Resenha A Classe Operária Vai ao Paraíso Filme 1971

O filme do diretor Elio Petri, A Classe Operária vai ao Paraíso de 1971, fala sobre as relações de trabalho no capitalismo e conta a situação da classe operária nos anos 60/70. O modo de produção e de contratação na época demonstrava claramente o trato desigual que recebiam os trabalhadores, a produção em massa e a divisão do trabalho esse método de produção implicava numa divisão extrema do trabalho fazendo com que ele fosse simples e mecânico, um trabalho, onde os operários não necessitavam maiores qualificações para executá-lo.

A história retrata a rotina de trabalho de Ludovico Massa (Gian Maria Volonté), operário de uma fábrica na década de 1970, que para conseguir a marca de trabalhador mais produtivo, sacrificava tempos de descanso ou mesmo sua saúde e a segurança do trabalho, realizando manutenção de máquinas em funcionamento para economizar tempo e não causar prejuízos. Desse modo, os operários fazem parte de uma linha de produção que trabalha com tempos e movimentos cronometrados que impedem qualquer momento de pausa, já que significaria perda de lucro para o capitalista. O responsável pelo padrão de tempo na confecção das peças é nivelado pelo melhor operário, que no caso é o Lulu Massa. Não há nenhuma preocupação com a saúde dos funcionários, como pode ser observado no caso do operário com problemas na próstata que levou uma repreensão por trabalhar sentado, o argumento utilizado é que em pé ele produziria mais peças.

Desse modo, Lulu como era conhecido, não se identificava com os outros trabalhadores e seu comportamento criava tumultos. A aprovação de seu empregador vinha ao passo que o resultado de seu trabalho era sempre acima das médias dos outros trabalhadores. Esse cenário muda quando ele sofre um acidente de trabalho, perdendo assim um dos dedos da mão. Esse momento é cabal para que ele comece a rebater o padrão de exploração de trabalho da fábrica, e passa a se envolver em protestos, e acaba por propor greve, levando assim sua demissão.

No entanto, ouve algumas negociações que resultou na readmissão de Lulu que agora é outra pessoa, se humanizou. O drama vivido por Lulu Massa nesse filme nos faz rever valores da relação entre patrões e empregados, que até os dias de hoje mudaram muito pouco, também podemos refletir sobre a organização dos trabalhadores por meio dos sindicatos, a conquista de direitos viabilizada pelo movimento grevista.

Enfim as coisas melhoraram bastante, pois o filme termina com os operários conquistando melhores conjunções de rendimentos, eles estão de volta a fábrica, mas agora em melhores condições de trabalho. Contudo a exploração do trabalhador ainda existe atualmente, e cabe ao trabalhador se conscientizar da sua condição de exploração e buscar seus direitos.