O mundo de Atenas: uma introdução à cultura clássica ateniense, de Peter Jones.
Por: sthe555 • 20/1/2022 • Resenha • 1.067 Palavras (5 Páginas) • 212 Visualizações
Resenha sobre O mundo de Atenas: uma introdução à cultura clássica ateniense, de Peter
Jones.
Peter Jones, autor de O Mundo de Atenas, é formado em estudos clássicos pela Universidade
de Cambridge e já conduziu um projeto sobre estudo de Grego na mesma universidade. Com
um amplo conhecimento em Grécia Antiga, Jones organizou seu livro sobre o assunto, focado
em especial na sociedade ateniense do século VI ao século IV.
O Mundo de Atenas apresenta um panorama da democracia ateniense, explicando seu
funcionamento e como era possibilitada a participação pública. Com relação a terminologia de
democracia, Jones comenta se tratar de uma palavra que só surgiu posteriormente. Os
contemporâneas utilizavam a palavra isonomia para tratar da ideia de igualdade perante a lei.
É importante lembrar que essa isonomia existia apenas para os considerados cidadãos, que
era um grupo bastante seleto na antiga Atenas. Mulheres, estrangeiros, escravos e menores de
21 anos eram excluídos, explicitando a não muito democrática democracia ateniense.
Outro ponto tratado na obra é a grande diferença entre a democracia ateniense e o que se
chama de democracia atualmente. O principal ponto de divergência é o fato de a democracia
ateniense ser direta, e não representativa. Ou seja, o povo ateniense tomava as decisões, sendo
uma das principais instituições a ekklesia (“Assembleia”), que era aberto a todos os cidadãos,
apesar de o número de presentes não se aproximar do número de cidadãos da pólis.
Teoricamente, como vimos, todos os cidadãos podiam assistir a ekklesia (Assembleia)
e dirigir-se a ela. Mas quantos cidadãos assistiam a ela, na prática, e quem de fato
falava? [...] em 411, alegou-se que nunca mais de cinco mil haviam de fato assistido a
uma ekklesia, por mais grave que fosse o assunto. (Jones,1997, p. 209)
Posteriormente, Peter Jones discorre sobre os chamados demagogos (“condutor do demos”)
e seu papel na democracia ateniense. O autor os cita como uma parte indispensável da estrutura
democrática, a partir do momento em que a democracia era exercida muitas vezes pelas
reuniões em massa. Os demagogos eram oradores cujo o objetivo final era o de convencer, não
importando, necessariamente, a busca pela verdade. Apesar disso, como cita Jones, eram
precisos para a tomada de decisões por uma maioria.
Com relação a participação “popular” (referentes apenas aos considerados cidadãos), ela era
afetada, muitas vezes, pela impossibilidade de comparecimento devido ao trabalho. Um dia
inteiro participando da Assembleia também significava um dia inteiro sem trabalhar. Por essa
razão, por volta de 400 foi criado uma certa compensação em dinheiro aos que participassem
da Assembleia, o que demonstra a vontade de aumentar a participação.
Peter Jones também cita diversos cargos e suas responsabilidades, como por exemplo os
chamados “arautos” e “delegados”, que conduziam as relações diplomáticas. Eles contavam
inclusive com certa imunidade diplomática, o que era bastante útil nos momentos de conflito
entre as pólis, pois possibilitava o diálogo.
Se referindo ao sistema legal ateniense, é citado a condição de atimía, estado em que o
indivíduo perde seus direitos civis. Era uma pena dada para, por exemplo, pessoas que
cometeram fraude ou fugiram do serviço militar. Também é importante citar que os acusados
precisavam defender a si mesmos, com a diferença de que os ricos podiam pagar para ter seus
discursos de defesa escritos por nomes como Demóstenes.
Com relação a cobrança de impostos, não era feita nenhuma taxação sobre renda. Na
realidade era realizada uma taxação sobre os ricos, e em casos emergenciais, também sobre
propriedade.
Outra questão importante, ainda mais em Atenas, era a distribuição de grãos. Da chamada
“tríade mediterrânea” de alimentos, ou seja, grãos, cevada e vinho, a distribuição de grãos
necessitava de atenção. Isso porque a área cultivável não era tão propícia para o seu plantio,
sendo necessário, portanto, que os suprimentos viessem de fora.
No século V, essa questão de administração é considerada a mais importante, devido ao
crescimento da população ateniense. Nesse período, Atenas já havia criado o seu império
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