Preconceito Racial

COR: CARACTERIZAÇÃO DA REALIDADE

Podemos analisar a questão racial sob a perspectiva de diferentes enfoques existentes, isso falando tanto em uma escala local, regional ou até mesmo global. Existem inúmeras possibilidades de estarmos relacionando-a com as mais diversas questões que envolvem toda a complexa dinâmica do meio social atual. No entanto, entre as discussões relacionadas com a questão racial, a que se encontra em um maior nível de debate dentro da sociedade, é a que enfoca sobre a problemática da desigualdade racial, essa que também estará relacionada de certa forma as questões do campo político, econômico, cultural e social.

Infelizmente existe ainda hoje uma enorme distância entre negros e brancos dentro do âmbito social, onde os brancos se encontram num patamar com muito mais privilégios e direitos, direitos esses que deveriam abranger a todos com total grau de igualdade, no entanto, a realidade é bem perversa, repleta de desigualdades, onde pessoas são vistas de formas diferentes pelo simples fato de possuir uma maior quantidade de melanócitos na pele. Os negros acabam sendo altamente discriminados por causa da sua aparência externa, não tendo na maioria das vezes, a oportunidade de demonstrar todas as suas qualidades e potencial, que nada tem haver com a sua cor.

“...a pobreza no Brasil tem cor. A pobreza no Brasil é negra. Nascer negro no Brasil está relacionado a uma maior probabilidade de crescer pobre. A população negra concentra-se no segmento de menor renda per capita da distribuição de renda do país” (HENRIQUES, 2002, p. 29). Pode se observar claramente que os negros diante dos brancos, sempre estão na parte de baixo das tabelas e gráficos de pesquisas e de estudos relacionados com as questões econômicas, sociais e educacionais. As oportunidades não são as mesmas entre brancos e negros, no mercado de trabalho, por exemplo, os negros sempre têm uma maior dificuldade de conseguir os melhores empregos. Esse exemplo é fácil de ser constatado, basta apenas analisarmos o nosso cotidiano, iremos perceber que os negros se encontram em maior quantidade nos empregos que são mal visto pela sociedade e logicamente com uma remuneração muito mais baixa.

Toda essa discriminação do negro na sociedade começa desde o inicio de sua vida, pois logo ao ingressar na vida escolar já tem sobre ele olhares que os menosprezam, como se eles fossem menos capacitados que os demais alunos que compõem o restante da turma. Uma pesquisa realizada pela psicóloga Fúlvia Rosemberg, da Fundação Carlos Chagas afirma bem essa questão, onde Rosemberg atribui a desigualdade entre raças no desempenho escolar aos fatores socioeconômicos e ao que chama de "pessimismo racial", que significa descrença na possibilidade de sucesso do aluno negro. Para a psicóloga uma ideologia racista é transmitida dentro da própria escola. A criança negra é considerada, de antemão, o candidato mais provável à repetência por todo o aparato educacional, do professor ao diretor e ao secretário de Educação.

Dessa forma, podemos analisar que mesmo em pleno século XXI, ainda há uma absurda desigualdade entre brancos e negros, isso não quer dizer que não tenha diminuído com o passar dos anos, mas ainda se encontra em uma forma bastante significativa. Negros e brancos vivem em um mesmo mundo, mas só que em realidades diferentes.