Belle Époque Tropical

Rio de Janeiro: capital do século XIX brasileiro

Belle Époque Tropical foi publicado em sua versão original norte-americana em Cambridge em 1987. O autor (Jeffrey Needell) analisa o papel da cultura de origem europeia na estrutura social e econômica do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. O foco da análise incide sobre a elite carioca, o grupo mais afetado por tal cultura, no período em que esta teve seu maior florescimento, ou seja, entre 1898 e 1914, na belle époque. A tese central do Needell é a de que a cultura e a sociedade de elite serviram para manter e promover os interesses e a visão da própria elite, e que paradigmas culturais derivados da aristocracia europeia foram adaptados ao meio carioca com esta finalidade.

A belle époque carioca inicia-se com a subida de Campos Sales ao poder em 1898 e a recuperação da tranquilidade, já que o período inicial da república velha é marcado por convulsões sociais. O Rio de Janeiro era o ponto de convergência de todas as tendências políticas da época. Foi lá que o Partido Conservador se formou, a cidade sediou movimentos e manifestações que levaram à libertação dos escravos e ao fim da Monarquia. A elite carioca conseguia conciliar as mudanças generalizadas com a preservação de uma hierarquia social, ou seja, toda e qualquer mudança era contida pela hierarquia. E, quando as mudanças ameaçavam escapar a seu controle e subverter a ordem social, a elite carioca, retirava-se para os bastidores. Nota-se que, sob a República, até mesmo aqueles membros da elite mais representativos de mudanças na economia e na função política do Rio recriaram um meio aristocrático. Ocorriam mudanças, mas não a ponto de alterar radicalmente dois fenômenos associados: o controle exercido pela elite e sua expressão sociocultural.

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