O Espetaculo da Pobreza - Maria Stella Brescianni
Por: Fernanda Yara • 11/7/2016 • Resenha • 1.625 Palavras (7 Páginas) • 752 Visualizações
Maria Stella M. Bresciani- Londres e Paris no século XIX- O Espetáculo da Pobreza
No momento em que o hábito de ler crescera, cresce juntamente o desejo de se ver nos romances consumidos por diversos leitores, inclusive aqueles das camadas mais populares.
Perante o desejo de ser notado nessa nova sociedade moderna, a multidão que se desloca por entre as ruas tem sua expectativa atendida por autores como Victor Hugo, Baudelaire, Zola, Eugéne Sue, estes na França e Charles Dickens juntamente com Edgar Alan Poe na Inglaterra, que passam a voltar seus olhares para as ruas das quais os protagonistas são as pessoas e o contexto moderno ilustrado por edifícios e a pressa no andar de muitos.
Foi influenciada por visões e análises de autores com Walter Benjamin e Hannah Arendt, estes que atribuem uma grande importância ao panorama novo de pessoas pobres frequentando as ruas, expressando seus sentimentos, necessidades e vontades políticas que a autora Maria Stella M. Bresciani, aborda o estudo das multidões se comprometendo em abordar o estudo das multidões analisando as múltiplas imagens da sociedade elaboradas pelos homens do século XXI.
A multidão do século XIX, foi analisada por estudiosos do século passado, como uma massa amorfa, constituída por seres que perderam suas características normais aderindo à movimentos e atitudes automáticas, associando tais pessoas com aglomerados sem identidade além daquela que tinha da coletividade.
Pela visão de Walter Benjamin a importância do olhar é evocada já que acompanha os caminhos, os trajetos, as pessoas, ou seja o olhar oferece a vista do espetáculo das multidões.
Em Baudelaire, ao descrever sobre a situação que lhe ocorre, o encontro com uma mulher que lhe chama a atenção, porém a mesma é desconhecida, assim observa a fluidez do momento a forma como lhe escapa como num piscar de olhos a chance perdida de tê-la conhecido, assim como mostra o acaso como agente importante nos encontros dos contextos urbanos.
O contexto, ainda segundo Baudelaire, revela um ambiente de incertezas e mistérios, no qual nunca se saberia o que encontraria no dia-a-dia, as diferentes cenas que aconteciam nas dependências de determinados horários, como se o espetáculo do dia fosse diferente pela noite, já que os frequentadores também mudavam, se mostrando por tempo como a “a noite encantadora”.
Janin, por sua vez, vê a Paris da noite como assustadora, onde “a população que usa o linguajar das prisões para se entreter com seus temas favoritos- assassínios, roubos, execuções. É uma verruga virulenta sobre a face dessa grande cidade” (Len Herver a Paris, 1845).
Cabia a tarefa daqueles que viviam em uma cidade grande, o exercício do olhar, fazendo deste modo conseguiria reconhecer as mais variadas características daqueles que ali circulavam, seja pela vestimenta, pelo modo de agir e até andar, como o olhar do policial ou do bandido na busca por sua presa.
O horário em que cada grupo se locomovia também fornecia dados de qual tipo de grupo sai as ruas ou toma determinados rumos. É devido que o tempo também se altera, as pessoas tendem a se orientar não pelo relógio natural, mas sim do patrão, o horário comercial vigorava naquele momento.
Em relação a multidão de Londres, Alan Poe descreve certas características que lhe chama a atenção e auxilia na diferenciação entre tais, vai de pessoas atarefados que desejam abrir caminho em meio à multidão àqueles que demonstram um incômodo com o próprio modo de movimentar-se.
Faz a observação do escreventes, batedores de carteira e o jogadores, uns diferenciados pelas vestimentas outros por características fisiológicas e haviam ainda os que se apresentaram em horários noturnos como acontece com mendigos, prostitutas, vendedores e operários estes na sua maioria eram mais pobres que os que transitavam durante o dia.
Na Londres da metade do século, no que se concerne às populações de níveis sociais mais baixo os observadores foram unânimes acordando ambos no quão era assustador tanta opulência material àqueles de nível social maior e a degradação daqueles de mais baixa condição. O que sobre para as pessoas em tais condições fora um certo empurrão para a marginalização localizada na aglomeração e condições de vida muito precárias, com ausência de saneamento básico e o propício ambiente para doenças.
Ao se aproximar o final do século a teoria da degeneração humana ganha adeptos, baseados nas características fisiológicas daqueles que nasceram e cresceram nas cidades, magros, doentio na infância e neurótico, melancólico quando adulto caso chegue a alcançar tal estágio.
Esse tipo de circunstância desenvolve uma situação de medo na sociedade já que afetaria bastante a capacidade produtiva das empresas diminuindo também o capital social e amoral da comunidade criando posteriormente uma população jovem, ignorante e aspirante a degeneração tanto física quanto moral.
Quanto aos custos, os sanitaristas estavam a evidenciar as manutenções preventivas no saneamento já que investir na erradicação das doenças saíria bem mais caro, além de trazer mais prejuízos visto que boa parte dos operários viviam em condições de precariedade.
Os efeitos colaterais da precariedade nos bairros ruins de Londres perdura por tempos, jovens acometidos pelas más condições reclamavam da falta de emprego por conta de sua forma física, os mais variados setores produtivos entraram em crise e o número de mendigos crescem como uma praga à qual o número ultrapassa, inclusive o quantitativo de policiais, o que propiciava um levante por parte dos mesmos.
A partir da situação da falta de emprego houve aumento também em operações ilícitas por parte de pessoas pobres, estas que além de estar a margem eram consideradas os “resíduos da sociedade”, eram estas aquelas que não tinham suas vidas pautadas pelos valores constitutivos da vida social- o trabalho, a propriedade e a razão.
Houveram movimentos operários na década de 1880, novamente a multidão tornava as ruas relembrando aos contemporâneos o temor e o espanto entre os moradores de Londres da multidão amotinada, as manifestações deveriam ter cunho pacífico, entretanto a revolta e o enraivecimento ganha destaque.
Diferentemente dos anos 30 ou 40, o cenário tem uma drástica mudança já que a população dobra duas vezes demograficamente, sendo esta comparada a Viena, Berlim e Filadélfia. Neste
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