MOVIMENTO TENENTISTA (BORIS FAUSTO)
Por: Emerson Monteiro • 9/2/2016 • Resenha • 1.940 Palavras (8 Páginas) • 1.181 Visualizações
MOVIMENTO TENENTISTA (BORIS FAUSTO)
Segundo Boris Fausto, o movimento tenentista que apresentou uma insatisfação com o sistema oligárquico, porque os tenentes sonhavam com uma republica centralizada, unificada, que não favorecessem os estados maiores. Por volta de 1927 o movimento perdeu de certo modo seu caminho e terminou.
São Paulo e Minas fez uma aliança, a republica do café com leite que durou até o fim da primeira republica, São Paulo tinha a predominância do café, Minas também tinha essa predominância, além da produção de leite que era fator econômico importante das atividades agrícola e pastoris de Minas. Ele diz que é preciso tomar cuidado e não pensar que tudo, do ponto de vista político, era aliança entre SP e MG. Muito das disputas políticas e dos atores políticos naquela época, passaram por SP, por Minas, mas também passaram por RS.
Para as eleições de 1930, aconteceu uma quebra da aliança SP e Minas, como conseqüência, MG se aliou ao RS e lançou o nome de Getúlio Vargas à Presidência da Republica, para Fausto, essa aliança evidentemente representava do ponto de vista econômico, interesses que não estão diretamente vinculado com o café. Minas, RS e outros estados do nordeste que deram apoio a essa aliança chamada de Aliança Liberal. A aliança Liberal perdeu as eleições de 30, o que significa que Getulio Vargas foi derrotado, e segundo Fausto, alguém poderia pensar que Julio Prestes vence por fraude, candidato de São Paulo. O setor da oposição, da Aliança Liberal não se conformou com o resultado dessas eleições e resolveram apelar por uma revolução esse era um dado novo entre março e outubro de 1930. Para fazer uma revolução eles precisariam de força armada, e foram buscar os velhos inimigos deles que eram os tenentes, a grande maioria dessa elite da Aliança Liberal, haviam combatido os tenentes. Os tenentes estavam meio na sombra, e agora representava uma carta importante para se estourar uma revolução.
A revolução triunfou rapidamente no nordeste, onde ela teve colaboração popular sob a chefia de Juarez Távora, no RS ela teve êxito e se formou uma coluna do exercito e da brigada militar, percorrendo os estados, saindo do RS, SC chegando ao Paraná, até chegar na capital da Republica e tomar o poder empossando Vargas.
Boris Fausto vem contrapor a idéia de que a revolução de 30 tinha sido um movimento de classes médias, sendo, portanto decorrente de uma questão eminentemente econômica, ligada à disputa entre setores médios e grandes fazendeiros.
Para Boris Fausto, a Revolução de 1930 seria o resultado do conflito intra-oligárquico fortalecido por movimentos militares dissidentes, que tinham como objetivo golpear a hegemonia da burguesia cafeeira. Ou seja, em virtude da incapacidade das demais frações de classe para assumir o poder de maneira exclusiva, e com o colapso da burguesia do café, abriu-se um vazio de poder, que teria gerado o Estado de Compromisso.
O autor faz uma discussão historiográfica utilizando Celso Furtado, Caio Prado Junior, Virgínio Santa Rosa, Hélio Furtado, dentre outros, sobre o modelo dualista, refletindo também sobre o papel das classes médias no período, e suas relações com o movimento tenentista.
As teorias dualistas consistem em marcar uma oposição entre um setor latifundiário semifeudal, e uma moderna burguesia industrial, desta forma o autor lança considerações sobre a indústria nacional na década de 20, sobre a organização da classe industrial para desconstruir essa teoria dualista argumentando vários fatores, como a industrial nacional esta em fase inicial, sendo ainda dependente do setor agroexportador, a Aliança Liberal não ter um programa industrialista, dentre outros fatores.
No que tange as classes médias e o tenentismo, alguns autores como Hélio Jaguaribe, José Num, sustentam a versão da Revolução de 30 como a revolução das classes médias apoiadas no movimento tenentista.
Inclusive José Nun, aponta o exército como protetor da classe média, permitindo que ela se coloque frente às oligarquias e camadas populares. Assim, Vargas teria chegado à presidência com representante da classe média. Mas para Fausto, até que ponto o movimento tenentista pode se afirmar como núcleo organizatório da classe média? Para responder essa questão, o autor segue explicando que o movimento tenentista foi um movimento difuso, que seu programa tinha conteúdo centralizador, elitista e vagamente nacionalista, que propunha contra a política do café com leite, com o poder focado no judiciário. Em contrapartida, o pensamento burguês não era de um elitismo centralizador, mas sim identificado com a democracia liberal e o regionalismo, e para uma quebra dessa relação, o autor cita a limitação do programa pequeno-burguês do movimento que não foi diretamente abraçado pela classe em questão.
Fausto segue colocando que a classe média não foi o principal agente beneficiário da revolução de 30, que por se tratar de um setor heterogêneo, subordinado a elite agrária e aos interesses da grande propriedade, era incapaz de comandar uma revolução.
Desta forma, o autor vem deixar claro em sua concepção que a revolução de 1930 põe fim à hegemonia da burguesia cafeeira, mas a oposição a essa hegemonia não é parte da burguesia industrial.
A formação social específica brasileira coloca uma complementaridade básica entre setor agrário e setor industrial; O tenentismo foi o centro mais importante do ataque a burguesia cafeeira, ao tempo que não pode ser reduzido como mero representante das classes médias;
As classes médias eram heterogêneas e o proletariado politicamente fraco; O agravamento das tensões na década de vinte, os conflitos eleitorais de 1930 e a crise econômica mundial que afetou o Brasil, motivam a formação de uma frente revolucionária difusa; Com o vazio de poder posterior que segundo o autor faz surgir um Estado de Compromisso, as Forças Armadas passam a ser sustentáculo decisivo do Estado; As relações do Estado com o movimento operário apontam para práticas populistas e o Estado interventor é condição para o desenvolvimento industrial.
Se nos primeiros anos o declínio dos preços internacionais do café gerou efeitos graves sobre o conjunto da economia brasileira, como a alta da inflação e uma crise fiscal sem precedentes, por outro também se verificou uma significativa expansão do setor cafeeiro e das atividades a ele vinculadas. Passados os primeiros momentos de dificuldades, o país conheceu um processo de crescimento expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929.
A variedade da agricultura, um maior desenvolvimento das atividades industriais, a expansão de empresas já
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