A Belle Époque
Por: Jardani Medeiros • 28/4/2015 • Resenha • 619 Palavras (3 Páginas) • 558 Visualizações
MÉRIAN, Jean-Yves. A Belle Époque Francesa e seus reflexos no Brasil. In: PINHEIRO, Luis da Cunha e RODRIGUES, Maria Manuel Marques. A Belle Époque Brasileira. Lisboa, 2012, pp. 135-162.
Os relatos sobre a “Idade de Ouro” nos mostram uma idealização de paz em um desenvolvimento acelerado no âmbito da economia, da educação e das artes. Havia também uma valorização de ornamentos, cores e curvas baseadas nas formas elegantes das plantas, dos animais e das mulheres.
Paris era um grande centro cultural e de diversão. Neste período acreditavam que tudo era possível e assim surgem grandes invenções e descobertas que influenciaram a sociedade em dias posteriores, como foi o caso da linha de montagem desenvolvida por Henry Ford que dinamizou o trabalho aumentando a produção e barateando os preços, o famoso 14 Bis, o cinema em movimento, sem contar os avanços na saúde e na medicina. Não podemos deixar de dar créditos aos avanços advindos após a 2ª Revolução Industrial.
A descrição sobre este período se mostra de forma atraente, mas não foi com plenitude que ela se manteve como imagem de uma idade dourada e repleta de glamour, pois houve dentro desse espaço de tempo a problemática do declínio demográfico e assim a emigração foi o único meio para que os camponeses mais carentes procurassem emprego.
Diante desse contexto, os franceses, em meio ao desenvolvimento e crescimento urbano com favorecimento da burguesia, aristocracia e classes médias altas, não imaginavam que a revolução pudesse acontecer. Segundo Mérian, ainda nessa conjuntura confiante é que a França organiza as fabulosas exposições que alargavam o sentimento patriótico dos cidadãos deste país.
Já na segunda metade do século XIX a constituição republicana se consolida e institui uma democracia parlamentar direcionando os poderes unicamente ao Presidente da República.
A bela época não era um progresso democrático, pois somente aqueles que foram mais favorecidos com a evolução é que puderam desfrutar dos privilégios. Diante do descaso com as classes populares, aparecem as lutas e só a partir daí inicia-se um modelo do que chamamos de cidadania. Como bem afirmou o escritor, “Se existiu uma Belle époque para as classes populares, foi essa, a conquista de novos direitos e de uma cidadania mais efetiva”. (p. 141).
A grandiosa exposição de 1889 foi além dos ideais de comemoração do centenário da revolução francesa e de uma nova imagem pelas conquistas científicas e tecnológicas, pois é a partir desta é que se passa a questionar as consequências do desenvolvimento de novas técnicas que são conduzidas a um debate ambiental.
Fica claro o quanto Paris se destaca e se apresenta para todo o mundo, mas para fora destes aspectos se torna referência também no Brasil. No entanto, de acordo com o Jean Yves Mérian “Se houve uma Belle Époque no Brasil foi para poucos, que tinham os meios financeiros para viajar e desfrutar do melhor que Paris oferecia”, já que o envolvimento brasileiro neste cenário, para Mérian, foi rasteiro, o maxixe é uma delas que teve maior destaque e que consegue se consagrar no espaço direcionado a dança.
A partir da contextualização deste texto podemos afirmar que o autor explicita a Belle Époque brasileira, como algo limitado e de alcance apenas nas regiões mais prósperas e que estavam com olhar voltado para o pensamento francês.
Enfim, é aceitável que as influências francesas estiveram presentes no período de 1889 até 1922, em que as interferências francesas de uma idealização posterior, “Belle Époque”, que nos atinge com a Proclamação da República e vai até o início da Semana de Arte Moderna. Mesmo com a ruptura de um passado tradicionalista ainda temos varias influências do período colonial preservadas e é valido ressalvar que esse como tantos outros movimentos não aconteceram somente com planos construtivos, mas também pautados de abstrações políticas.
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