A INDEPENDENCIA DO SOLO QUE HABITAMOS
Por: Luan Klisman • 10/2/2019 • Trabalho acadêmico • 3.655 Palavras (15 Páginas) • 476 Visualizações
[pic 1]
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTORIA
TEMAS DE HISTORIA DE SERGIPE II
A INDEPENDENCIA DO SOLO QUE HABITAMOS
DISCIPLINA: Temas da História de Sergipe II
EDUCADOR: Dr. Antônio Lindvaldo Souza
LUAN KLISMAN ANDRADE MENDES
Em a independência do solo que habitamos, Edna Maria Matos Antônio traz uma análise historiográfica em torno da Independência de Sergipe como capital do Império, demonstrando de forma completa os embates políticos da época e os conflitos de interesses entre os grupos vigentes.
O livro é divido em 5 capítulos, cada um possuindo vários subtopicos que nos ajudam a entender as questões que estão sendo abordadas. Edna inicia com uma introdução pequena, apenas para nos situar no contexto da obra. Seu primeiro capitulo Tão Perto e Tão Longe: a Corte Portuguesa na América traz um apanhado geral da crise colonial além das causas dos movimentos separatistas que começam a ocorrer nas colônias, colocando pontos e contrapontos, demonstrando as formas antes usadas para explicar as razões dessa crise.
Seguindo Edna ressalta o quanto a economia de Sergipe cresceu com as políticas pombalinas para o Norte da colônia em que a produção do açúcar principalmente em Sergipe aumentou de grande forma sendo facilmente percebida pela alta das exportações do produto. Do mesmo modo o algodão também passou por alta valorização por sua demanda na exportação, tendo assim açúcar e algodão como os itens que se beneficiaram pela conjuntura.
O fumo e o arroz também se constituíram como produtos fundamentais da exportação. Vale ressaltar o aumento na produção da aguardente que representava item fundamental como moeda de troca por escravos na África.
Um fato interessante levantado pela obra é a importância em que tinha a farinha na alimentação das pessoas, onde uma simples paralização na produção era capaz de causar uma crise alimentícia na capitania, onde Edna cita:
A farinha era item fundamental nas refeições: um alimento pobre em vitaminas e proteínas, mas importante fonte de calorias em razão da presença do amido. Se algum problema impedisse sua produção e elevasse seus preços, isso era suficiente para ocasionar sérias crises alimentares, interferindo de forma profunda nas condições de sobrevivência das pessoas, agravada ainda pela dificuldade de aquisição do produto pelos mais pobres. Podia-se diminuir o consumo de carne e de feijões, mas era impensável ficar sem a farinha. Da oferta em quantidade razoável e do preço acessível desse principal item da alimentação colonial dependia a quietude dos povos.2
As terras da capitania de Sergipe não eram terras mortas como Edna nos mostra, seu território utilizado para cultivo e plantio de vários produtos importantes para exportação e para economia da colônia e de Portugal evidencia a importância que possuía esse território. É justamente nesse contexto em que se insere as disputas por terras da capitania, que despertaram o interesse e a cobiça entre agentes econômicos coloniais. No qual é mostrado de forma documental o enfrentamento de grupos e pessoas pelas posses das terras jesuítas.
Onde indivíduos de cargos públicos passaram a influenciar nos processos licitatórios dessas propriedades.
Nessa competição, indivíduos que ocupavam cargos públicos de natureza decisória, como a Justiça colonial, passaram a influenciar diretamente no processo de licitação das propriedades, buscando favorecer, ou mesmo decidir, por meio de acordos com proprietários, o beneficiado pela posse dessas áreas. Esse favorecimento, obviamente, podia representar uma importante vantagem nas disputas pelas terras.
No tópico “Sergipe: de capitania à comarca da Bahia”, aqui Edna aborda os aspectos do território de Sergipe, desde sua condição como capitania a comarca a capitania novamente.
Após 1590, com a conquista militar aos nativos empreendida por Cristóvão de Barros, a região se constituiu capitania própria. Iniciando a distribuição de sesmarias entre os homens que o acompanharam na expedição, o conquistador organizou-a em suas funções administrativas e deu-lhe um nome, Sergipe Del Rey, por ser, como vimos, uma capitania devoluta à posse real.
Como dito no texto, o estatuto de capitania foi mantido até 1773 quando Sergipe foi transformada em comarca da Bahia, onde vale aqui desmitificar a ideia de que Sergipe sempre fora comarca da Bahia. Sendo o período em que o governo português passava por uma reorganização administrativa colonial. Não fica claro os motivos da mudança, mas Edna nos apresenta sua hipótese coerente.
A regressão administrativa de Sergipe à condição de comarca não foi explicada por meios oficiais conhecidos, mas, acredita-se, foi determinada como forma de compensar economicamente aquela capitania, em virtude da perda do status financeiro e político de antiga capital da Colônia.
A cultura do dar e receber também predominava mesmo isso passando pelo que se constituía como uma política de dominação como bem nos mostra o presente texto.
Deve-se ter em mente a complexidade dessa relação, expressa no fato de que aceitar algo implicava que aquele que dava exercia direitos sobre aquele que recebia. Assim, dons e suas respectivas contrapartidas criavam um estado de endividamento e de dependência mútuos, acarretando consequências sociais a ambas as partes.5
A valorização dos gêneros exportáveis como antes explicado gerava um descaso com as áreas produtoras do mercado interno, pois os gêneros exportáveis favoreciam diretamente a economia de Portugal no qual a maior parte dos produtos eram enviados para lá e assim vendidos.
Esse quadro levava à formação de regiões periféricas, dependentes das capitanias centrais e dominadas politicamente pelos agentes dessas áreas privilegiadas, melhor situadas na relação de poder e com capital político de prestígio com as elites e os agentes burocráticos metropolitanos.... Nesse movimento, aplicava-se em escala regional o que a metrópole praticava com os produtores de sua colônia em nível imperial.
Em O império luso-brasileiro: planos e desafios para a América, a autora nos mostra as tentativas de Portugal em prevenir futuras revoltas na colônia, tudo isso graças a Revolução Francesa e as independências das colônias inglesas que sinalizavam os riscos na manutenção das estruturas de dominação e exploração colonial... A situação exigia, não sem discordâncias internas, aceitar mudanças na relação metrópole-colônia, com o fim de prevenir ou aliviar o desagrado com a dominação metropolitana.
...