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Trabalho Milton Santos

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Por:   •  23/10/2014  •  2.035 Palavras (9 Páginas)  •  696 Visualizações

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“Por uma outra Globalização” (Milton Santos)

Globalização é um conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial. Trata-se de um fenômeno que criou pontos em comum na vertente econômica, social, cultural e política, e que consequentemente tornou o mundo interligado, uma Aldeia Global. O processo de globalização é a forma como os mercados de diferentes países interagem e aproximam pessoas e mercadorias. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista onde foi possível realizar transações financeiras e expandir os negócios para mercados distantes e emergentes.

O impacto exercido pela globalização no mercado de trabalho, no comércio internacional, na liberdade de movimentação e na qualidade de vida da população varia a de acordo com o nível de desenvolvimento das nações. A globalização foi importante no combate à inflação e ajudou a economia ao facilitar a entrada de produtos importados. O consumidor teve acesso a produtos importados de melhor qualidade e mais baratos, assim como produtos nacionais mais acessíveis e de melhor qualidade. Outra vantagem é que a globalização atrai investimentos de outros países, traz desenvolvimento tecnológico, melhora o relacionamento com outros países, potencia as trocas comerciais internacionais, e abre as portas para diferentes culturas.

Por outro lado, uma das maiores desvantagens da globalização é a concentração da riqueza. A maior parte do dinheiro fica nos países mais desenvolvidos e apenas 25% dos investimentos internacionais vão para as nações em desenvolvimento, o que faz disparar número de pessoas que vivem em extrema pobreza. com menos de 1 dólar por dia. Alguns economistas afirmam que nas últimas décadas, a globalização e a revolução tecnológica e científica (que são responsáveis pela automação da produção) são as principais causas do aumento do desemprego. A globalização também pode desvalorizar a cultura nacional de um determinado país, quando países mais ricos se instalam em países mais pobres, explorando a matéria prima e se aproveitando da mão de obra barata.

Milton Santos, famoso geógrafo e intelectual brasileiro, no documentário “Por uma outra Globalização” abordou a globalização em seus vários aspectos. Ele mencionou os aspectos econômicos, e analisou o papel desempenhado pelas empresas na internacionalização do capital, e também os fluxos financeiros e o impacto que estes causam na cultura local. Milton Santos teorizou e criticou algumas destas características do mundo de hoje, e no final de sua vida, sugeriu uma globalização solidária, que fosse centrada em valores que não fossem ligados à hegemonia.

A partir do ponto de vista do geógrafo e intelectual brasileiro Milton Santos, o cineasta Silvio Tendle faz uma reflexão sobre o fenômeno da Globalização e seus múltiplos efeitos no mundo contemporâneo. Milton Santos distingue dois processos de globalização: o primeiro está atrelado ao colonialismo, à ocupação territorial e ao genocídio das populações tradicionais das américas; o segundo se deu através da fragmentação territorial, iniciada no final do século XX e perpetuada até os dias atuais. Apesar das diferenças entre os dois processos, percebe-se que ambos destroem valores e tradições que dão identidade a grupos sociais. Por esse motivo, o geógrafo considera o processo perverso e inecrupuloso, denominando-o '' globaritarismo''.

Numa era em que o consumo virou ideal de vida e os Direitos Humanos, apenas lembranças; em que o massacre dos países mais pobres se dá da maneira mais institucionalizada possível e a soberania sublima a cada dia; em que as disparidades parecem não incomodar mais os poderosos, servindo de fonte de aumento de poder; e em que a esperança de mudanças parece frágil demais para ultrapassar a muralha do capitalismo, ainda existe aqueles que lutam por seu direito de não fazer parte de toda essa armação neoliberalista. É essa perspectiva que é apresentada no documentário de Silvio Tendler , com a participação de um dos mais respeitados intelectuais brasileiros, Milton Santos.

De maneira bastante cristalina, o documentário mostra o quanto o discurso da globalização se tornou uma ameaça para a soberania dos países pobres e em desenvolvimento e para os direitos das minorias locais. A abordagem menciona que diversos fatores contribuem para a construção da ideologia globalizadora, tais como o eurocentrismo, as desigualdades entre países do norte e do sul, o Consenso de Washington, a Divisão Internacional do Trabalho, os muros delimitadores de territórios de ricos e pobres e a mídia.

O documentário tenta mostrar que há todo um aparato estruturador da globalização que se inicia com a difusão da idéia de que o centro das decisões e do desenvolvimento são os países do norte, especialmente os europeus. Milton Santos destaca que os processos de globalização são decorrentes dessa visão. A primeira forma foi o Colonialismo, caracterizado pela ocupação de territórios de outros países por parte dos Estados do norte. A segunda forma, que segundo o intelectual corresponde aos dias atuais, se dá pela fragmentação dos territórios ocupados. Nota-se aqui uma profunda violação da soberania destes países conquistados. As disparidades entre o norte e o sul são progressivamente maiores, mas são camufladas. Para entender essa camuflagem é preciso considerar a existência de três mundos: a globalização como falam, o mundo como dizem que ele é; a globalização como perversidade, o mundo como ele realmente é; e uma outra globalização, que remete a uma outra maneira de construir o mundo.

Aspecto fundador e perpetuador da globalização tal como designa o neoliberalismo é o Consenso de Washington. Em 1989, através do Instituto Internacional de Economia, países da América Latina foram orientados para o crescimento. Para Milton Santos, essa proposta constitui um fruto envenenado, em outras palavras, configura um instrumento de dominação dos países em desenvolvimento. As crises nesses países foram decorrentes principalmente do aumento das privatizações, da liberação do comércio e da mínima influência dos Estados. Todos esses são exigências de tal consenso, que aos olhos de muitos não passa de uma imposição.

Quando Milton Santos passa a tratar da relação da globalização com o aspecto territorial, as nuances daquela podem ser bem mais explicitadas. A nova configuração é delineada pela redefinição de fronteiras estatais; pela concentração de renda e exploração da mão-de-obra resultantes de uma Divisão Social do Trabalho desigual; e pela falta de compromisso moral e social das empresas nos países em desenvolvimento. A conseqüência de todo esse quadro é

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