O Discurso Geográfico sobre a Música, na Escola: O Manguebeat
Por: reinaldocubells • 1/6/2016 • Monografia • 15.041 Palavras (61 Páginas) • 500 Visualizações
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
FCS - Faculdade de Ciências Sociais
Departamento de Geografia
O Discurso Geográfico sobre a Música, na Escola: O Manguebeat
Reinaldo Toccacelli Cubells Junior
São Paulo
2015
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
FCS - Faculdade de Ciências Sociais
Departamento de Geografia
O Discurso Geográfico sobre a Música, na Escola: O Manguebeat
Trabalho apresentado junto ao Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências Sociais, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, para a obtenção de título de Licenciado em Geografia, sob orientação do Professor Dr. Mauro Luiz Peron.
Resumo
A música pode ser um importante instrumento para ser utilizado na escola, pois a partir de suas letras e instrumentos utilizadospode-se identificar as características territoriais de um grupo, uma vez que se encontram, em suas letras, aspectos econômicos, políticos e culturais de uma determinada população.
Para o estudo da música como instrumento de análise do território, é analisado o movimento Manguebeat, criado na cidade de Recife, na qual se pode observar o hibridismo cultural entre a relação do global com o local.
Palavras Chaves: Hibridismo, Manguebeat, Música.
Sumário
I – Introdução
II – A Música e oDiscurso Escolar 5
III – O Movimento Manguebeat 15
1. O Manifesto Caranguejo-com-Cérebro……………………………………………………………………20
2. O Movimento Manguebeat e o Território………………………………….……………………………23
3. Análise das Músicas 24
IV – Considerações Finais 44
Referências Bibliográficas 45
I - Introdução
A música pode ser um importante instrumento para trabalhar com os alunos na sala de aula, pois apresenta aspectos da realidade da banda e características do seu território. A partir da análise de diferentes estilos musicais podemos identificar características semelhantes e divergentes entre as culturas.
Para fazer essa aproximação do conteúdo com a realidade a partir da música, étrabalhad a sonoridade e as letras do movimento Manguebeat, e isto porque a partir dos instrumentos utilizados podemos observar as características culturais de um determinado grupo, além de que suas letras fazem referênciaà realidade, na qual apopulação vive.
Para fazer essa discussão utilizamos o movimentoManguebeat, que foi criado na cidade de Recife no começo dos anos noventa, estilo musical que fez um hibridismo de músicas locais ( coco, ciranda e maracatu) com globais ( rock, jazz e soul). Contudo, esta não é a única característica discutida sobre o Manguebeat, pois esse movimento foi importante para discutir os problemas sociais existentes na cidade de Recife, uma vez que suas letras começaram a expor os problemas de miséria dos moradores do mangue da cidade.
A partir do Manguebeatsão analisadas seis letras do movimento, sendo que quatro são do grupo Nação Zumbi (Manguetown; A cidade; Rios, Pontes e Overdrive; Da Lama ao Caos) e duas do grupo Mundo Livre SA (Manguebit e Édipo.oHomem que Virou Veículo).
II - A música e o discurso escolar
A música pode ser um importante instrumento para trabalhar na escola, pois os professores podem utilizar de outras metodologias de ensino sem ser com a memorização de conteúdo e leitura do livro didático.
Este método de ensinar a partir da memorização torna-se cansativo pelo fato de vivermos em uma época que os alunos têm diversos tipos de informações como computador e celular; os alunos conseguem se comunicar e se relacionar com seus amigos e procurar as informações que desejam.
Existe ainda pouca aproximação da escola com a vida, com o cotidiano dos alunos. A escola não se manifesta atraente frente ao mundo contemporâneo, pois não dá conta de explicar e textualizar as novas leituras de vida. A vida fora da escola é cheia de mistérios, emoções, desejos e fantasia, como tendem a ser a ciência. A escola parece ser homogênea, transparente e sem brilho no que se refere a tais características. É urgente teorizar a vida para que o aluno possa compreende-la e representa-la melhor e, portanto, viver em busca de seus interesses. As ciências, passam por mudanças ao longo do tempo, pois as sociedades estão em processo constante de transformação/(re)construção. O espaço e o tempo adquirem novas leituras e dimensões(CASTROGIOVANNI apud VLACH, 2002: 48)
Para apresentar um conteúdo construtivista devemos aproximar o conteúdo com a realidade do entorno da escola, das relações existentes no bairro entre outros temas.Todavia, para fazer um conhecimento diferente não devemos apenas construir um sentido para eles, mas dar voz para esses alunos possam dialogar sobre as experiências deles com a cidade
um ensino crítico de geografia não consiste pura e simplesmente em reproduzir num outro nível o conteúdo da(s) geografia(s) crítica(s) acadêmica(s); pelo contrário, o conhecimento acadêmico ( ou científico) deve ser reatualizado, reelaborado em função da realidade do aluno e do seu meio (...) não se trata nem de partir do nada e nem simplesmente aplicar no ensino o saber cientifico; deve haver uma relação dialética entre esse saber e a realidade do aluno – daí o professor não ser um mero reprodutor mas um criador (VESENTINI apud CAVALCANTI, 2012: 22).
O professor não pode considerar-se a única fonte de informação e verdade absoluta sobre o conteúdo trabalhado, devendo aceitar o olhar crítico dos alunos sobre as discussões na sala de aula, e que eles tenham voz ativa na discussão, pois os alunos e professores são agentes culturais e têm a sua história e visão sobre a realidade.
Segundo Cavalcanti (1999)aluno e professor devem ser agentes ativos na construção do conhecimento; as atividades feitas em sala de aula devem permitir a interação dos alunos com os objetos que serão trabalhados na sala de aula.
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