IMAGENS DE FORMALIDADE BELLE EPOQUE PAULISTANA
Seminário: IMAGENS DE FORMALIDADE BELLE EPOQUE PAULISTANA. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Jamile081 • 3/12/2013 • Seminário • 849 Palavras (4 Páginas) • 357 Visualizações
IMAGENS DA PROSTITUICÃO NA
BELLE EPOQUE PAULISTANA1
Luzia Margareth Rago
Abstract
New content and cultural significance were attached
to the practices of prostitution in Brazil, during the
transition of the tradicional slave society to one of
free-labor. The construction of prostitution as a “social
evil” by medical and criminological discourses
aimed at defining moral codes of social and sexual
behavior that guided girls’ inscription in the public
sphere. In a moment of massive industrialization, we
register a growing participation of girls working in
factories and other urban activities. On the other
hand, like the immigrant worker, the prostitute was
invested with images of positivity: both represented
the civilizing ideal of the country’s entry into modernity.
If prostitution could mean the threat of rich
and poor girls’ corruption, it also signified the new
conquests and the introduction of new habits and customs
from modern societies to a Brazil recently emerged
from slavery. The construction of girls’ identity
mobilized new representations of female body - from
the ideal of pureness to the prostitute’s perverse sexuality.
In the same way, it was associated with the
political metaphor of the youth of the nation where
everyting was to be constructed.
1 Este artigo foi apresentado na 1a Conferência Internacional sobre
Moças, Alice in Wonderland: Transitions and Dilemas, realizado em
Amsterdã, entre 16 e 19 de junho de 1992.
Imagens da prostituição na 32 Belle Epoque...
A violência sexual contra as adolescentes no Brasil, em especial
meninas na faixa de 13 a 15 anos, tornou-se muito recentemente
objeto de denúncia da imprensa e vem causando
enorme impacto sobre a população. O jornalista Gilberto Dimenstein
publicou uma série de artigos no jornal Folha de S.
Paulo, em que descortina de modo dramático as práticas de
comercialização sexual do corpo das jovens, muitas vezes
prostituídas ou abandonadas pelas próprias famílias, denunciando
para todo o país a degradante condição de escravidão de
meninas, em bordéis espalhados pelo interior do Norte e do
Nordeste. Suas investigações revelam ainda a existência de
redes que comandam o tráfico de adolescentes, enviadas muitas
vezes, à sua revelia para o submundo da prostituição.
O impacto que estas denúncias provocaram sobre a população
atesta de um lado, uma profunda ignorância sobre a
condição social das adolescentes de classe social inferior no
país, ao mesmo tempo que uma total ausência de políticas
públicas que possam socorrer e amparar crianças e jovens. Além
do mais, as informações então veiculadas pela imprensa em tom
alarmista revelam, para o historiador a permanência das
estruturas sociais, econômicas e políticas e a reincidência dos
problemas sociais decorrentes.
No mesmo tom dramático e alarmista, jornalistas, médicos e
criminologistas denunciaram as práticas da prostituição nas
cidades em processo de modernização e de crescimento industrial
no Brasil, desde o último quarto do século passado,
tentando explicar a emergência das formas modernas da prostituição
e de seu rápido incremento. As reportagens do jornalista
Ferreira da Rosa, publicadas em 1896 no jornal carioca
Luzia Margareth Rago 33
O Paiz, identificavam inúmeras gangs de gigolôs que atuavam
entre o submundo das cidades do Rio de Janeiro e São
Paulo.2 Do mesmo modo, foram organizadas inúmeras outras
campanhas de saneamento moral, conforme expressão da
época, tendo em vista mobilizar a opinião pública contra a
“recrutação de mulheres para o exército do Vício...”
Contudo, é possível afirmar que a preocupação originária
com a prostituição e o tráfico das “escravas brancas”, desde o
final do século 19, tinha alvos mais precisos do que a atual, e
adquiria um significado determinado no contexto da crescente
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