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O PRECONCEITO RACIAL NO BRASIL

Por:   •  28/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  963 Palavras (4 Páginas)  •  293 Visualizações

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O PRECONCEITO RACIAL NO BRASIL: Entrevista Octavio Ianni. São Paulo: Revista de Estudos Avançados, v. 18, n. 50, Jan./Apr.2004.

  • “Na entrevista realizada no dia 11 de dezembro passado, Ianni revela vários traços de sua personalidade como o autêntico scholar, ao examinar a trajetória do pensamento acadêmico paulista dentro do panorama brasileiro”. (p.8)
  • Segundo Ianni, as pesquisas a respeito das relações sociais feitas na USP, na qual possuem participação ativa e pioneira de Roger Bastide e Florestan Fernandes, “têm uma inspiração muito evidente e conhecida graças à contribuição e ao interesse da Unesco para que se esclarecesse e se estudasse qual era a situação racial no Brasil”. (p.8)
  • Ademais, “a brutalidade do racismo, que se desenvolveu com o nazismo (incorporado pelo fascismo), seguramente reacendeu o racismo em outras partes da Europa e do mundo”. (p.9)
  • De acordo com Otávio, “a hipótese de que o Brasil seria ou era uma democracia racial foi adotada com muito entusiasmo e a proposta era apresentar dados substantivos que comprovassem essa tese”. (p.9)
  • Ele aborda que vários estudos feitos por estadunidenses e por alguns brasileiros seguiam essa mesmo sentido, em que no Brasil havia só preconceito de classe e que “o preconceito racial era somente um ingrediente do preconceito de classe, tese decorrente de análises oriundas das obras de Gilberto Freyre”. (p.9)
  • Além disso, Ianni aborda que Arthur Ramos também tinha essa visão de que o Brasil era um caso diferente e que teria um potencial democrático, no qual apresentava “uma tônica a favor da hipótese do caráter ameno das relações raciais no Brasil”. (p.10)
  • O impacto desses estudos que contrapunham a ideia da tese da democracia racial, “foi assimilado de modo traumático porque havia na ideologia brasileira e na academia, como ambiente cultural, um certo compromisso com a tese da democracia racial”. (p.10)
  • Assim, “é preciso reconhecer que um mergulho na história social do Brasil mostra que durante a escravatura formou-se uma poderosa cultura racista”. (p.11)
  • Nesse sentido, São Paulo nessa época já era uma “sociedade mais urbanizada, mais de classes e não de castas, como no escravismo” (p.11). Com isso, a “sociedade de classes estava em franco desenvolvimento havendo, portanto, uma sociabilidade diferente daquela existente no Nordeste” (p.11)
  • Desse modo, “o impacto da realidade paulista, para Ianni, levou Oracy Nogueira Roger Bastide, Caio Prado e Florestan Fernandes a perceberem que esse cenário era um laboratório excepcional para a análise de problemas sociais”. (p.12)
  • Para Otávio, os imigrantes um elemento de peso nessa discriminação racial, posto que “essa multiplicidade étnica deve ter sido um elemento forte porque, inegavelmente, havia discriminação em relação aos imigrantes”. (p.12)
  • Nesse contexto, sobre a democracia racial tem-se que “observar que esse mito não está só no pensamento brasileiro. Ele está ao lado de outros emblemas e mitos que são constitutivos da ideologia dominante no Brasil”. (p.13)
  • Dessa forma, o homem cordial faz parte dessa visão, que Ianni afirma não ter sido essa a intenção de Ribeiro Couto nem de Sérgio Buarque. Porém, “vendo esses emblemas, tomados em conjunto na história do pensamento brasileiro, concluímos que há uma tradição forte de se pensar o Brasil como um país diferente, com uma história incruenta”. (p.13)
  • Além disso, Otávio afirma que existe um cenário contraditório no país, posto que para ele, existem duas teorias que são paralelas, a de que o Brasil é um país autoritário e a de que há democracia racial.
  • Nesse sentido, “esse mito da democracia racial antes de ser político e social acaba servindo aos interesses das elites dominantes. Há um elemento implícito nas falas que é o fato de alguns negros terem êxito”. (p.15)
  • Outro aspecto retratado por Otávio é que “o movimento negro hoje está bastante diversificado e que está orientado para diferentes situações: alguns são politizados, outros são quilombistas no sentido de regressar às origens e tradições africanas”. (p.15) No entanto, existem “outros, mais liberais, se movimentam no sentido de conseguir maior mobilidade na sociedade aproveitando as brechas que esta abre para uma integração mais plena”. (p.15)
  • A questão das cotas nas universidades é retratada, por Otávio, a princípio como uma conquista social do movimento negro, em que no início aparece como positiva, mas ao mesmo tempo, é “a reiteração de uma sociedade injusta, fundada no preconceito”. (p.16)
  • Desse modo, para ele, as cotas apesar de ser uma conquista, também é uma concessão, isto é, uma legitimação de uma sociedade preconceituosa. Assim, “é contraditório porque a sociedade é contraditória, já que se formos ao fundo nesse problema, veremos que esses negros não tiveram condições de estudar a ponto de não serem classificados nos exames de seleção”. (p.16)
  • Nesse aspecto, as cotas são uma forma de não mexer na ordem social, posto que ele retrata como “uma fábrica de preconceitos, mas somente num nível restrito, que é o nível do acesso a certos espaços”. (p.17)
  • Além disso, o autor retrata que “sempre que há um contexto de crise social, há o risco de que as intolerâncias se acentuem”. (p.18)
  • Nesse sentido, para ele está ocorrendo uma incrível racialização do mundo, posto que “os acontecimentos nos últimos anos estão acentuando a intolerância racial em escala mundial” (p.18). Ultimamente, para Ianni, tem-se agravado a intolerância na Europa, cresceu a vigilância das pessoas nos EUA, entre outros.
  • A potencialidade de democratização das relações sociais, para o entrevistado, existe em qualquer lugar do mundo, “mas é anulada ou bloqueada devido ao jogo das forças sociais, à disputa pelo poder e pelas posições”. (p.18)
  • Dessa forma, a racialização do mundo está em curso, posto que para Ianni, “numa reflexão sobre a questão racial no Brasil somos obrigados a reconhecer que, simultaneamente, está havendo algo de diferentes gradações em muitas partes do mundo”. (p.18)
  • E isso tem provocado “surtos de diferentes manifestações de racismo e intolerância, nos quais estão imbricados com a dinâmica da sociedade”. (p.18)

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