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Análise Sobre objetividade do conhecimento histórico

Por:   •  24/6/2018  •  Resenha  •  1.033 Palavras (5 Páginas)  •  228 Visualizações

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1) Analise a questão da objetividade do conhecimento histórico.

A historiografia conheceu uma longa história de crises entre a exigência que se faz ao historiador de mencionar objetivamente a historia e o gradual reconhecimento das várias subjetividades que envolvem o próprio trabalho historiográfico. Desde inícios do século XIX, com as discussões naturalistas e o papel das ciências humanas, vemos o debate entre duas correntes: o Positivismo e o Historicismo.

Os debates entre essas duas linhas de raciocínio acerca da pretensa neutralidade do historiador e da possibilidade de aproximar a história das ciências naturais, pensamento de origem positivista, parecem ter trazido uma maior aceitação pelas proposições historicistas, mais tendentes ao relativismo. Da mesma forma o Materialismo Histórico, ao ressaltar que a História faz-se de um lugar e está pautada por marcas ideológicas, também contribuiu para o mesmo debate, ainda no século XIX. É possível ainda, em favor do reconhecimento das subjetividades que interferem no trabalho dos historiadores, lembrar a solitária reflexão filosófica de Nietzsche em seu célebre texto intitulado “Vantagens e Desvantagens da História para a Vida” (1873-1874).

Para investigar a História ou o passado humano, se teve e ainda se tem de esbarrar no problema do grau de objetividade que essa ciência implica. Como saber se o que o historiador escreve sobre o passado é verdadeiro e imparcial se não há como voltar ao passado e apreendê-lo em sua totalidade? Esse problema remete a outro: a imparcialidade do historiador.

Alguns teóricos da História defendem que o historiador sempre necessita de uma perspectiva, isto é, de um ponto de vista parcial, porém controlado pelos vestígios e documentos históricos, para empreender sua investigação. Esse ponto de vista seria inevitável porque dependeria de critérios de sentido histórico atrelados às carências de orientação que a vida prática suscita. Como István Mészáros elabora de forma brilhante ao analisar a obra de Sartre:

A objetividade da historia não é a objetividade de um prego, muito menos de uma pedra, pois “o homem não é um prego pensante”, como Sartre muitas vezes nos lembra. A objetividade histórica é dinâmica e mutável, como é a vida, não em si e por si – pois isso ainda se poderia reduzir a um conjunto de leis naturais mais ou menos simplificadas-, mas à medida que evolui, sobre uma base natural radicalmente modificada pelo trabalho e pela autorreflexão, dentro da esfera social. (MÉSZÁROS. P. 74)

Além do mais, o objeto da História é exatamente a ação do homem no tempo carregada de motivações, intenções, erros e paixões. Para a História, o melhor método seria não aquele espelhado no método das Ciências da Natureza que tem uma necessidade intrínseca de precisão e objetividade, mas um método que abarcasse as contradições do ser humano, um método interpretativo e não puramente explicativo que implicasse uma objetividade limitada e pautada pelo controle referencial e pela potência criativa da narrativa histórica.

É então que podemos enxergar as palavras de Marc Bloch quanto à avaliação das “probabilidades históricas” no excerto apresentado. O evento passado é fato imutável e, por tanto, pede certa objetividade na interpretação. A indagação das possibilidades se encontra apenas em nós, assim abrindo possibilidades na narrativa considerando o conjunto de experiências do narrador, inserido em seu contexto cultural. Mas ao analisarmos dessa forma e passando para um campo mais cientifico historiográfico, nos deparamos com outro problema. Se o objeto histórico é dado como certo até onde é necessária a narrativa do historiador? Seria ela objetiva?

Para respondermos a essa pergunta devemos voltar para os debates do naturalismo e o caráter das ciências exatas. Essas ciências buscam como o nome indica, objetos exatos em suas analises, sendo associadas à precisão e quantificação. A História por outro lado não bebe da mesma fonte, ela partilha de um lado mais subjetiva na sua analise. Sem entrar muito no campo da subjetividade, o que tirar dessa visão é o desenvolvimento de uma consciência sobre a relatividade de todo ponto de vista no decorrer da própria história da historiografia.

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