GRUPOS SOCIAIS-VENDEDORES AMBULANTES DE PELOTAS
Por: naluta • 25/9/2019 • Resenha • 1.735 Palavras (7 Páginas) • 304 Visualizações
GRUPOS SOCIAIS-VENDEDORES AMBULANTES DE PELOTAS
KATIA BORGES PEREIRA
Universidade Federal DE Pelotas – contato.katia@bol.com.br
Resumo
Com este trabalho vamos analisar a importância dos movimentos sociais na globalização tendo como foco de análise os vendedores ambulantes de Pelotas. O processo da ocupação específica dos ambulantes e os vendedores do chamado Camelódromo de Pelotas no período de 2018. As vidas destes trabalhadores são carregadas de histórias, onde os riscos oriundos do contrabando, pirataria e sonegações fiscais se concretizam nas inúmeras situações que tiveram prejuízos por mercadorias perdidas, endividamentos e, muitas vezes, a impossibilidade de trabalhar e, portanto, de ter para si uma ocupação, que apesar das infrações do ponto de vista legal, é defendida pelos mesmos como um trabalho digno. Há algum tempo frequento o Camelódromo de Pelotas com regularidade, o que possibilitou a constatação sobre os principais temas que fazem parte de seus cotidianos no trabalho e que se relacionam de forma direta à construção de suas identidades e de suas memórias.
Palavras-Chave:
Trabalhadores; capital; território.
1. INTRODUÇÃO
Esta é uma pesquisa sobre a situação dos trabalhadores ambulantes que exercem suas atividades na cidade de Pelotas como camelôs. Desenvolve-se a discussão em torno de um espaço e tempo determinado – o Camelódromo e os trabalhadores ambulantes de Pelotas no ano de 2018.
O caminho que leva ao Camelódromo de Pelotas se faz pela Rua Marechal Floriano, saindo do centro histórico da cidade, enquanto caminho por este espaço, passo por diversos vendedores ambulantes, inclusive de outras etnias como senegaleses e angolanos que vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida, e que hoje se estendem pelas ruas do centro da cidade. No Camelódromo, local da legalidade/ilegalidade seria a solução para o desemprego formal. Uma política não inclusiva retirou estes ambulantes das ruas, onde “disputavam” território e capital com os comerciantes legalizados, tendo em vista que o sistema capitalista convida ao consumo e muitas pessoas tendem a procurar por produtos oferecidos com preço mais atrativo, mas
O espaço estabelecido para que pudessem exercer suas atividades de venda não comportou toda a problemática de emprego informal local.
Por si só, o Camelódromo situado em torno do Mercado Público é um péssimo cartão de visitas para Pelotas, tendo em vista as más condições do local. Aliado a isto, o lixo e a sujeira acumulados cooperam ainda mais para agravar a situação, deixando antever que a Administração Municipal deve encontrar uma solução para o problema (Diário Popular, 22/07/97, p.2).
Foi assim que, com a clara intenção de discutir os conceitos trabalho e território, e estabelecer um diálogo entre a operacionalidade desses e a realidade de vida dos trabalhadores, que a pesquisa tomou forma e rumo. As questões centrais que se colocaram foram: Como, em que circunstâncias e movidos por quais contingências e estratégias esse grupo se constituiu. Qual a importância que esse lugar assumiu para cada pessoa que ali trabalha, circula e faz compras? Maneira específica e compartilhada, enquanto local de trabalho, capaz de abrigar inúmeras possibilidades de comércio.
No interior dos órgãos públicos – federais, estaduais e municipais – a questão da informalidade é tratada com punições e/ou políticas ilusórias criadas no interior dos gabinetes. Pode ser crime em se tratando de atividades ilegais como a exercida pelos camelôs que compram e revendem mercadorias em grandes centros atacadistas formalizados fora do país e executam a passagem ilegal dos mesmos pelas fronteiras caracterizando o contrabando, ou da mesma forma a pirataria, sobretudo de CDs e DVDs que só são produzidas com o auxílio tecnológico de grandes multinacionais, que vendem no mercado formal equipamentos que executam as reproduções dessas mídias para os consumidores em geral, muitos dos quais a transformam em uma forma de rendimento consideravelmente alto. Constata-se que as atividades de trabalho consideradas informais estiveram presentes na sociedade brasileira e que permanecem, na atual fase, ligadas de maneira mais ou menos intensa, dependendo da atividade informal, ao modo de produção capitalista, sendo produzidas por esse e, portanto, intrínsecas ao seu sistema. O capitalismo não destrói, mas mantém, reproduz e fomenta as formas de trabalho ditas informais. Nesse sentido, problemas como desemprego podem e são atenuados e/ou mascarados através das atividades de trabalho informais. De maneira ideológica, a informalidade pode ser considerada um conceito forte, pois através da sua disseminação foram criadas políticas de apoio por parte do Estado.
2.METODOLOGIA
Apresento a opção metodológica focada na descrição etnográfica, alicerçada pela pesquisa documental realizada em jornais, internet e a busca física desse material através de conversas com pessoas deste setor.
Foi feita uma pesquisa no jornal Diário Popular, periódico diário da cidade de Pelotas, que cobriu as manchetes do período imediatamente anterior à saída dos camelôs do entorno do Mercado Publico Central e que foi pautada por uma forte tensão entre poder público municipal, camelôs e opinião pública na cidade de Pelotas. Também foi feito estudo de alguns autores que fazem análises que alicerçam a pesquisa referida, alguns depoimentos de pessoas que trabalham no Camelódromo de Pelotas enriqueceram o trabalho. Interessante nesse momento mencionar a relação que Robertto da Matta (1997, p.55) propõe a respeito das categorias casa e rua no interior da sociedade brasileira, e que pôde ser percebida de maneira empírica durante a pesquisa de campo, tanto em relação aos camelôs que se encontram no “centro” da cidade, como entre os trabalhadores do Camelódromo:
[...] a oposição casa/rua tem aspectos complexos. É uma oposição que nada tem de estática e absoluta. Ao contrário, é dinâmica e relativa, porque, na gramaticidade dos espaços brasileiros, rua e casa se reproduzem mutuamente, posto que há espaços na rua que podem ser fechados ou apropriados por um grupo, categoria social ou pessoas, tornando-se sua “casa”, ou seu ponto.
3.RESULTADO E DISCUSSÃO
Os vendedores ambulantes e camelôs de Pelotas constituem um grupo que por vários motivos diferentes, sejam eles baixa escolaridade, difícil adequação a horários, infraestrutura, pouca renda, etc, encontram no trabalho informal uma forma de adquirir renda para conseguirem manter suas necessidades básicas. O camelódromo tem um significado de propriedade, de ter para onde ir em busca de seu ganha pão, assim como gera muita insegurança, pois os ataques e saques de mercadorias são certeiros. Para quem busca por preço menor, ali se tornou um ótimo local de busca por estes produtos.
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