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RESENHA INTRODUÇÃO "TUDO QUE É SÓLIDO DESMANCHA NO AR"

Por:   •  5/12/2015  •  Resenha  •  3.159 Palavras (13 Páginas)  •  2.630 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

HISTÓRIA DO MUNDO CONTEMPORÂNEO

DOCENTE RICARDO CASTRO

ALUNO: MARCELLE GOMES REIS

Fichamento da Introdução do livro "Tudo que é sólido desmancha no ar" de Marshall Berman:

       No livro "Tudo que é sólido desmancha no ar", Marshall Berman, em uma referência a uma frase de Marx segundo o conceito de modernidade da sua época, fala sobre a modernidade no decorrer de séculos: pensadores, avanços tecnológicos, artísticos, tradições desconstruídas e construídas durante o processo de modernização e mais. Ele pauta seu livro em "explorar e mapear essas tradições, a fim de compreender de que modo elas podem nutrir e enriquecer nossa própria modernidade e como podem empobrecer e obscurecer o nosso senso do que seja ou possa ser a modernidade." (pág. 15).

       Pode-se iniciar pensando na frase "Tudo que é sólido se desmancha no ar": ela foi dita por Marx durante um discurso em 1856 na cidade de Londres para se referir às constantes mudanças que a modernidade proporciona. Seja nos modos produtivos, nas relações, nas certezas. Na modernidade, tudo que parece sólido, permanente, pode se desmanchar no ar em segundos fazendo com que tudo mude, que de um minuto para outro as certezas, as relações são outras.

       Voltando a Berman, para ele, a modernidade é um ambiente que promete novas experiências e, assim como para Marx, a modernidade é um paradoxo. Capaz de derrubar barreiras sociais, raciais geograficas, unir na desunidade da confusão de desintegração em que ela nos despeja. A experiência da modernidade para o homem é capaz de fazê-lo sentir-se o primeiro a prová-la, ainda que ela tenha corrido durante cinco séculos até chegar nos dias atuais. E, no fundo, a modernidade é isto: é inconstante e, ao longo dos séculos, apesar de criar as suas próprias tradições, também se transformou a ponto de cada época viver a sua modernidade.

     A modernização foi o processo que deu possibilidade a uma enxurrada de avanços industriais, demográficos, econômicos, sociais, entre outros. Berman trabalha a dialética da modernização dividindo-a em três fases:

        A primeira fase da modernização localiza-se temporalmente do início do século XVI ao fim do século XVIII. Este é o momento em que as pessoas começam a experimentar a modernidade ainda sem saber do que se trata. A primeira voz a usar a palavra modernidade ("moderniste") como usamos hoje foi a de Jean-Jacques Rousseau. Ele alertou para as conturbações revolucionárias da modernidade e foi o pai de algumas das tradições modernas como a democracia participativa. Muito se fala em Rousseau como um homem perturbado, mas esta condição foi atribuída a sua sensibidade moderna e ao seu intenso contato com todo esse processo em Paris. A própria modernização tornou o homem mais sensível, o turbilhão de ambiguidades e contradições, de possibilidades o tirou de uma zona de conforto, onde tudo era ordinário e rico em sentido, ossificado, onde as certezas e a solidez não se desmanchavam no ar.

        A segunda fase, pós Revolução Francesa, empolga um público já mais moderno e que vive uma era revolucionária, mais distantes da zona de conforto, mais habituados à mudanças. Nesta fase o que observamos é uma profunda mudança na paisagem, o desenvolvimento trouxe engenhos a vapor, fábricas automatizadas, entre outros, herança também da Revolução Industrial ocorrida também na Europa contemporâneamente àquela primeira. É neste momento que já podemos observar nas escolhas do homem a despreocupação com a natureza e com os outros homens, o progresso rápido desse período teve como preço muitas consequências para o ser humano e para o planeta, foi assim durante os anos que se passaram e é assim até os dias de hoje.

         Os pensadores deste século (dos quais podemos destacar Marx e Nietzsche, que falaremos mais adiante) não pensavam a modernidade como uma unidade e sim como um paradoxo, uma contradição. Eram capazes de atacá-lo com paixão: tanto positivamente, quanto negativamente e ainda assim se sentindo a vontade em meio a tudo isto.

         Em se tratando do já citado discurso de Karl Marx em Londres, ele fala à respeito da Primavera dos Povos, movimentos ocorridos na Europa que se levantaram contra o absolutismo monárquico que já não era mais aceito depois das transformações da Revolução Francesa, os ideais iluministas da época já estavam difundidos entre os europeus e retomar tudo como era antes, como era a proposta do Congresso de Viena, já não era mais possível. Sobre os Movimentos de 1848, Marx diz que, mesmo tendo sido abafadas, elas revelaram fissuras na crista seca da sociedade européia e, ainda que tudo parecesse em ordem, como as classes dirigentes queriam que o povo acreditasse, um oceano revolucionário esperava, sob essas fissuras, a oportunidade para entrar em ação.

         Marx falou também das contradições do mundo moderno, as máquinas que deveriam auxiliar o trabalho humano, o tornava mais penoso, os avanços na medicina também trouxeram em vez de cura, mais penas e mais ambiguidades decorrentes de outras inovações. Ele defendeu como solução para estas contradições o homem de vanguarda no poder: acreditava que o homem de vanguarda, fruto da modernidade, tal qual o maquinário e as outras inovações modernas, saberia gerir melhor os novos recursos, aproveitá-los para o bem da maioria. Esta melhor gestão transformaria a modernidade em uma espécie de utopia, ela só chegaria para facilitar o cotidiano, que é o que se espera de algo inovador.

           Pode-se pensar que estas contradições da modernidade se dão devido à necessidade da burguesia dirigente em revolucionar a produção, as relações sociais como vemos no Manifesto de Marx, mas também segundo o pensador o que garante que, ao chegar ao poder, o movimento comunista (homens de vanguarda) não se tornaria um igual ao seu antecessor? Conforme vimos a modernidade consiste nestas constantes mudanças promovidas pelos próprios dirigentes e talvez a natureza humana (seja burguês ou operário) não seja capaz de resistir às inovações modernas e provoque sempre essa constante de mudanças sociais.

         Falando-se em Nietzsche, assim como para Marx, a modernidade é fonte de contradições, de possibilidades boas e ruins, de caos. O homem vive constantemente na busca de como viver esta moderniade, desfrutar as possibilidades e esse "tudo" que ela oferece a ponto de alguns encontrarem solução apenas no deixar de viver ou em parodiar o passado através da história buscando respostas para um presente ainda tão confuso, porém nenhum episódio da história poderia ser equiparado, poderia ser a resposta às indagações do homem moderno. Também como Marx, Nietzsche acredita no Novo Homem que será, sim, capaz de olhar para o seu "hoje" e criar os valores e as respostas de que precisa para viver o infinito moderno.

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