O Caráter do infante D. Henrique: uma abordagem freudiana
Por: Bruna Krauspenhar • 18/6/2018 • Abstract • 784 Palavras (4 Páginas) • 441 Visualizações
RESUMO
JOHNSON, Harold. B. O caráter do infante D. Henrique: uma abordagem freudiana. Textos de História, vol. 11, n. 1/2,2003, p. 217-244.
O texto discorre sobre a suposta homossexualidade de D. Henrique. Inicia apontando a biografia de Russel como bem-sucedida em sua intenção de aproximar o Infante enquanto ser humano, mas que deixou de abordar assuntos essenciais de sua personalidade. Russel negligenciou questões sobre a sexualidade de D. Henrique, o Navegador, referindo-se a ele como um homem casto, na visão de seus contemporâneos. Há várias declarações que abordam sua castidade, mas todas analisam as relações sexuais apenas com o feminino.
Freud afirmava que a sexualidade constituía a personalidade. Ao considerar D. Henrique como agressivo, determinado, é difícil considera-lo como um homem casto. Embora houvesse a preponderância dessa imagem de um homem casto, ocupado com questões científicas houve quem questionou sua castidade. Os historiadores portugueses preocupam-se em encontrar o documento que comprova a existência do filho bastardo de D. Henrique, possivelmente pelo constrangimento que um herói nacional desinteressado pelo sexo feminino causa nos homens. Esses historiadores não consideraram que o Infante pode ter sido homossexual.
O autor busca indagar se o Infante foi ou não homossexual, criando questões e as respondendo acerca de sua sexualidade. Sua metodologia é a mesma utilizada por Jaime Cortesão, que deixou de mencionar a sexualidade do Infante e também procurou fazer as perguntas que Cortesão teria feito, respondendo-as conforme suas abordagens historiográficas.
Cortesão observou a “política de sigilo” do Infante em relação as suas descobertas geográficas, como suas viagens à América, por “razões de Estado”. Possivelmente ele também precisou encobrir sua homossexualidade, visto que, no século XV a “sodomia” era pecado que deveria levar à fogueira o pecador. Um príncipe real talvez não fosse levado a morte, mas seria uma mancha em sua reputação.
Para esconder sua homossexualidade suspeita-se que ele seguiu duas linhas de ação, assim como Cortesão observou ao analisar seu sigilo em relação às descobertas geográficas. A primeira, seria uma campanha de desinformação intencional de D. Henrique, em que o autor observa sua religiosidade imponente e sua reputação de casto entre seus contemporâneos, essa reputação iniciou desde sua puberdade, o que não era recorrente com outros homens que faziam essa decisão após iniciar sua experiência sexual. Para ele foi colocado como uma característica nata, de sua personalidade, o que leva à analise de que ele nunca esteve interessado em mulheres, característica de um “homossexual genético”.
A segunda linha seria que D. Henrique esforçou-se para encobrir informações sobre sua sexualidade, como um conselho ambíguo de seu irmão D. Duarte e o desaparecimento da crônica de Cerveira, assim como a permanência da Crônica de Guiné, de Zurara, que fora encomendada por seu sobrinho para lisonjeá-lo e possivelmente sofreu sua censura. Porém nos escritos de Zurara é possível observar que ele estava sob pressão, havendo diversas passagens ambíguas que mostram um desconforto moral. Ele compara o Infante com dois personagens da antiguidade romana que discutiram sobre a homossexualidade.
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