Aristofánes e sua ironia á Eurípides - Comédia Grega

Aristofánes e sua ironia à Eurípides

  Na sociedade grega, as mulheres eram largamente inferiorizadas nas tragédias e comédias, sendo referidas como seres dotados de preocupações artificiais e maquineístas.

  Aristofánes, em suas comédias, retrata as mulheres num espaço cênico com referências e discursos próprios, caracterizando um discurso subversivo e até mesmo revolucionário, distinto dos propostos em outras comédias, que era um discurso baseado no silêncio e na obediência.

  Esse discurso de inferioridade da mulher, o que podemos chamar de “discurso machista” nos dias de hoje, faz Aristofánes ironizar Eurípides na peça “As Tesmofórias”, satirizando sua figura e parodiando suas tragédias.

  A peça se baseia nas mulheres residentes de Atenas planejando uma vingança devido à forma que Eurípides as retrata em suas tragédias, de maneira depreciativa, empática, “misógina”. Ao retratar as mulheres dessa forma revolucionária, reconhecendo-as como pessoas dignas de discursos próprios, Aristofánes ironiza claramente as tragédias Eurípidicas, que tratava as mulheres de forma bastante segregada e inferiorizada.

  Essa ironia se traduz claramente na peça, na forma pela qual as mulheres, reunidas do templo de Deméter em virtude do festival (onde os homens são categoricamente proibidos de participar), após descobrir um parente de Eurípides disfarçado de mulher, resistem e montam um tribunal para julgá-lo. Após isso, Eurípides vai até o local e depois de fazer um acordo com as mulheres, consegue resgatá-lo.

  Ao elevar à mulher e sua resistência, Aristofánes se coloca numa posição superiora à de Eurípides, que as inferiorizava, as colocava em posições submissivas e como símbolos de fraqueza.

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