A Operação Condor: A Caça pelos exilados
Por: gaabeluiz • 22/6/2017 • Resenha • 681 Palavras (3 Páginas) • 167 Visualizações
Universidade de São Paulo
Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH
Curso de Gestão de Políticas Públicas
Disciplina: ACH0051 - Estudos Diversificados I
Docente: Luis Eduardo Franção Jardim
Nome: Gabriel Luiz da Silva Souza Nº USP: 10283197
Operação Condor: a caça pelos exilados
Exibida em outubro de 2012 pela Tv Brasil, a série Operação Condor aborda ao longo de suas quatro reportagens a atuação conjunta e o papel central do Brasil não só na criação da operação, como na participação ativa durante a operação que articulou a repressão de opositores nas ditaduras do cone sul.
A primeira reportagem da série serie se inicia com imagens do documentário O dia que durou 21 anos, de Camilo Tavares, e um breve panorama da instauração do regime militar, das repressões e do que foi a Operação Condor. Fundada em 1975, a operação teve como objetivo intensificar a repressão não só à militantes brasileiros, mas sim a militância dos países do cone sul: Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia.
Apesar da fundação oficial ter ocorrido em 1975 e da ausência da assinatura do Brasil na ata de criação, ele teve papel preponderante na operação, com a criação de banco de dados daqueles que deveriam ser reprimidos, tanto que foi instaurada uma estrutura própria para a operação no ministério das relações exteriores. Não obstante, a operação era dotada de grande cooperação no monitoramento e captura de militantes de outros países no Brasil, e visse e versa. Para o pesquisador do tema Jair Krischke, a operação Condor não teve o Brasil apenas como cooperador, mas sim como fundador da operação em 1970 antes mesmo de sua sistematização legal.
Dentre as inúmeras vítimas da repressão durante a operação Condor, a série destaca dois casos muito representativos desse período: o sequestro dos militantes Lílian Celiberti e Universindo Dias que trouxe à tona a operação Condor. O sequestro dos militantes uruguaios fracassou após Lílian denunciar o sequestro a um amigo que acionou a imprensa. Assim como o caso dos uruguaios, o caso do militante João Batista Rita desaparecido foi marcantes, mas, infelizmente, com um desfecho doloroso. Rita havia sido preso pela polícia, fugido para o chile e, posteriormente, para Argentina onde desapareceu.
Outro tema discutido é a morte do ex-presidente João Goulart. Jango morreu em 1976 na Argentina e sua morte ainda hoje é um mistério. A série reabre a polemica com uma nova versão da morte de Goulart e traz o depoimento de um ex-agente de um órgão de repressão do Uruguai que afirma participar do que seria uma operação para matar o ex-presidente brasileiro. Acredita-se que havia a possibilidade de Jango voltar ao Brasil, e esse medo de um possível retorno de Jango culminou na operação que levaria sua morte.
O documentário se encerra trazendo mais um caso de desaparecimento fora do Brasil, o militante Luiz Renato que participava do grupo do guerrilheiro Che Guevara e que desapareceu na Bolívia, e traz uma reflexão acerca da punição dos crimes cometidos pelos militares, e como coloca a Deputada Federal Luiza Erundina, a lei da anistia é o principal impasse para a efetivação dessa punição, na qual os militantes pagaram com torturas, prisões e exílios, e o outro lado continua impune.
A ditadura civil-militar no Brasil é muito mais ampla do que se imagina, e quanto mais se estuda esse triste momento de nossa história mais se nota a participação de diversos países do mundo ao longo dos 21 anos de regime. Desde a participação dos Estados Unidos na efetivação do golpe, a influência da França na tortura, até a articulação dos países do cone sul na captura de militantes exilados. A série é um exemplo do que se espera após a conquista da Lei de acesso à informação, da comissão da verdade, bem como do dever da tv pública junto à população brasileira: a verdade.
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