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A RAÇA E HISTÓRIA

Por:   •  19/2/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.459 Palavras (10 Páginas)  •  241 Visualizações

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LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Raça e Ciência I. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1970 (editado).

1.Raça e Cultura

O autor inicia o seu texto destacando o fato de que no atual estágio da ciência não existem subsídios para afirmar a superioridade de uma raça em relação a outra.

Para Lévi-Strauss as especificidades culturais presentes nos cinco continentes, que foram povoados por habitantes originários de árvores raciais diversas, derivam-se, sem sombra de dúvida, com os apectos geográficos, históricos e sociológicos e não com as aptidões diferentes ligadas à constituição biológica das raças.

Para ele a humanidade se desenvolve, não de uma maneira uniforme, mas de uma forma bastante diversificada de sociedades e de civilizações e, esta diversidade, intelectual, estética e sociológica está ligada principalmente à multiplicidade de culturas humanas, que está em constante evolução.

Por fim, o autor coloca em questionamento o fato de que se não existem aptidões raciais inatas, como explicar o grande desenvolvimento da civilização do homem branco em relação a de outros povos. Para tanto afirma Straus.

Não poderemos, pois, pretender ter resolvido negativamente o problema da desigualdade das raças humanas, se não nos debruçarmos também sobre o da desigualdade – ou diversidade – das culturas humanas que, de fato, senão de direito, está com ele estreitamente relacionado, no espírito do público. (pág.2)

2. Diversidade das culturas

        Strauss enfatiza que as culturas humanas se distinguem de maneiras diferentes no tempo e no espaço, e devemos levar em consideração as sociedades passadas, que não conhecemos a sua evolução por convivência direta, prejudicando, assim, a observação de todas as suas nuances.

 Contribui para esse vácuo de conhecimento, a existência de povos no passado e, também, no presente, que não adotaram a escrita, dificultando o conhecimento de toda a sua diversidade.

Após essas primeiras análises o autor pergunta no que consistem diferentes culturas.  Esse questionamento nos leva à constatação que sociedades derivadas de uma mesma raiz são mais homogêneas do que sociedades que apresentam origens totalmente diversas, embora se constituam em sociedades diferentes. Constata-se que em determinados casos vemos um processo de aproximação entre duas culturas, apesar de origens completamente diferentes.

No pano de fundo dessas análises, observa-se uma tensão dentro das sociedades humanas entre forças que trabalham no sentido de se manter as tradições culturais, e aquelas que atuam na convergência entre as diferentes culturas. Por fim, o autor conclui que a diversidade cultural não se estabelece de maneira estática e, sim, pelo produto do contato entre as diversas culturas.

3. O Etnocentrismo.

Lévi-Strauss afirma que na postura etnocêntrica existe uma posição de rejeição e superioridade diante de formas culturais diferentes e, que essa postura é comum na maioria das culturas. Para isso fornece exemplos na história desse posicionamento, desde os povos considerados como “bárbaros” pelas culturas greco-romanas, até os dias atuais na visão superior dos povos ocidentais frente aos orientais e africanos.  

No escopo da “supremacia da cultura ocidental” e, tomando como base princípios filosóficos, cria-se um sistema “evolutivo” que procura unificar toda a diversidade cultural do planeta, como se fossem processos do desenvolvimento da humanidade e que seu objetivo seria atingir o nível do progresso da cultura ocidental.  Esse conceito de evolucionismo social é fortemente criticado por Strauss.

O autor faz uma comparação entre o evolucionismo social e o biológico, que este é dotado de altos coeficientes de probalidade, verificado pelas ciências naturais, enquanto o social se constitui num processo atrante e perigoso, de apresentação de fatos sem embasamento científico.  E afirma :

Anterior ao evolucionismo biológico, teoria científica, o evolucionismo social não é, a maior parte das vezes, senão a maquilagem falsamente científica de um velho problema filosófico para o qual não existe qualquer certeza de que a observação e a indução possam um dia fornecer a chave. (pág.6)

4. Culturas arcaicas e culturas primitivas.

        De início o autor sugere a divisão das culturas em três categorias: as que são suas contemporâneas mas distantes do seu lugar, as que se manisfestaram próximas ao seu lugar mas que a antecederam no tempo e, por fim, as que existiram num tempo anterior ao seu e num lugar distante daquele em que esta se situa.

        Strauss faz uma crítica contundente à tese do evolucionismo, nos afirma que das civilizações desaparecidas conhecemos muito pouco, e que vestígios de sua evolução se diluem à medida que o tempo passa, pois os aspectos conhecidos são os únicos que sobreviveram a ação do tempo. Para isso nos relata diversos exemplos mal sucedidos de tentativas de comparações entre culturas separadas pelo tempo.

        Reforçando sua tese, o autor afirma  que apesar de desconhecermos a história de culturas antigas, não significa dizer que elas não existiram, pois durante muito tempo nela existiram homens e mulheres que se relacionaram, amaram, odiaram, lutaram, enfim viveram o seu tempo e nos diz “Na verdade, não existiram povos crianças, todos são adultos, mesmo aqueles que não tiveram diário de infância e de adolescência”(pág8).

        Por fim, Strauss nos apresenta duas espécies de história para explificar a diversidade cultural: uma progressiva, aquisitiva e onde as descobertas e invenções são acumuladas para o desenvolvimento de grandes civilizações, e uma outra história, também rica em conhecimentos, mas que não tem o poder da síntese.

5. A ideia de progresso.

        O autor questiona a ideia de progresso usualmente colocada numa forma linear e ininterrupta, para tanta faz uma analogia ao movimento do cavalo no jogo de xadrez, movimento este que não tem um sentido único, mas que pode alcançar diversos pontos diferentes no tabuleiro, para tanto nos diz “... “o progresso”....não é nem necessário nem contínuo;  procede por saltos, ou, tal como diriam os biológos, por mutações.” (pág.9).

        Mostra, também, que a história cumulativa não é privilégio de uma civilização ou de um período da história, e nos dá o exemplo da América e sua contribuição para as civilizações do novo mundo.

6. História estacionária e história cumulativa.

        Para o autor a diferença entre a história estacionária e a cumulativa depende mais da maneira como uma cultura se coloca diante de outra, assim, uma determinada civilização tende a achar uma outra cultura cumulativa na medida em que ela se desenvolve num sentido próximo ao seu, de maneira inversa se uma determinada civilização possui uma linha de desenvolvimento que nada significa para eles, é rotulada como uma cultura estacionária.  Esta linha de pensamento, para Strauss, está diretamente relacionada com a posição etnocêntrica em que a cultura ocidental se coloca para avaliar uma cultura diferente.

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