Texto de Clarice Cassab

CURSO DE GEOGRAFIA

Aluna: Micaela Rodrigues da Costa

Período: 2º período                   Data:  06/07/2016

Prof. Me. Emerson Costa de Melo

Tipo de trabalho: Resenha: CLAVAL, Paul. Geografia cultural: um balanço.

“Geografia cultural: um balanço”, do geógrafo francês Paul Charles Christophe Claval, contextualiza, diferenciando o desenvolvimento da abordagem cultural na geografia. Inicialmente, tende ao aspecto do século XIX, onde ocorre o aparecimento do folclore, focando sobre a literatura popular oral, os contos e as lendas. Usa-se, para marco do argumento, Eisemreich [1984]. Posteriormente, caminhando para o meio do século, os trabalhos sobre as técnicas dessas populações. Dar-se a importância, também, fora da Europa, onde os interesses etnográficos explicam a ênfase sobre a civilização material.

O autor reafirma, em Tylor, a proposta de definição simples da cultura: “ela era feita de tudo o que não era inato no homem e era transmito e ensinado a ele: linguagens, práticas, técnicas, conhecimentos e crenças”. Há de se mostrar importante a corrente positivista da época em que as indagações advindas da estrutura da geografia esqueciam da subjetividade do homem. O positivismo enraizado nas definições, nos propósitos físicos e sucintos, não visualizava de outro ângulo a não ser o da busca definida, sem modificações das perguntas, não se ampliava o conhecimento naquele tempo. Claval exemplifica, analisando a metade do século XX, a busca pelos meios usados para modificação do ambiente; visualizando o papel de uma população, limitando esse campo a outros grupos, notando as convergências, se tinha um resultado. Por mais que alguns teóricos, tenham ido além, verificando elementos simbólicos da paisagem, nenhum propôs analisar as representações e o trabalho mental dos homens.

A evolução desse quadro, após o 1970, é nítido, comparando a crítica ao estruturalismo e as propostas do estruturacionismo, em Bouidieu [1980], somando o papel do indivíduo com as lições do estruturalismo. Claval expõe a importância de Giddens [1984] ao que se refere a dimensão geográfica; sublinhava o papel do palco local, onde a iniciativa humana tinha importância na construção das realidades sociais. O conceito da cultura, utilizada por etnólogos e antropólogos mudou, aumentando sua dimensão simbólica e diminuindo sua curiosidade pela base material da vida e para as técnicas de produção.

As transições ocorrem, as perguntas, anteriormente ignoradas, ganham peso e aparecem novas ideias sobre o papel das populações. Claval desenvolve uma análise das agendas das populações analisadas, que buscaria compreensão da multiplicidade de suas temporalidades; em termos de atividades e de papeis sociais. Casa-se essa nova abordagem com os domínios da geografia social e política, lembrando que existia uma crítica quanto ao caráter conservador da nova geografia. Harvey usa resultados da economia clássica para descontruir modelos usados por geógrafos dos anos sessenta; alguns geógrafos radicais, segundo o autor, parecem desenvolver interesse pela cultura dos grupos dominados e das minorias.

A construção de novas geografias culturais nos anos oitenta ganha um tom de curiosidade ao espaço humano e sua diversidade cultural e, posterior, a fase de exploração um bocado anárquica, a estruturação do novo domínio  ocorre nos anos oitenta e noventa, tomando duas formas: nos países de língua inglesa a nova geografia parte das conceituações de Raymond Williams ou Stuart Hall; o trabalho de Cosgrove [1984], que coloca a visão da sociedade e da paisagem às classes sociais mais baixas. Peter Jackson já levava em conta o novo papel dos movimentos sociais, falava em gênero, racismo e exclusão social. A cultura aparecia como arma e como ferramenta para organizar a resistência dos grupos dominados.