Funções Executivas na Infância: Do Desafio à Aprendizagem
Por: Orange Helena • 8/6/2021 • Trabalho acadêmico • 2.462 Palavras (10 Páginas) • 140 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
MARIA HELENA VIANA DOS SANTOS
Funções executivas na infância: do desafio à aprendizagem
Rio de Janeiro
2021
Introdução
A mente é objeto da curiosidade humana desde a Antiguidade. Desde que o homem se fez homem, este quer descobrir as maravilhas por traz de seus próprios pensamentos e emoções. Com o passar dos séculos e, o consequente avanço da tecnologia, os estudos do cérebro humano se aperfeiçoaram. Dando origem às Neurociências.
O termo “neurociência" surgiu na década de 1970, embora o estudo do cérebro humano datasse da Antiguidade. Teorias eram desenvolvidas por filósofos gregos através de observações, enquanto, mais tarde, os romanos estudavam o cérebro dissecando animais. No século das luzes, com a influência do Iluminismo, houve o aprofundamento nos estudos, inclusive com a Teoria da Evolução das Espécies de Darwin. Todavia, foi com a invenção do raio-X e da tomografia que houve avanços significativos nas Neurociências, assim como na era da cibernética.
A neurociência cognitiva é o campo das Neurociências responsável por estudar a capacidade cognitiva do indivíduo, ou seja, o conhecimento, como, por exemplo, o raciocínio, a aprendizagem e a memória. Sua principal função é relacionar capacidades cognitivas (comportamentos, memória, linguagem etc.) a áreas do cérebro humano.
É importante ressaltar que a Neurociência Cognitiva não se vale apenas do sistema nervoso, mas também de experiências sensoriais adquiridas através ao longo da vida. Bem como, a forma como o ser humano adquire conhecimento.
Neurociência e Aprendizagem
Segundo, Beatriz Abreu, do Instituto Integer, “(...) uma prática pedagógica que não considere os processos internos mentais da humanidade poderá conduzir o aluno a uma experiência de não aprendizagem”. Ou seja, atualmente, é importante levar em consideração funções cognitivas como emoção, motivação, atenção, socialização etc., na aprendizagem do aluno. Pois, é preciso considerar as diferenças cognitivas entre os alunos.
Embora o Sistema Nervoso humano seja filogeneticamente igual a todos seres humanos, ele é fortemente influenciado pelas experiências vividas durante a infância e/ou adolescência. Ou seja, as influências do que é externo ao indivíduo são capazes de induzir o funcionamento cerebral. Assim, as primeiras experiências influenciam na arquitetura cerebral, em sua função e nas capacidades do indivíduo (VAN DER BERGH, 2011). Por conseguinte, é óbvio a fragilidade das crianças enquanto aos estímulos recebidos pelo meio em vivem.
Às emoções estão intimamente ligadas à inteligência humana, ou seja, os estados emocionais humanos interferem na cognição humana. Isto é, eventos significativos contém emoções – positivas ou negativas – e, essa emoção afeta aprendizagem, de modo que emoções positivas devem ser instigadas e, as negativas não, para que não haja prejuízo ao desenvolvimento intelectual do indivíduo.
Segundo Barros & Hazin (2013, apud FUENTES, 2008) emoções, cognições e comportamento (internos e externos) são baseados em substratos neurais e em seu correto funcionamento. Isto é, qualquer alteração no Sistema Nervoso Central ou influência do meio ambiente onde a criança convive é capaz de induzir a alterações na estrutura cognitiva. Como, por exemplo, traumas na infância ou adolescência podem gerar sérios danos ao indivíduo em formação, pois nessas fases há intenso desenvolvimento cerebral.
A Estrutura Cognitiva é aquela que dá sentido às tarefas humanas, desde as mais simples às mais complexas. As principais funções cognitivas são: atenção, percepção, memória e funções executivas. Essas funções atuam de forma interdependente e integrada no cérebro.
Atenção
A atenção pode ser definida como a capacidade do indivíduo responder predominantemente os estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros (LIMA, 2005). Fundamental para o processo de aprendizagem, sua falta não ocorre por indisciplina e sim, pela falta de estímulo. Distúrbios atencionais simples ou a inabilidade de manter o foco, podem resultar em problemas de concentração. A atenção divide-se em atenção seletiva e atenção dividida. Sendo, a primeira, àquela que o indivíduo escolhe ao que “dar” atenção e, a segunda, a capacidade de prestar atenção em mais de um estímulo ao mesmo tempo. A capacidade humana de manter a concentração é limitada e, depende de fatores como vontade ou ânimo ou, até mesmo, de problemas que interferem na atenção seletiva e dividida, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Percepção
De acordo com Bacha et al. (2006, apud Penna, 1997), “perceber é conhecer objetos e situações através dos sentidos, sendo que o ato implica a proximidade do objeto no tempo e no espaço”. Isto é, percepção seria o sujeito dar significado a um estímulo provindo do ambiente por meio dos sentidos.
Os déficits relacionados à percepção são as agnosias. As agnosias são deficiências na percepção dos estímulos sensoriais, em que o indivíduo não há qualquer falha sensorial, mas geralmente causadas por lesões cerebrais adquiridas.
Memória
A memória é, sem dúvidas, uma das funções cognitivas mais associadas ao aprendizado. Ela consiste na capacidade humana de armazenar informações em curto prazo (memória de trabalho) ou longo prazo, podendo ainda ser episódica, semântica ou procedural. A idade pode provocar prejuízos à memória, bem como o estresse, a depressão e outros problemas físicos.
Funções Executivas
O córtex pré-frontal (CPF) desempenha um papel relevante no sistema neural das funções executivas. Portanto, o CPF é responsável por planejar e elaborar o comportamento do indivíduo. Visto que a área pré-frontal é a última porção cerebral a atingir a maturidade (BARROS; HAZIN, 2013, apud GOLDBERG, 2002), por resultado têm-se um longo desenvolvimento das FE que se prolonga da primeira infância aos primeiros anos da vida adulta.
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