Resenha do livro a cidade dispersa

RESENHA

TRINDADE JR, S.C. A cidade dispersa: os novos espaços de assentamentos em Belém e a reestruturação metropolitana. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana, 1998, Universidade de São Paulo.

Arthur Alexandre Pinheiro Lobato¹

1. CREDENCIAIS DO AUTOR ²

É graduado em Geografia - Licenciatura (1986) e Bacharelado (1989), e em Direito (1988) pela Universidade Federal do Pará. Na mesma Universidade cursou Especialização em Instrumentação Específica à Análise Geográfica Aplicada à Amazônia (1988) e concluiu Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento (1993), no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos. Doutorou-se em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (1998) e realizou Pós-Doutorado em Políticas Urbanas (2006-2007) no Institut des Hautes Études de l' Amérique Latine (Université Paris III/Sorbonne Nouvelle, França) e em Geografia Regional (2015-2016) no Laboratório de Estudos Regionais em Geografia (Universidade de São Paulo). Atua principalmente nos seguintes temas: cidades, urbanização e urbanodiversidade na Amazônia; desenvolvimento urbano e regional; planejamento e gestão urbanos; direito urbanístico e ordenamento territorial.

 

1. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA OBRA

A princípio para compreendermos as transformações no espaço urbano, temos que entender quais são os principais agentes que produzem e consomem esse espaço. Sendo assim, destaca-se os papéis dos agentes produtores do urbano que conforme Corrêa (1995) seriam “os proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários (um dos agentes que mais atuantes em Belém), o Estado e o grupos sociais excluídos”. Por isso, temos que entender as suas redes de articulação política como elementos definidores da atual arranjo do espaço, que segundo o autor pressupõe dispersão e concentração.

Para tratarmos de uma noção mais teórica desse processo, devemos entender a contextualização histórica e os processos ocorrentes  o autor afirma que a urbanização na Amazônia ocorre como consequência do processo de industrialização experimentado pelo Brasil, relacionado com o deslocamento da fronteira econômica capitalista que em escala mundial relaciona-se com o papel da região amazônica que segundo Antônio de Paula (2008) “a Amazônia se constitui em uma reserva estratégica da qual o capital intermitentemente lança mão para a produção de superlucros à custa de exploração e de recursos naturais e de seres humanos . Sensibilizados pelo olhar através da lente da fronteira e ainda para a condição de economia subordinada ou dependente podemos entender, que essa região tem um modo particular no processo de urbanização e metropolização.

Além disso, é imprescindível também apreender o processo de desenvolvimento regional que a partir da década de 1960, com a tentativa de integração nacional, efetivado através da abertura de rodovias federais, uma nova dinâmica de urbanização instaura-se em Belém, caracterizada pelo estabelecimento de outro padrão de rede urbana, denominada por Corrêa (1986) rede urbana complexa, nesse momento os fluxos passam a convergir para a cidade não apenas pelas vias fluviais mas principalmente, a partir das rodovias. Esse novo padrão de urbanização (da rede urbana) dá origem, em Belém, a outro processo, o de metropolização.

O autor se propõe ao estudo do fenômeno conhecido como metropolização, tendo como referência a cidade de Belém analisando ao mesmo tempo os processos de concentração e dispersão para mostrar que a forma urbana densa, característica do primeiro momento do processo de metropolização vai sendo trocada por uma forma metropolitana dispersa. A metropolização enquanto fenômeno surge com a modernidade e se caracteriza por estabelecer novas estruturas e também novos usos relacionadas a terra urbana. O período de metropolização, foi iniciado na década de sessenta, a partir da integração econômica ao nordeste e ao centro-sul do país (com construção de rodovias), sendo consolidada nas décadas seguintes, pressupondo a incorporação de cidades e vilas próximas à capital que passam a formar uma malha urbana única, ainda que fragmentada .Tendo em vista a dinâmica observada o autor discute a reestruturação contemporânea do espaço metropolitano de Belém, considerando os assentamentos residenciais populares existentes na área de expansão metropolitana.