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Apologia da História Síntese

Por:   •  14/5/2022  •  Dissertação  •  1.055 Palavras (5 Páginas)  •  96 Visualizações

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Ao continuar sua exposição sobre a importância do método crítico para o historiador, Bloch, depois de esboçar a respeito do método crítico, bem como o trabalho de encontrar possíveis erros e falsos testemunhos, termina o capítulo propondo uma tentativa de apresentar uma lógica do método crítico em face de uma ciência cujo seu objeto de estudo diferencia-se das chamadas ciências naturais, tendo em vista que se depara com aspectos subjetivos, passiveis, portanto, a variações em suas formas de produção. Dessa forma, assevera, ainda mais, a importância de uma visão crítica aos testemunhos.

Diferente do que é feito nas chamadas ciências naturais, onde sua verificação pode ser dada através da utilização de cálculos físicos, matemáticos, cujos resultados podem ser alcançados de forma objetiva; nas ciências humanas, mais precisamente a História, essa proposição não acontece, haja vista que lida com aspectos que não podem ser verificados em laboratório. Entretanto, isso não significa que o ofício de um historiador ampara-se somente em especulações vazias de lógica ou método, pelo contrário, mesmo sendo uma ciência humana, Bloch, em sua apologia ao ofício do historiador, defende que há sim métodos que colaboram para uma compreensão mais verídica dos fatos. Ao lidar com a crítica do testemunho, Bloch defende que, mediante a um testemunho de um determinado fato histórico, é possível verificar se tal documento, escrito ou não, é verídico ou não. Para tanto, a comparação com outros relatos testemunhais, que se propõe apresentar um mesmo fato, é de suma importância no processo em que se procura decodificar tal documento na busca de compreender a sua veracidade pelas semelhanças dos mesmos. Entretanto, nesse processo é possível encontrar, diante destes testemunhos, relatos contraditórios de um mesmo fato. Nesse sentido, Bloch, em relação a contradições de testemunhos, diz: “Era preciso que um dos dois sucumbisse. Assim o exigia o mais universal dos postulados lógicos; o princípio da contradição proíbe impiedosamente que um acontecimento possa ser e não ser ao mesmo tempo” (2002, p. 110). Para que essa contradição seja, de certa forma, dirimida, é preciso recorrer a fontes complementares.

Além disso, o historiador pode se deparar também com um documento cuja sua contradição está ligada a aspectos de ordem cronológica. Bloch (2002, p. 110) apresenta um exemplo singular de uma contradição de cunho cronológico quando diz que um documento, que se diz do século XIII, escrito sobre papel, mas, entretanto, todos os documentos originais de sua época até agora encontrados são feitos em pergaminhos. Nesse sentido, há uma contradição notória que vai exigir, ao historiador, um conhecimento, também, das características ordinárias como hábitos, costumes, cultura, tecnologia, etc., para cooperar nos seus estudos e possibilitar encontrar possíveis contradições semelhantes a esta. Dessa forma, Bloch diz: “O postulado, em resumo, é aí de ordem sociológica.” (2002, p. 111), ou seja, mais uma vez se percebe que o ofício de um historiador caracteriza-se complexo, pois requer deste um conhecimento que abrange todas as demais ciências, mesmo que de forma generalizada, mas que auxiliará em seu trabalho possibilitando-o perceber pormenores que, não os percebendo, poderá correr o risco de não reconhecer que está diante de um documento falso. Ainda neste ínterim, Bloch também pontua sobre a desconfiança que se deve ter quando se depara com documentos distintos, sob um contexto distinto, mas que apresentam características quase que idênticas. Se assim for, pode-se estar diante de um plágio que não corresponde à verdadeira ótica daquele que a produziu. Para resolver esta questão, Bloch apresenta alguns critérios que precisam ser considerados para descobrir qual de fato é o relato verdadeiro. Para tanto, Bloch diz: “(...), por exemplo, as datas relativas, se for possível estabelecê-las. Na falta desse apoio, a análise psicológica, com a ajuda das características internas do objeto ou do texto, reassumirá seus direitos.” (2002, p. 112).

Ademais, Bloch, citando alguns exemplos, apresenta, em seu método crítico, a necessidade, em alguns casos, de utilizar-se da teoria das probabilidades para verificar as possibilidades de determinado fato. Bloch diz: “Aqui, a pesquisa histórica, como tantas outras disciplinas do espírito, cruza seu caminho com a via régia da teoria das probabilidades.” (2002, p. 117). Nesse sentido, o que se propõe é, mediante um determinado testemunho, analisar seus antecedentes para que, dessa forma, possa inferir a probabilidade se de fato tal testemunho é possível de ser verdadeiro. Na tentativa de exemplificar essa proposição, Bloch utiliza-se de um exemplo grosseiro, atribuindo a Pascal, antecessor de Einstein, a invenção da relatividade, dizendo: “(...) a teoria da relatividade tem seu ponto de partida num longo e prévio desenvolvimento de especulações matemáticas; grande que fosse, nenhum homem podia, apenas pela força de seu gênio, substituir gerações nesse trabalho.” (2002, p. 116). Dessa forma, probabilisticamente falando, não seria possível tal acontecimento. Dessa forma, a probabilidade possibilita a eliminação de possíveis falsificações históricas. Entretanto, Bloch não estava querendo dizer que exceções não sejam possíveis, ou que coincidências não possam acontecer e, dessa forma, reitera a complexidade da crítica histórica. Bloch diz: “a maioria dos problemas da crítica histórica consiste de fato em problemas de probabilidade; mas tais que o cálculo mais sutil deve declarar-se incapaz de resolvê-los. Não é apenas que os dados aí sejam de uma extraordinária complexidade. Em si mesmos permanecem, o mais das vezes, rebeldes a qualquer tradução matemática.” (2002, p. 120).

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