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FORDISMO, TOYOTISMO E VOLVISMO:

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Por:   •  27/9/2013  •  4.634 Palavras (19 Páginas)  •  1.081 Visualizações

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FORDISMO, TOYOTISMO E VOLVISMO:

OS CAMINHOS DA INDÚSTRIA EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO

THOMAZ WOOD JR.

Fonte: Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 32 (4):6-18. Set. /Out. 1992.

A nous Ia líberté é o título de um filme do diretor francês Renê Clair.

A estória mostra dois companheiros de fuga da prisão; um só deles bem-sucedido assinale-se, que em detrimento do outro. Eles são os protagonistas de uma sátira à indústria - sociedade - que reduz o homem a uma máquina.

O bem-sucedido na fuga, interpretado por Raymond Cordy, sobe rápida e habilmente no mundo industrial, tornando-se um importante empresário. O outro, Henri Marchand, após cumprir sua pena, perambula inocentemente pela narrativa, conservando o ar alegre e um desapego sincero, tentando sempre aceitar o inesperado.

O reencontro dos dois amigos, agora habitando mundos diametralmente opostos, dá início a uma reviravolta na estória. Henri vai trabalhar na fábrica de Raymond e suas ações vão potencializar a reconversão do amigo.

Na seqüência final, a fábrica - uma quase personagem - é entregue por Raymond aos operários, que não têm outras atividades que não sejam pescar ou distrair-se em jogos. Enquanto isso, a produção é feita por autômatos.

Os dois amigos seguem seu caminho, pela estrada, com uma trouxa de roupas nas costas e cantarolando a canção que dá título ao filme.

O diretor usa o vasto complexo industrial como moldura para uma crítica bem humorada- aos processos desumanizadores. Em essência, defendem-se, de maneira por vezes ingênua, mas sempre poética, os valores básicos do ser humano.

O filme é de 1931.

INTRODUÇÃO: OS SISTEMAS GERENCIAIS E SUAS IMAGENS

A partir da década de 70, a liderança industrial até então incontestável dos Estados Unidos e da Europa Ocidental passou a ser desafiada pelo Japão. Advoga-se que este fato está estreitamente ligado ao declínio da forma de organização do trabalho dominante nas empresas ocidentais.O modelo de produção fordista estaria, por isso, sendo substituído na indústria manufatureira em todo o mundo por novos conceitos e princípios.

Este texto abordará este tema a partir de três metáforas desenvolvidas por Gareth Morgan no livro Images of Organization . Para criar um campo analítico, estas metáforas serão contrapostas a três diferentes sistemas gerenciais. Assim, na primeira parte, será descrita a imagem da organização como máquina e, em seguida, abordado o tema da produção em massa a partir do caso da Ford.

Na segunda parte, a empresa analisada será a Toyota e a imagem escolhida, a da organização como organismo. Na terceira parte, finalmente, será tomada a metáfora do cérebro e abordado o caso da Volvo.

ORGANIZAÇÕES COMO MÁQUINAS: FORD E A PRODUÇÃO EM MASSA

As origens da organização mecânica

A palavra organização vem do grego organon, que significa instrumento. Organizações são, portanto, uma forma de associação humana destinada a viabilizar a consecução de objetivos predeterminados.

Mas este conceito perdeu força prática em algum ponto do desenvolvimento capitalista, quando as organizações passaram a ser fins em si mesmas. Pode-se afirmar que esta transformação está de alguma forma ligada à mecanização do trabalho e suas conseqüências.

Passamos, a partir de certo estágio do processo de industrialização, a usar máquinas como metáforas para nós mesmos e a moldar o mundo de acordo com princípios mecânicos. O trabalho nas fábricas passou a exigir horários rígidos, rotinas predefinidas, tarefas repetitivas e estreito controle.

A vida humana sofreu profunda transformação. A produção manual deu lugar à produção em massa; a sociedade rural deu lugar à urbana e o humanismo cedeu ao racionalismo. Todo o sistema de valores e crenças foi afetado. “... Tudo que era sólido desmanchou no ar...”

Max Weber observou o paralelo entre a mecanização da indústria e a proliferação das formas burocráticas de organização. Segundo ele, a burocracia rotiniza a administração como as máquinas rotinizam a produção.

Weber definiu a organização burocrática pela ênfase na precisão, velocidade, clareza, regularidade, confiabilidade e eficiência atingidas através da criação de unia divisão rígida de tarefas, supervisão hierárquica e regras e regulamentos detalhados.

As organizações burocráticas são capazes de rotinizar e mecanizar cada aspecto da vida humana, minando a capacidade de urna ação criadora.

A origem da Teoria Clássica da Administração está ligada à combinação de princípios militares e de engenharia. O gerenciamento, sob este prisma, é visto como um processo de planejamento, organização, comando, coordenação e controle.

O desenvolvimento conceitual foi marcado pelos trabalhos do francês Fayol, do americano Mooney e do inglês Urwick. Eles interessaram-se pelos problemas práticos de gerenciamento e codificaram as experiências de organizações de sucesso para que servissem de exemplo.

Princípios como unidade de comando, divisão detalhada do trabalho, definição clara de responsabilidade, disciplina e autoridade passaram a ser chaves para o êxito das organizações.

O respectivo projeto organizacional considera a empresa uma rede de partes independentes, arranjadas- numa seqüência específica, e apoiada em pontos definidos de rigidez e resistência.

A modernização dos conceitos originais inclui dois pontos-chaves:

 primeiro, uma flexibilização do princípio de centralização, visando dotar as organizações de maior capacidade de ação em ambientes complexos;

 segundo, maior reconhecimento do lado humano, ainda que o princípio seja o de adaptar o homem às necessidades da organização, e não o contrário.

A idéia central continua sendo que as organizações são sistemas racionais que devem operar da forma mais eficiente possível.

Um engenheiro americano, dotado de caráter obsessivo, que ganhou a reputação de "inimigo do trabalho humano", é tido como o grande mentor do gerenciamento científico. Seu nome: Frederick Taylor.

Taylor desenvolveu uma série de princípios práticos baseados na separação entre trabalho mental e físico e na fragmentação das tarefas. Estes princípios são aplicados até hoje tanto nas fábricas

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