História da Política/Economia do Equador e Governo do Presidente Rafael Correa
Por: Rodrigo Dutra • 20/4/2017 • Trabalho acadêmico • 3.936 Palavras (16 Páginas) • 449 Visualizações
UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CAMILA LORRANA
RODRIGO DUTRA
LUCAS MACHADO
GABRIELA CURY
MARIA LUISA RODRIGUES
EQUADOR
História da Política/Economia do Equador e Governo do Presidente Rafael Correa
NITERÓI
2016
ANÁLISE DA ECONOMIA EQUATORIANA FEITA PELO PRESIDENTE RAFAEL CORREA DESDE O PERÍODO AGROEXPORTADOR ATÉ A DÉCADA DE 1980
PERÍODO PRIMÁRIO-EXPORTADOR
Depois de passar pelo período colonial sob o domínio da Espanha, o Equador consegue a independência e começa a se integrar ao comércio global. Durante esse período de integração ao comércio global, o Equador verifica o desmantelamento da pequena manufatura e consolida-se como nação primário-exportadora.
O Equador teve sua economia baseada na produção de Cacau até a segunda metade do século XX e esse produto correspondia a aproximadamente 80% das exportações equatorianas. Por conta desse modelo agroexportador, verificou-se o surgimento de uma influente e poderosa elite agroexportadora e diversos episódios de crises diretamente relacionados com a conjuntura internacional e condições de produção.
Contudo, por conta das pragas que assolaram a produção de cacau desde a década de 1920 e pela abrupta diminuição do preço do cacau no mercado internacional em 1940, a exportação desse produto passou a representar apenas 20% das exportações do país. A consequência desses episódios foi a preocupação do Estado em modificar o produto primário-exportador, sendo substituída a produção de cacau pela produção de banana.
As modificações espaciais causadas pela modificação do produto primário-exportador se refletiram espacialmente e nas relações de trabalho no campo. O início dessa transformação no campo manifestou-se na dimensão dos lotes utilizados para a produção de bananas e posteriormente na grande utilização de capital, na contratação de trabalhadores assalariados e no financiamento externo da atividade.
Pode-se afirmar que a modificação do produto primário-exportador foi importante para a dinamização da economia equatoriana e no estabelecimento das relações capitalistas no campo.
INDUSTRIALIZAÇÃO SUBSTITUTIDA DE IMPORTAÇÕES (ISI)
Os pensamentos econômicos que acreditavam no papel das manufaturas no desenvolvimento ganharam destaque na América Latina após a Segunda Guerra Mundial, quando a presença de um forte bloco comunista facilitava as negociações entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos, além de creditar maior poder de barganha aos países em desenvolvimento. Esse pensamento econômico acreditava que os países latino-americanos precisavam modificar o modelo agroexportador porque os produtos dessa atividade possuíam pouco valor agregado e sofriam grandes variações nos preços.
Na América Latina apostou-se na Industrialização Substitutiva de Importações, impulsionada pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina). Os formuladores dessa teoria acreditavam que a condição necessária para alcançar outro nível de desenvolvimento econômico seria investir no setor industrial para que fossem produzidos produtos com maior valor agregado. É importante ressaltar também que a escola estruturalista acreditava que as trocas desiguais entre os países latino-americanos e os países desenvolvidos tenderiam a transferir os incrementos de produtividade ao Primeiro Mundo.
Essa troca desigual entre países da América Latina e países do Primeiro Mundo ficava ainda mais perceptível na relação entre os preços dos produtos produzidos nos países periféricos e nos países centrais. A CEPAL realizou estudos e detectou que essa relação tenderia a se acentuar a favor dos países centrais ao longo do tempo, sendo indispensável que os países periféricos iniciassem o processo de substituição de importações para diminuir essa transferência de recursos.
O MODELO DE INDUSTRIALIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DE IMPORTAÇÕES NO EQUADOR
O modelo de substituição de importações no Equador foi possibilitado pelos recursos gerados pela exportação de bananas, que representava grande parte do PIB equatoriano. A partir de 1954 o Equador apresentava algumas demonstrações que começava o seu processo de substituição de importações.
O resultado de muitos anos de estudos foi a criação do “Plano de Desenvolvimento Econômico e Social para o Período 1964-1973” e posteriormente do “Plano Nacional de Transformação e de Desenvolvimento 1973-1977”. Como o modelo de substituição de importações baseava-se na industrialização dos países periféricos para diminuir as trocas desiguais entre os países, esses projetos buscavam incentivar a indústria por meio da qualificação dos trabalhadores, aumento de tarifas de importação, criação da infraestrutura necessária ao crescimento industrial, entre outras.
Outra alternativa adotada por alguns países latino-americanos par desenvolver a indústria através da ampliação do mercado foi o Acordo de Cartagena (1969), que futuramente sofreria modificações.
A descoberta do petróleo é fundamental para definirmos o Equador antes e depois de 1972. Quando são descobertos grandes poços de petróleo na Amazônia equatoriana, o país passa por grandes transformações e a indústria ganha destaque no cenário nacional.
Por conta dos investimentos estrangeiros na área de hidrocarbonetos, ainda na década de 1960, o país conseguiu os recursos necessários para crescer e promover a industrialização do Equador. Essa transformação vivenciada após 1972 se reflete no grande crescimento do PIB nos anos posteriores, sendo marcante o ano de 1973, quando o Equador cresceu incríveis 25% e após dez anos praticamente dobrou o PIB per capita. Também é importante ressaltar que a indústria cresceu aproximadamente 10% por ano durante o período de 1971-1981.
Após esse momento de grande crescimento industrial, verificaram-se grandes movimentos migratórios das áreas rurais para as áreas urbanas do país, principalmente para Quito e Guayaquil. Esse intenso movimento migratório fez com que em apenas 20 anos (1962-1982) o Equador deixasse de ser um país com a maior parte da população vivendo no campo para tornar-se um país urbano.
Porém, apesar do aumento da participação industrial na economia, a manufatura equatoriana notabilizou-se por criar poucos empregos, o que teve como consequência a geração de subempregos, aumento significativo do setor informal e aumento da pobreza. Ressalta-se aqui a grande contradição que representava o crescimento do país com a infindável geração de pobreza nas grandes cidades.
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