MEIO AMBIENTE NA CONTEMPORANEIDADE: SIGNIFICADOS E SENTIDOS
Por: maltaa • 26/11/2018 • Artigo • 7.734 Palavras (31 Páginas) • 276 Visualizações
MEIO AMBIENTE NA CONTEMPORANEIDADE: SIGNIFICADOS E SENTIDOS
CONTEMPORANEOUS ENVIRONMENT: MEANINGS AND SUBJECTIVITIES
Maria do Socorro Pereira de Almeida1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Sérgio Luiz Malta de Azevedo2
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
1 Doutora em literatura e cultura (UFRPE), professora da UFRPE - UAST - Unidade Acadêmica de Serra Talhada. E-mail: socorroliteratura@hotmail.com.
2 Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco, professor adjunto da Unidade Acadêmica de Geografia (UFCG) e do Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia -UNEB. E-mail: maltaslma@gmail.com
1. Introdução
Uma das preocupações com as quais a ciência tem se deparado nos últimos anos é a de construção e reconstrução de suas bases epistemológicas e teórico-conceituais. Nesse sentido, os conceitos de natureza, meio ambiente e ecologia vêm recebendo inúmeros contributos, principalmente das ciências, que têm se afirmado a partir da integração de conhecimento na perspectiva interdisciplinar, cujos constructos se inserem nos processos que sofrem transformações importantes no contexto das relações sociais, econômicos e artístico-culturais contemporâneas. Isto ocorre, principalmente com relação à uniformização de padrões socioeconômicos, nos quais se verifica um alto grau de vinculação de conhecimentos técnicos à rápida difusão desses conhecimentos, naquilo que se convencionou chamar de globalização.
Tal fato é demonstrado por Malta (2006) quando se refere à invenção de artefatos técnicos, a exemplo dos celulares computadores, smartphones, iphones, tablets, entre tantos outros produtos que constituem inovações, que são rapidamente difundidas pela mídia, como objetos de consumo de massa, demonstrando claramente a tendência dominante da aceleração do tempo decorrido entre a descoberta de um processo tecnológico e a sua transformação em produto para o mercado.
Nesse artigo pretendemos, portanto, refletir sobre os significados e sentidos atribuídos ao meio ambiente na contemporaneidade, a começar por uma apreciação conceitual das abordagens, em geral, ligadas ao meio ambiente, tais como natureza e ecologia, buscando-se a dialeticidade dos contextos em que tais termos são adotados e as simetrias e assimetrias das transversalidades que lhe são atribuídas.
No segundo momento, o qual consideramos o cerne desse trabalho, buscamos refletir sobre os sentidos e significados atribuídos ao meio ambiente, inclusive no campo dos debates políticos e da seara da educação ambiental. Ressaltamos ainda, a forma como a mídia vem atuando sobre o contexto ambiental, sobretudo a televisiva, sendo um dos principais impulsionadores de sentidos e significados, que lhe são atribuídos. Na conclusão fazemos uma síntese das principais constatações do artigo.
2. Apreciação dos significados atribuídos ao meio ambiente
O homem, como ser racional, procura sempre mais do que necessita para sua sobrevivência e existência como sujeito social. Atribuímos tal contexto, ao caráter egocêntrico de suas atitudes, transformando-se, em meio a lógica contraditória e desigual do capitalismo, em objeto reificado. Influenciado pela retórica midiática, ele tem sido guiado por aquilo que
denominamos de onda consumista, que em muito vem comprometendo o uso dos estoques de recursos naturais, em escala planetária. Por isso é interessante observar a visão de natureza nos dias atuais, as ações e reações que afetam o mundo e o homem como um todo.
Marcos Carvalho, em O que é Natureza (2003), usando o senso comum e questionando sobre a dificuldade de se conceituar a natureza observa que “todos sabemos e usamos as expressões natural e natureza como contraponto àquilo que consideramos artificial” (p. 9). No entanto, ele mostra que não há realmente um conceito, mas perspectivas que levam a deduções sobre processos naturais e não naturais:
Importante é compreender que entre os seres humanos e os outros seres que compõem a nossa realidade as diferenças não se devem ao fato de uns serem naturais e outros não. As diferenças encontraremos nas dinâmicas, nos ritmos, nas finalidades, nas formas, na reprodução, na recriação que cada um ou conjunto de seres que compõem o planeta apresenta (p. 11).
Percebemos que, diante de tantas possibilidades de assunção de sentidos e significados de natureza, é importante ressaltar pelo menos um ponto em comum a quase todos os elementos que caracterizam semanticamente a ideia para o termo, que existe uma natureza interna e uma externa, ou seja, existe aquilo que é a aparência, que pode ser diretamente abarcado pelos os nossos aparelhos sensitivos; e a essência, que só pode ser compreendida sublimando-se o nosso pensamento e elevando-o pela reflexão virtuosa. É nesse sentido que o corpo visível e a essência fazem o homem “ser” o que é. Isso quer dizer que, além daquilo que o anima, tem também a forma como se dá essa animação e a especificidade dela em relação à dos outros sujeitos, que forma o caráter, a identidade enquanto ser, e a alma, de modo que ela se faça perceber pelas as ações.
Para muitos, refletir sobre a natureza pode parecer redundante, haja vista que todos já ouviram falar sobre essa questão, daí porque a impressão de que o assunto já se encontra, por demais discutido. Assim, é importante ao nos deparamos sobre essa questão, nos esforçar para pensá-lo globalmente, integralmente, de modo que possamos ver o que está invisível, ou seja, aquilo que o nosso aparelho cognitivo não consegue apreender, a primeira vista. Nesse caso, devemos pensar que a compreensão integral só pode ser alcançada com um olhar que vai além dos limites da área em questão. Como se vê nas assertivas de Vasconcelos (2002, p. 33): [Libertando-nos da nossa unicidade] “na forma de pensar, de ver e de fazer as coisas [evitamos o que se denomina] de paralisia de certeza”.
Ao nos debruçarmos sobre as vertentes que ramificam os estudos sobre a natureza, geralmente levamos em conta os reinos animal, vegetal e mineral, nesse contexto vamos acrescentar o humano. Não queremos, com isso, tirar o homem da condição animal, mas tentar
imaginar dialeticamente
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