A Intolerância Religiosa no Rio de Janeiro
Por: Daiane Viana • 23/9/2019 • Projeto de pesquisa • 914 Palavras (4 Páginas) • 234 Visualizações
INTRODUÇÃO
Dados compilados pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR) mostram que mais de 70% de 1.014 casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Rio entre 2012 e 2015 são contra praticantes de religiões de matrizes africanas. Assim, o presente projeto tem como objetivo analisar os motivos pelos quais as religiões afro-brasileiras são os principais alvos de intolerância religiosa, em especial no Rio de Janeiro. Identificar como o racismo, tão estruturado em nosso país, e a ação dos grupos neopentecostais, que demonizam as tais religiões, têm contribuído para o cenário de intolerância e perseguição às religiões de matrizes africanas.
JUSTIFICATIVA
Ao observar o aumento nos números de casos de intolerância religiosa no Estado do Rio de Janeiro, em sua maioria contra religiões de matriz africana, notou-se a viabilidade de elaborar um projeto de pesquisa que analisa historicamente as razões da hostilidade direcionada a essas religiões.
Além destas problemáticas que geraram a oportunidade do projeto, existe a motivação pessoal da autora, praticante desde a infância da Umbanda e admiradora incontestável da história e da resistência das religiões afro-brasileiras.
Cabe ressaltar que as religiões de matrizes africanas e seus adeptos foram - e são - historicamente perseguidos no Brasil, seja pela sociedade ou pelo próprio Estado. O projeto tem por foco, portanto, abordar como a ação dos neopentecostais que "demonizam" as religiões afros brasileiras e o racismo que remontam à escravidão e que desde o Brasil colônia rotulam tais religiões pelo simples fato de serem de origem africana, contribuíram para a formação da imagem negativa acerca das religiões de matrizes africanas.
OBJETIVO GERAL
- Analisar a perseguição às religiões afro-brasileiras no Rio de Janeiro.
OBJETIVO ESPECÍFICO
- Analisar as origens da violência contra a religiosidade afro-brasileira.
- Compreender os motivos pelos quais as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância religiosa.
- Identificar como os grupos neopentecostais contribuem para o cenário de intolerância religiosa contra religiões afro-brasileiras.
REFERENCIAL TEÓRICO
As religiões afro-brasileiras têm sua origem no processo de escravização dos negros africanos que vieram compulsoriamente para o Brasil. O encontro de diversas etnias africanas, no território brasileiro, possibilitou a reestruturação de inúmeras práticas religiosa. Segundo Oliveira (2015, p. 109), “(...) a diáspora africana reorganizou e remanejou elementos e traços culturais de diferentes povos e etnias, produzindo assim, novos sistemas culturais.”
Oliveira (2015) destaca que o universo religioso afro-brasileiro tem suas raízes nos calundus, ainda no Brasil Colonial, perpassa pelo congado e chegam às atuais práticas religiosas de matriz africana, a exemplo do Candomblé e Umbanda.
A religiosidade negra enfrenta, desde o inicio de sua formação, um processo de repressão e perseguição que perdura até os dias atuais. O antropólogo Vagner Gonçalves da Silva sintetiza o quadro histórico que mostra a mudança na forma de discriminação e dos agentes protagonistas dessa perseguição.
[As religiões de matriz africana] foram perseguidas pela Igreja Católica ao longo de quatro séculos, pelo Estado republicano, sobretudo na primeira metade do século XX, quando este se valeu de órgãos de repressão policial e de serviços de controle social e higiene metal, e, finalmente pelas elites sociais num misto de desprezo e fascínio pelo exotismo que sempre esteve associado às manifestações culturais dos africanos e seus descendestes no Brasil. Entretanto, desde pelo menos a década de 1960, quando essas religiões conquistaram relativa legitimidade nos centros urbanos, resultado dos movimentos de renovação cultural e de conscientização política, da aliança com membros da classe media, acadêmicos e artistas, entre outros fatores, não se tinha notícia da formação de agentes antagônicos tão empenhados na tentativa de sua desqualificação [ como vêm sendo algumas denominações neopentecostais sobretudo a IURD ( Igreja Universal do Reino de Deus) (SILVA, 2007a, p. 23-27).
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