O FORDISMO
Por: Renata Maia • 19/4/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 1.129 Palavras (5 Páginas) • 496 Visualizações
FORDISMO
Por: Renata Maia
Introdução
O presente trabalho retratará a forma de organização da produção em massa conhecida como Fordismo. Nele iremos abordar a organização aplicada na linha de montagem de modelos automobilísticos.
Este trabalho tem como fontes as obras: Introdução à Teoria Geral da Administração de Idalberto Chiavenato, Sociologia das Organizações de Reinaldo Dias, Condição Pós – Moderna de David Harvey e A Organização do trabalho no Século 20: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo de G.A. Pinto.
Todo o conteúdo foi elaborado com o objetivo de compreender o modo de produção em massa inovado por Henry Ford, muito utilizado até hoje no âmbito industrial. Também, abordaremos suas características e influências nas relações de trabalho.
Escola Clássica e o Fordismo
A Escola Clássica, uma das teorias das organizações, contribuiu no estabelecimento interno das organizações industriais, vendo-as “como uma unidade produtiva” e desconsiderando as relações humanas.
O processo, o resultado e o controle, eram fundamentais para o aumento da produtividade e o controle dos fatores humanos. O foco principal era a produtividade. As condições de trabalho não eram consideradas.
Henry Ford sintetizou esta corrente de pensamento, tornando-a dominante na maior parte do século XX.
Esta escola deu ênfase à eficiência dos processos organizacionais reduzindo os custos, otimizando o desempenho, estabelecendo a divisão do trabalho e uma hierarquia bem definida.
O Fordismo sintetizou os principais elementos, aperfeiçoou-os e incluiu novos.
Fordismo
“É uma forma de organização da produção em massa aplicada na linha de montagem de automóveis do modelo T. Um método de produção em série adotado por Ford”. (DIAS, 2012, p.85).
No inicio do século XX, Henry Ford (1863-1947) inovou ao desenvolver uma cadeia de montagem instalando esteiras rolantes que deslocavam mecanicamente os objetos de trabalho, de forma contínua e permanente, ditando o ritmo através da circulação dessas peças na esteira, impondo normas para toda a organização. Ford tinha como objetivo aumentar a eficiência da empresa, economizar tempo, mecanizar o processo de trabalho e incrementar o rendimento das máquinas.
Para maximizar a produção e minimizar a interferência humana no processo produtivo, Ford chegou à conclusão de que a padronização do processo através da utilização de uma linha de montagem era a melhor forma de se conseguir atingir uma produção em larga escala.
O Fordismo iniciou em 1914 quando Henry Ford estabeleceu oito horas e cinco dólares o dia de trabalho, dando aos seus “trabalhadores renda e tempo de lazer suficientes para que consumissem os produtos produzidos em massa”. (HARVEY, 2008, p.122).
Principais características do Fordismo:
- Produção maciça e padronizada para grandes mercados – Para obtenção de lucros, os produtos eram produzidos em série, em grandes escalas e de natureza homogênea. Não havia preocupação com o nível de qualidade, variedade ou diferenciação dos produtos. Com a economia obtida era possível adotar uma politica de preços baixos enfrentando a concorrência, exportando os produtos e assim, ampliando os mercados e gerando maiores economias.
- Produção integrada verticalmente sem recorrer à terceirização – Possuía um elevado estoque para eliminar as interrupções na cadeia de montagem. Os insumos eram produzidos dentro da própria organização, contribuindo para o gigantismo da empresa. Possuindo muitos operários e amplas linhas de montagem mecanizadas.
- Funcionamento contínuo da produção - Elevado estoque de matérias-primas e insumos, excedente da força de trabalho (para enfrentar o absenteísmo e a rotatividade), reter os trabalhadores já contratados, manter a disciplina interna com gratificações ou ameaças de suspensões, demissões e perdas de prêmios.
- Relação indireta com os clientes – As vendas são efetuadas através de intermediários, responsáveis pelo marketing e comercialização dos produtos. A empresa não se orientava pela demanda nem pela exigência de qualidade, impunha a sua produção. Durante quase vinte anos ofereceu apenas o modelo Ford T negro.
- Predomínio das inovações incrementais de processos à inovação dos produtos – Quando ocorriam perdas devido à concorrência, procurava-se introduzir algumas inovações no processo produtivo, evitando mudanças no produto. Ampliava-se a oferta e aumentava a qualidade.
- Estrutura hierárquica centralizada e divisão funcional do trabalho de gestão – Apenas um número reduzido de pessoas era responsável pelas decisões e obtinham as informações. A empresa era divida por setores, dando pouca margem para a iniciativa dos indivíduos.
- Divisão social do trabalho – Divisão entre trabalho intelectual (projetos, programação, ...), trabalho manual (execução do processo de fabricação) e a criação do setor intermediário (encarregados da supervisão, treinamento, ...).
- Mecanização e substituição do trabalho manual – os gestos dos funcionários foram incorporados às máquinas, substituindo-os com objetivo de aumentar a produtividade. O ritmo era imposto pela velocidade das máquinas.
Henry Ford preocupou-se em encontrar a melhor maneira de realizar cada atividade, observando o tempo e os movimentos, buscando um padrão de tal forma simplificado que qualquer trabalhador poderia realizá-la. Com tamanha simplificação das tarefas, os operários não careciam de qualquer conhecimento específico para realizar o trabalho, tampouco de “iniciativa” ou criatividade para solução de problemas ou melhoria do processo produtivo. Esta ação removeu o conhecimento do trabalhador sobre todo o processo e o limitou nas mãos da gerencia. Entretanto, nem todos os trabalhadores, na condição de seres humanos, são capazes de se submeter a tanto tempo de abstração de sua inteligência e de alienação do trabalho, sem que isto gere conflitos entre empregados e empregador. Nesse ponto, começam a surgir problemas como absenteísmo e turn-over (rotatividade) dos trabalhadores, pois a partir do momento em que são facilmente substituíveis por não haver a necessidade de habilidades específicas para realização de suas funções, qualquer manifestação de desinteresse ou insatisfação é rapidamente resolvida através da substituição do empregado improdutivo. Esse sistema acaba por idealizar o trabalhador apenas como uma peça a mais de uma grande máquina humana formada por trabalhadores sem vontade, iniciativa, criatividade ou competências pessoais, a pretexto de uma perfeita harmonia com o conjunto da linha de montagem.
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