A Arqueologia na Amazônia
Por: Mortimus • 5/11/2019 • Resenha • 736 Palavras (3 Páginas) • 232 Visualizações
ARQUEOLOGIA NA AMAZÔNIA
NEVES, Eduardo Góes. Arqueologia na Amazônia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed.: 2006
Graduado em História pela Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Arqueologia pela Universidade de Indiana e com mais de cem publicações, entre livros, artigos, capítulos de livro e textos de divulgação, Eduardo Góes Neves é um dos principais e mais respeitados pesquisadores sobre o passado amazônico.
Na obra “Arqueologia na Amazônia”, publicada em 2006, o autor discorre sobre os estudos arqueológicos amazônicos e a ocupação humana na região. O livro está organizado em capítulos que abordam temas sobre a região amazônica e os estudos histórico-arqueológicos nela, suas características físicas – rios, solo, clima, biodiversidade e comunidades que nela vivem –, a ocupação humana naquele território e o início da atividade agrícola e da produção cerâmica.
No livro, o autor refuta a ideia corrente da Amazônia como um território historicamente inóspito e afirma que o despovoamento da região tem como causas vicissitudes históricas. Argumenta que sociedades amazônicas até o século XV viviam de maneiras diversas no tempo e no espaço amazônico e que essas sociedades seriam ancestrais das atuais populações indígenas da região. Também destaca a relação entre a história natural e a história cultural desta gigantesca região, mostrando que são indissociáveis.
Ao tratar dos aspectos geográficos da Amazônia, o autor destaca suas características superlativas e continua seu relato observando a falsa aparência de fertilidade na Amazônia, que possui um solo ácido e que não mantêm nutrientes – faz ressalva para as margens dos rios de “águas claras” e faixas de terras férteis.
Sobre a ocupação humana na Amazônia, afirma que a datação de 9000 a.C. é a mais aceita pelos estudiosos, mas que achados arqueológicos recentes recuam essa data para até 12000 a.C., – destacando que essas descobertas são analisadas com cautela, por enquanto. Acredita que esses pioneiros eram grupos de caçadores-coletores e que chegaram antes do advento da agricultura, tendo encontrado uma região bastante semelhante à Amazônia dos dias atuais.
Quanto à transição para a agricultura, o autor discorre sobre a variedade de alimentos domesticados na Amazônia, de seu longo processo e aponta o local como um dos centros de domesticação de alimentos na América.
Sobre a produção cerâmica, o autor comenta que a quase totalidade de objetos cerâmicos foram encontradas em regiões de sambaquis amazônicos e contesta tanto a teoria de que a produção cerâmica teria um único centro produtor inicial nas Américas, quanto a de que seja resultado de necessidades agrícolas.
O livro é muito rico em informações arqueológicas, as quais o autor consegue relatar de uma forma clara e de fácil entendimento, até mesmo para aqueles que não são especializados nesta área acadêmica. Consegue transmitir uma imagem realista e detalhada do território amazônico, associando suas características geográficas e climáticas, com as formas de vida dos muitos povos que iniciaram a sua ocupação e dos que ainda hoje vivem lá. Ao expor os recentes achados arqueológicos na região e utilizá-los para construir uma imagem dos primeiros ocupantes do território, o autor lança luzes sobre um distante período e, mesmo ao tratar de polêmicas e dilemas, como a expansão do cultivo da mandioca pelos arawaks, ou quando contesta que a região andina teria sido o único centro inicial de produção cerâmica das Américas, consegue transmitir tudo isso de um modo muito eficiente e através de uma leitura prazerosa e instigante, que acaba por atrair o leitor através de suas informações apontadas, ou mesmo levá-lo a tentar elaborar respostas para os dilemas apresentados.
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