição do gabinete, nenhum representante da ala islamita foi chamado.
Para o cargo de vice-presidente interino, Mansour nomeou Mohamed El-Baradey, derrotado nas urnas por Mursi e que se tornou líder da oposição ao governo. A composição de um governo provisório não cessou os protestos nas ruas. Os confrontos entre os apoiadores islâmicos e as Forças Armadas chegaram a deixar 50 mortos em uma só noite. Ainda é esperado do novo governo o anúncio dos principais pontos para elaborar a nova Constituição e de um cronograma para novas eleições presidenciais.
Entenda a crise no Egito
O país vive um clima de instabilidade política há pelo menos dois anos e meio, desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011, após 33 anos de um governo ditatorial, onde o presidente era escolhido
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