Resenha - O Mundo em 1914
Por: Guilherme Figueiredo • 14/5/2017 • Trabalho acadêmico • 1.237 Palavras (5 Páginas) • 390 Visualizações
Resenha: O mundo em 1914 e as origens da guerra
O texto “O mundo em 1914 e as origens da guerra”, de Lawrence Sondhaus, aborda o contexto histórico relativo às relações internacionais no que diz respeito ao período antecessor à Primeira Guerra Mundial e, em geral, trata como os desdobramentos de eventos históricos – tais como a formação de alianças – e de interesses, bem como a formação e as ações específicas das principais potências promoveram o choque internacional entre esses países. A balança ou equilíbrio de poder no qual se baseava o sistema das relações internacionais sofre uma alteração, à medida que o advento das alianças provoca um aumento na hostilidade entre os principais países, instaurando um temor sobre o crescente poderio do adversário e acelerando uma corrida bélica que, em tempos de tensão, acabam por provocar a guerra.
Nesse contexto, as diferentes abordagens e pontos de vista tendem a atribuir uma maior parcela de “culpa” pela Primeira Guerra a um ou outro ator internacional. Laurence Lafore, por exemplo, atribui o principal causador da guerra à rivalidade entre a monarquia dos Habsburgos e os sérvios; enquanto Fritz Fischer, por sua vez, atribui à política externa imperialista alemã a maior parte do fator causador do conflito em questão. Essa é uma exemplificação da diferença entre interpretações do conflito e como a forma na qual os eventos são descritos e abordados geram conclusões diferentes.
Retomando especificamente a questão do conflito da Primeira Guerra Mundial, o autor descreve com alguns fatos e eventos a formação das duas principais instituições à época da guerra: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente. Sob um contexto complicado de jogos de estratégia tanto interna quanto externa e jogos de interesses (como não poderia deixar de ser), rivalidades ferrenhas e históricas entre as potências (principalmente entre França e Alemanha) e temor entre esses atores acerca do crescimento do rival, as parcerias e aproximações são formadas de acordo com os movimentos de cada jogador nesse jogo. A região da Alsácia-Lorena, por exemplo, em posse dos alemães, promove um motivo de aliança da França com outras potências contrárias à Alemanha; os desdobramentos da Guerra Ítalo-Turca provocam deterioração das relações da Itália com as potências da Tríplice Entente e consequente aproximação da Aliança; a ascensão do Império Alemão frente à Grã-Bretanha provoca a necessidade de aliança com países contrários; entre outros exemplos. Em suma, a coordenação das rivalidades e o alinhamento de interesses promovem dois lados veementemente opostos, que acaba por facilitar o desencadeamento de um conflito generalizado no contexto europeu.
A Guerra nos Bálcãs, por sua vez, também desempenha um papel importante nesse sentido. Após a Guerra Ítalo-Turca e a manutenção da paz entre os dois países, a Liga Balcânica formada por Bulgária, Sérvia, Montenegro e Grécia declarou guerra ao Império Otomano. Por sua vez, os primeiros tiveram apoio da Rússia, enquanto os últimos, da Áustria-Hungria e, além disso, após certo tempo, o Império Otomano passa a contar com a ajuda alemã após a aliança da Rússia com a Grã-Bretanha e França. O desencadeamento desses acontecimentos se apresenta novamente no sentido da intensificação das rivalidades e da manutenção do conflito de interesses no cenário europeu, exercendo uma influência importante na possibilidade da Grande Guerra.
A Sérvia também exerceu papel fundamental, mas por sua vez no que diz respeito à eclosão da guerra. Após a indexação da Bósnia-Herzegovina pelos austro-húngaros, a Rússia – aliada da sérvia após a volta da dinastia Karageorgević ao poder – não declara apoio à Sérvia; muito pelo contrário, após a declaração alemã de apoio à Áustria-Hungria, a Rússia recua. Isso provoca a indignação dos sérvios e a “promoção” das práticas do famigerado “Mão Negra”, que acaba por assassinar o arquiduque Francisco Ferdinando, sendo esse evento considerado o estopim para a eclosão do conflito. Os outros países Bálcãs também tinham motivações e interesses próprios, que acabariam por determinar sua posição diante desse contexto – apesar de muitos deles não tomarem uma posição abertamente declarada.
Nesse período, Estados Unidos e Japão já passam a despontar como novas potências mundiais. Produção crescente de bens importantes com grande inserção no comércio internacional; exército menor em geral, porém modernizado e especializado o suficiente para vencer guerras como a Hispano-Americana e a Russo-Japonesa, garantiram não somente territórios, mas também poder em níveis satisfatórios, que seriam importantes para a formação territorial e para o crescimento econômico e bélico desses países.
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