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O QUE É CIDADE?

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Por:   •  27/8/2014  •  1.442 Palavras (6 Páginas)  •  282 Visualizações

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Texto base: ROLNIK, Raquel. O que é cidade. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1988

Raquel Rolnik inicia o livro definindo a cidade. Sua primeira pergunta é: “não seria esse ritmo [feito do movimento incessante de gente e máquinas, do calor dos encontros, da violência dos conflitos] e essa intensa concentração para mim tão sinônimos de urbano, próprios apenas das metrópoles, as cidades que anunciam o século XXI?” (pp.10). E, em seguida, ao recordar de outras cidades, que marcam a história, desde a antiguidade, o que ela assume como ponto de distinção é a relação entre as cidades e seus limites: as gigantescas metrópoles e as cidades muradas. Conclui, então, que algo que define a cidade é sua aptidão para reunir e concentrar as pessoas.

A partir disso, ela compara as cidades com um imã e com a escrita. Ao escrever sobre a imagem da cidade como um ímã, toca na história da técnica, na passagem da justaposição de materiais tal como eram encontrados na natureza para a composição livre de formas. Ao escrever sobre a cidade-escrita, ressalta o caráter permanente das construções que, juntamente com os documentos que produz, gera memória coletiva.

“Na cidade, nunca se está só” (pp.20). A afirmação introduz a relação que a autora fará entre a cidade e a organização política da sociedade. Ela escreve: “ Da necessidade de organização da vida pública na cidade, emerge o poder urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão. Sua primeira forma, na historia da cidade, é a de um poder altamente centralizado e despótico: a realeza.” (pp.20). A partir daí, inicia-se a apresentação de idéias que ressaltarão a cidade em dois aspectos: enquanto organização do território e enquanto relação política. A idéia de que, as cidades sugerem, por si só, a centralidade do poder urbano em seus próprios desenhos, ficará cada vez mais evidente no decorrer do livro.

Mas, além de ressaltar a dimensão política da cidade como “o exercício de dominação da autoridade político-administrativa sobre o conjunto dos moradores” (pp.24), a autora desenvolverá uma linha de raciocínio que leva, do excedente da produção agrícola até a intensificação das possibilidade de troca e colaboração entre as pessoas, potencializando, assim, a divisão do trabalho e a instauração de um mercado. A autora escreve: “Entende-se aqui por economia urbana uma organização da produção baseada na divisão de trabalho entre campo e cidade e entre diferentes cidades. Quando esta divisão do trabalho se estabelece, a cidade deixa de ser apenas sede da classe dominante, onde o excedente do campo é somente consumido para se inserir no círculo da produção propriamente dita. Desta maneira, o trabalho de transformação da natureza é iniciado no campo e completado na cidade, passando o camponês a ser consumidor de produtos urbanos e estabelecendo-se então a troca entre a cidade e o campo.” (pp.27)

Brevemente, cita como a relação entre cidade e mercado, supõe-se ter sido na Antiguidade.

O êxodo, na Europa, da cidade para o campo, é assim descrito:

“Em 1500 – enquanto os portugueses e espanhóis singravam os mares na busca por novos territórios – em Nápoles, Florença ou Veneza se dizia o ar da cidade liberta. Para estas cidades afluíam camponeses das províncias vizinhas, atraídos pelas artes da lã e da seda, pelas obras pública da cidade, pelo serviço nas casas ricas, ou simplesmente por uma vaga de servidor ou mendigo.” (pp.31)

“O desenho das ruas e praças de um burgo – assim poderia ser chamada a cidade medieval – não obedecia a qualquer traçado preestabelecido. Não havia portanto uma prévia demarcação de lotes ou desenhos de uma rua. Sendo comunal, a terra urbana era simplesmente ocupada pelos moradores, a medida que ali iam se instalando.” (pp.32)

“É provavelmente isso que dá a essas cidadezinhas medievais um desenho peculiar – irregular, tortuoso, a forma inesperada a cada esquina. Nada de quadriculado que se repete nas quadras e quadras nada de praças regulares, na cidade medieval tudo é sinuosidade, descontinuidade, surpresa. A grande torre da igreja domina a paisagem e ao redor, o casario irregular se comprime entre as muralhas.” (pp.33)

“A cidade medieval começa a mudar no bojo do desenvolvimento de ma próspera economia mercantil, impulsionada sobretudo pelo comercio de longa distancia – as longas rotas que ligavam a Europa ao Oriente e levavam a ocupação européia da América e África (...) Por um lado a circulação de mercadorias colocava para o senhor feudal, assim como para o servo, a necessidade cada vez maior de dinheiro. A solução para o senhor era aumentar as pressões sobre os servos (...) ou arrendar terras por dinheiro. (....) Assim, enquanto aumentavam as pressões senhoriais, cresciam a revolta dos servos e sua migração para as cidades. (...) As terras arrendadas geralmente passavam a produzir para o mercado – principalmente matérias-primas manufaturadas como da lã e do linho – numa forma de produção que não absorvia nem comportava o trabalho servil. Tudo isso gerou um movimento em direção a cidade: primeiro, dos servos, mas, pouco a pouco, também do poder. (...) Solto das amarras que o prendiam ao senhor feudal, o servo perdia também o acesso a terra e portanto a subsistência – o que lhe conferia a dupla condição de livre e despossuído.” (pp.34-35)

Pouco a pouco, a autora descreve o impacto que o fortalecimento

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