Resenha: A Formação da Classe Operária Inglesa: A árvore da liberdade
Por: Anne Carvalho • 20/10/2018 • Resenha • 945 Palavras (4 Páginas) • 373 Visualizações
Universidade Federal de Campina Grande
Unidade Acadêmica de História
Disciplina: História Contemporânea I
Docente: Cabral Filho
Discente: Erik Carlos Monte de Carvalho
Trabalho: Resenha
THOMPSON, Edward. P. (1987). A Formação da Classe Operária Inglesa: A árvore da liberdade. Vol. I 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Pg 57- 81.
“As Fortalezas de Satanás” é o nome dado ao terceiro capítulo do primeiro volume da aclamada obra de Edward Palmer Thompson “A Formação da Classe Operária Inglesa”. Obra esta que se tornou um grande clássico no que diz respeito aos estudos dos movimentos sociais ligados a classe trabalhadora.
Assim como o nome sugere, esta obra, dividida em três volumes, de um modo geral vai tratar do processo de formação e a trajetória de uma classe trabalhadora inglesa por volta de 1790 e 1832, desde as primeiras formas de organização de movimentos populares onde começa a haver uma percepção dos interesses e experiências em comum e da necessidade de lutar contra a forma de opressão que atinge a todos até o momento em que a classe trabalhadora se consolida e toma consciência de si mesma enquanto classe e assim passa a se organizar de fato na luta contra a exploração de seus empregadores.
Esse terceiro capítulo do primeiro volume mais especificamente, vai abordar justamente parte desses movimentos iniciais. Não aqueles empreendidos por uma minoria com linguagem articulada mas sim por uma maioria bem menos articulada com uma consciência considerada “subpolítica” ligada a superstições, preconceito e patriotismo, os chamados por Thompson “habitantes das fortalezas de Satanás”.
Segundo ele, o estudo dessa população se tornava ainda mais complicado uma vez que deixavam poucos ou quase nenhum registro de seus pensamentos, sendo esses muitas vezes acessíveis apenas através de documentos como arquivos criminais. Contudo, Thompson alerta para o cuidado que deve se ter ao analisar essas fontes, não se deixando levar pela suposição de que estes se dividiam em penitentes, prostitutas, assassinos, bêbados, ladrões, entre outros.
Outro apontamento enfatizado por ele é o destaque aos antecedentes constitucionais sóbrios do movimento operário dados por alguns dos primeiros líderes, trabalhadores autodidata afastados do mundo da taberna a que pertencia a maioria, a fim de minimizar seus traços mais robustos e desordeiro e o quanto essas tradições “sub políticas” afetaram o movimento inicial, sobretudo o motim e a turba e as noções populares de um “direito de nascimento”.
Sobre este primeiro, Thompson traz uma observação a respeito da disparidade existente entre o código penal legal e aquele aceito pela população o codigo popular, podendo significar uma intensa luta de classes, uma vez que o penal trazia duras leis referentes a crimes contra a propriedade que chegavam a ser injustas e cruéis para com as camadas populares. A insatisfação e o desprezo pela lei eram nítidas e se refletia nas ações de resistência como crimes individuais e ações insurrecionais. Para além, outros motins aconteciam frequentemente entre o fim do século 18 e início do 19, sendo os motivos os mais diversos desde o preço do pão, impostos, fechamento das terras comunais, pedágios, entre outros.
Surgiram também levantes políticos a “turba” em diversas localidades naquele período. Thompson traz em seu texto um debate sobre a polêmica envolvendo esses levantes onde muitos historiadores usam o termo “turba” desleixadamente
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