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História do Pensamento Geográfico

Por:   •  28/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.454 Palavras (6 Páginas)  •  272 Visualizações

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Nome: Mateus Antônio de Paula

Nº matrícula: 11911GEO041

Disciplina: História do Pensamento Geográfico

Turma:  Noturno          Diurno

Prof. Dra Rita de Cássia Martins de Souza

Referências Bibliográficas:

MORAES, A. C. R. A Gênese da Geografia Moderna. In A Particularidade Histórica da Alemanha e a Gênese da Geografia Moderna, 1ª edição. São Paulo: HUCITEC – Editora da Universidade de São Paulo, 1989, pgs. 15-25 e 50-75.

 “As condições [...] foram geradas no longo processo de transição do Feudalismo para o Capitalismo, processo esses que implicou o estabelecimento de uma história universal.” (Moraes, 1989, pg.16-17)

O pressuposto mais fundamental da Geografia moderna era o conhecimento efetivo do planeta, isto é, que o ‘mundo conhecido’ atingisse a total expressão da Terra. Assim, a condição de realização desse pressuposto calcava-se na constituição do espaço mundial de relações. A consciência da magnitude real da superfície terrestre [...] representava o patamar mínimo para o afloramento da reflexão sistematizada sobre esse espaço concreto. [...] A objetivação dessas condições começa a emergir com o início da expansão europeia no quinhentismo. A descoberta e incorporação de novas terras, as primeiras viagens de circunavegação e as expedições exploradoras vão propiciar o estabelecimento de uma representação realística do planeta já em meados do século XVII. (Moraes, 1989, pg.17)

O acumulo das descrições fornece base empírica para a comparação entre as áreas, núcleo germinador das indagações associadas na sistematização geográfica. Na verdade, a Geografia do século XVIII foi fundamentalmente a elaboração (padronização, catalogação, classificação) desse material acumulado, e representou a base imediata da emersão da sistematização geográfica.” “O avanço da linguagem da Cartografia ocorre calcado nas exigências práticas da intensificação das relações comerciais; era fundamental para a navegação estabelecer, da forma mais aproximada possível, a representação das rotas e a localização das terras e dos portos.” “O uso de mapas vai popularizar-se com a descoberta e aprimoramento das técnicas de impressão. Estas permitem a difusão das cartas, melhoradas pela aferição empírica reiterada na intensificação das viagens.  [. ..]  Pode -se dizer que tal situação, plenamente alcançada no século XVIII, é já o anteato imediato do processo de sistematização geográfica. (Moraes, 1989, pg.19)

Esses dois condicionantes articulavam a questão basilar desta disciplina: a busca de uma relação teórica entre a unidade da superfície terrestre e a diversidade dos lugares. O primeiro ponto remetia a uma consciência mundializada, e o segundo, a consciência de composições diferenciadas nas singularidades locais. Neste caso, a condição de realização passa a ser não apenas um desenvolvimento histórico, mas o desenvolvimento da história das ideias. (Moraes, 1989, pg.20)

A particularidade histórica do desenvolvimento do capitalismo na Alemanha – em seu caráter tardio e sua tônica conciliatória – vai marcar profundamente as formas de pensamento ali engendradas. Seria impossível, no âmbito do presente trabalho, pretender apresentar um quadro completo do tema em foco: a bibliografia utilizada, de certa maneira, cumpre essa tarefa. Aqui interessa apontar os traços mais significativos da evolução intelectual alemã no século XIX, destacando aquelas questões e aqueles autores que aparecem com maior peso na fundamentação filosófica de Humboldt e Ritter. Cabe ainda mencionar que a exposição que será efetuada, é meramente indicativa, tentando-se apenas localizar as determinações mais gerais e os movimentos, concepções e autores mais expressivos. (Moraes, 1989, pg.25)

Feita a exposição da peculiaridade do desenvolvimento do capitalismo alemão, pode-se desenvolver, também, compreensões do pensamento alemão do século XIX, porque a construção do pensamento é também, produto histórico. O espaço é palco da história e admitindo o pensamento também como um produto histórico é de se ter em vista que a realidade espacial da Alemanha contribui significativamente para as formas de pensamento que aí irão se desenvolver, até mesmo sua posição geográfica pode ser um papel relevante e interessante a destacar: “por um lado, vivencia, em função de sua localização, a contemporaneidade europeia no plano das ideias. Assim, defronta-se com as questões e assuntos postos pela vanguarda do pensamento inglês e francês” (Moraes, 1989, p.51).

“Estando a Alemanha intricada entre essas duas potencias do pensamento Ilustrado europeu, o discurso alemão, com grandes sentimentos de nacionalismo, mas longe de pensar as realidades sociais internas como fazia o pensamento francês e inglês, vai se desdobrar em um caráter estritamente filosófico, configurando na realidade alemã aquilo que P. Arantes, citado por Moraes, vai chamar de “duplo presente” “(Moraes, 1989, p.51).

A realidade social alemã tinha as suas dimensões, mas estas, longe de serem pensadas pela intelectualidade local que estavam inseridas em tal realidade, mas que preferiam ser a consciência teórica dos outros povos, isto é, pensando principalmente, diga-se não, unicamente, a realidade alheia. No entanto pode-se falar, a partir de outro viés, devido ao caráter dual alemão, ou seja, essa mesma divagação, digressão ou até mesmo evasiva da realidade local tem um papel preponderante na construção do romantismo que vai dar suporte a ideia de nação necessária a realidade alemã, no entanto os pioneiros dessa forma de pensamento trabalhavam com a ótica de nacionalidade e não com a de Estado, “e a questão da unidade nacional não se convertia diretamente num projeto político” (Moraes, 1989, p.54).

“Deve-se lembrar que a Alemanha contava com todo um aparato de transmissão do conhecimento que fornecia condições materiais para o bom êxito de uma ampla difusão desse projeto ideológico: apenas para ilustrar, a Alemanha possuía dezessete mil universitários em 1870, contra dez mil da França; além disso, a ideia da unidade linguística e de sua importância havia levado a uma preocupação com a educação primária, que fazia com que as taxas de analfabetismo fossem aqui das mais baixas da Europa” (Moraes, 1989, p.60-61).

Entendido o papel do aparato ideológico institucionalizado, compreende-se que no âmbito das ciências, nestas pela inerente necessidade do discurso de neutralidade, há um substancial desenvolvimento a serviço do poder central, a exemplo das ciências naturais, que vão ter um crescimento voraz como resposta a uma crescente necessidade de compreensão territorial aliada a uma série de posturas acadêmicas dotadas de um nacionalismo exacerbado que tende a se desdobrar em posicionamentos que almejam e constroem o mito da “superioridade ariana”, mito este fundamentado em parâmetros de um endeusamento do Estado que em seu seio supria-se de racismos, nacionalismo, romantismo e misticismo, tudo dentro de uma lógica cientificamente neutra, ou sem interesses político-institucionais. É nesse eixo de desenvolvimento das ciências para a reprodução dos interesses políticos que a Geografia ganha o seu corpo moderno e científico, o apanhado de informações necessárias a compreensão dos territórios acaba sendo obra do saber geográfico, mas não exclusivamente, e como já mencionado vai ser de contribuição significativa para o processo unificador alemão. Humboldt e Ritter ganham papel de destaque nesta fase, pois são eles os principais expoentes na realização e ordenação de minuciosos trabalhos científicos. (Moraes, 1989, pg.64).

Ritter realiza toda uma padronização conceitual que interessa, não apenas a Geografia (cuja primeira formulação sistemática de objeto e método foi sua obra), mas a qualquer descrição da Terra. Humboldt produz normas, conceitos e classificações que interessam a um conjunto bastante vasto de ciências”. (Moraes, 1989, p.70).

De todo modo o fato é que as formulações desses autores abarcadas pelo aparato político servem para elevar, a problemática espacial alemã, a caráter de cientificidade. Uma militarização ostensiva alinhada a um fortalecimento institucional somado a uma contribuição sistemática das ciências e com um nacionalismo exacerbado, unifica-se a Alemanha em 1871. Na Alemanha unificada a problemática espacial se resolvia no novo Estado, mas estava longe de se resolver a problemática geográfica, isto é, tem-se uma Alemanha unificada, mas com disparidades internas extremamente acentuadas e é necessária cada vez mais a ciência geográfica para as questões que sejam de domínio de espaço, de gestão de recursos naturais e das relações econômicas, das fronteiras, das raças e até mesmo para a legitimação da política de expansionismo imperialista vigente, da compreensão do mundo para se organizar tanto militar como economicamente. Nesse sentido o horizonte geográfico tende a ampliar e passa-se a introduzir no temário desta ciência a problemática social e econômica, vale um destaque extremamente relevante neste contexto para Ratzel que pioneiramente vai produzir uma “Geografia do Homem” (Moraes, 1989, p.72), que traz uma tematização política e antropológica que contribui fortemente para a riqueza do saber geográfico. Feito esse esforço de síntese que nos mostra a complexidade da história alemã e a também complexidade da Geografia Moderna se encerra com um dos porquês desta ciência na Alemanha:

“[...] do mesmo modo que a sociologia aflorou enquanto ciência autônoma na França, ‘país onde, mais do que em qualquer outro lugar, as lutas de classe sempre foram levadas à decisão final’ (citando Engels, F. – Prefácio à terceira edição alemã de Dezoito Brumário de Luís Bonaparte, ob. Cit., p. 12), a Geografia, enquanto ciência autônoma, haveria de surgir na Alemanha, onde a questão espacial ou territorial se coloca no centro dos problemas da sociedade” (Moraes, 1989, p.68).

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