Os Solos

EU NÃO QUERIA IR. Se você me perguntar então porque eu fui, certamente não saberei responder o motivo exato, mas lá estava eu. Descendo do táxi e entregando para o RECEPCIONISTA minha bagagem. O hotel era um tanto velho, porém estava no centro da cidade e próximo ao centro de convenções onde eu teria que nos próximos trinta dias me reunir com um bando de jovens rebeldes sem causa.

Alguns amigos haviam me dito que me faria bem, para esquecer todo aquele infortúnio pelo qual que recentemente havia passado. Esquecer eram sem dúvidas o que eu mais queria. A qualquer custo queria ficar livre da imagem dela.

Londres tinha um ar especial. Algo que realmente me fez acalmar e buscar uma solução para minha inquietação.

- Deixe que eu pego isso pro senhor – disse o rapaz que leva as malas.

Entramos no elevador e ele apertou o número sete. Eu não tinha medo de altura então estaria bem desde que não faltasse luz para assim eu poder ler meus livros.

- O café é servido ás dez no segundo andar – dizia ele enquanto o elevador subia docemente. – se precisar de alguma coisa tecle a tecla 9 no telefone. Irá tocar diretamente na recepção.

Eu sai e vi que ela ficou me olhando enquanto íamos até o final do corredor. Meu quarto era o número 92, o antepenúltimo do lado esquerdo.

Dei uma moeda para o rapaz que me ajudara com as malas. Ele despediu-se e foi embora.

Abri a porta do quarto. O lugar era pequeno, porém bem organizado. Uma cama grande de casal e uma escrivaninha na qual eu poderia muito bem ler e escrever durante minha estadia. Um pequeno rádio a pilhas e uma porta que dava para uma sacada de onde eu podia ver a cidade inteira. Um vento frio soprava e por isso voltei logo para dentro.

Eu estava cansado de todos os preparativos e de toda aquela viagem, para piorar, já no dia seguinte teria a primeira reunião com meu grupo e não seria bom chegar atrasado logo no início.

Tomei um banho. A água do chuveiro era quente e pressurizada. O que era bom.

A cama porém, era dura, o colchão ortopédico e isso para mim era ruim.

Não demorei a pegar no sono devido ao meu estado. Alguns carros passavam pela rua fazendo um barulho que eu não sei como explicar me dava segurança. No corredor do lado de fora, pessoas também iam e vinham, conversando e rindo do que quer que fosse. Do mais, silêncio. Afinal, estava no sétimo andar. Longe de mais para ouvir qualquer outra coisa.