Relatório de Estágio de Prática de /Observação
Por: Guilherme Senra • 13/3/2017 • Trabalho acadêmico • 1.499 Palavras (6 Páginas) • 278 Visualizações
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Relatório final da prática de Ensino de Geografia na Escola Básica I
Por
Rodrigo Goldner
Juiz de Fora
2015
INTRODUÇÃO
Este relatório tem por objetivo apresentar as análises realizadas em campo, voltadas para a disciplina de Ensino de Geografia na Escola Básica I da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A seguinte disciplina propõe uma série de observações na relação aluno/professor e com isso, relatarei neste a experiência de 60 horas de estágio na instituição Escola Estadual Clorindo Burnier localizada na zona Norte de Juiz de Fora (MG). Serão também expostas demais discussões, debates, questões de vivência, relacionamento entre corpo docente e corpo discente, conclusões do ponto de vista pessoal, que transmitirão ao leitor o quanto foi importante o lado empírico.
O PRIMEIRO CONTATO
É claro que, para alunos de uma instituição pública, como foi o caso, é raro e atrativo ao mesmo tempo o fato de aparecer um estagiário disposto a se tornar um educador. Para eles, a primeira ideia que lhes vêm à cabeça é: “você vai ser professor?”. Obviamente, não é espanto algum comparado ao quadro atual de educação que estamos vivendo em nosso país. É necessário então, primeiramente, demonstrar com toda a sinceridade e verdade a sua total feição para aquilo que realmente quer se tornar, um professor. Foi o que fiz.
Nos primeiros dias fui organizando por etapas coisas que me chamavam a atenção. A primeira delas, o modo em que se organizavam em sala de aula. É interessante que os que respondem todas as perguntas do professor, os que sempre têm dúvidas, os mais “estudiosos” por assim dizer, assumem as carteiras da frente. Não é necessariamente verdade. Acontece que, com as carteiras enfileiradas formando um grande quadrado, alguns alunos ficam muito distantes do professor, ou seja, sua atenção fica voltada muitas vezes pra outras coisas que não fazem o menor sentido para com a matéria dada naquele momento em sala. O professor ocasionalmente não se dá conta de que um número de alunos não está nem mesmo prestando atenção no que diz ou no que faz. A configuração de fileiras com frente, meio e o chamado “fundão” (no senso comum seriam os lugares dos bagunceiros), já deveria ter sido descartada há tempos e sem contar, que discordo plenamente com essa ideia de “fundão” ser o lugar de alunos deste tipo. Muitos destes alunos possuem um potencial incrível para algumas disciplinas e que são esquecidos por alguns professores. Porém outros tentam de toda forma direcionar seus olhares e interesses para o máximo de alunos possível, se não para todos.
HABITUANDO AO AMBIENTE ESCOLAR
Com o passar do tempo, as análises de campo me despertaram para outro fato que chamaram bastante meu interesse. Situações delicadas de indisciplina. É de longe um dos acontecimentos mais comuns em escolas e foi de uma forma inesperada a atuação de um professor em particular, na qual suas palavras foram utilizadas de forma firme e ao mesmo tempo, totalmente respeitosa. Após o ocorrido, uma coisa incrível aconteceu. Era como se todos os alunos naquele momento tivessem esquecido literalmente como se bagunçava na sala de aula, todos eles tinham como foco ocular, apenas o professor e a disciplina. Fiquei curioso pela questão dele ter sido totalmente firme e em pleno início de ano letivo, mas não questionei sua ação. Fora de sala, ele apenas me disse: “se você procura organizar sua sala de aula de uma forma que consiga lecionar por um ano inteiro, imponha firmeza com respeito e liderança, eles gostam e apreciam isso...eles passam até a gostar mais das suas aulas”. Pessoalmente, o respeito recíproco em sala de aula é uma das maneiras eficientes de o professor se colocar e conseguir coordenar uma sala de aula. Achei impressionante o modo em que colocou suas palavras de tal forma, sem humilhar, sem desrespeitar, sem rebaixar o aluno, mostrando a ele seu devido lugar e limites de comportamento no ambiente de sala de aula.
Alguns graduandos da própria disciplina da universidade entendem que você precisa dar total liberdade de os alunos se expressarem e se comportarem numa escola. Não estão absolutamente errados, mas com toda certeza, não estão habituados com o ambiente escolar da rede pública contemporâneo, se quer fizeram horas de experiência em estágio a fim de se colocarem desta forma. A realidade é outra. Eles entendem esta liberdade que falam e interpretam como libertinagem. O sistema atual de educação juntamente com leis frágeis permite que o aluno faça de um todo em sala de aula e sem punição alguma, sem repetência ou levando os anos de educação básica de sua vida apenas “com a barriga”. Seria sonhar demais nos tempos de hoje se houvesse essa liberdade dita trabalhando com disciplina e respeito mútuo nas escolas. A relação professor/aluno não deveria nem ser escrita com barramento. Deve sim existir uma distância entre os dois, mas não que faça com que os alunos sejam tratados como fantoches. O professor deve sempre e sempre e quantas vezes forem necessárias, despertar o senso crítico dos seus alunos, fazer com que eles assimilem o conhecimento da escola com seu cotidiano e assim, firmar a importância de estar em uma sala de aula e resultando finalmente, quem sabe, num prazer maior de estarem na escola.
Outra questão que me parece relevante de inserir neste relatório é sobre como é distinto o comportamento dos alunos com os demais professores, cada professor apresenta uma metodologia de ensino diferente, porém a maioria deles tem seu método voltado apenas para o local “sala de aula”. Não é costume dos professores da instituição incentivar trabalhos que sejam em outros espaços como quadra, pátio, nem mesmo a biblioteca. Poucos são os que deixam os alunos menos presos em suas carteiras nas salas. Acho o importante o fato de o professor passar a variar mais suas atividades e torna-las menos aulistas. Principalmente para a geografia, é importante que os alunos tenham uma visão detalhada e crítica de algum ponto turístico, comercial, residencial, industrial de sua cidade pelo menos. Não podemos culpar obviamente a falta de recursos extras da escola, como até foi mencionado em uma palestra ministrada por um diretor de um determinado colégio, mostrando o quão difícil é gerenciar financeiramente uma escola com a quantia de fundos que é enviada. Mas a Geografia, particularmente, não necessita de muita movimentação para mostrar algo em particular de uma cidade. As características dos demais objetos locais da escola e da sua volta já são suficientes para mostrar a configuração do próprio ambiente de moradia do aluno, tentando de alguma forma aguçar o senso crítico e fazer com que enxerguem com outros olhos a realidade.
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