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Ritos de iniciacao

Por:   •  13/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.232 Palavras (5 Páginas)  •  250 Visualizações

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RITOS DE INICIACAO; COESÃO CULTURAL E ESTRATÉGIAS DE PODER

Primeiramente o autor traz-nos os objectivos sobre o estudo de ritos de iniciação. Na qual pretende-se analisar os significados sociais e as relações do poder dos grupos etnolinguísticos, no contexto de vigência do estudo moderno.

Segundo PEIRANE (2003) os ritos tem que ser compreendidos tendo em conta a ordem social que as instancias culturais pretendem reduzir. Os ritos podem ser analisados por meio de uma abordagem simbólica das suas representações e pelo seu papel na construção/constrangimento/identitária (de género, de grupo e de relações).

O autor neste capitulo procura perceber como os ritos se instituíram em instrumento de construção de uma visão do mundo e de projecção do lugar de produção e reprodução de uma ordem política social e cultural, reconhecendo os mecanismos que o transforma no campo de revelação e sustentação de poderes principalmente do poder constituinte das relações sociais do género ou do grupo. Afirma que a análise dos mitos é suportada por evidências empíricas, tendo em conta a perspectiva dinamista de adaptabilidade ou conflito ritos-estado, nas vertentes tradição-modernidade e o poder-contrapoder.

Neste capitulo pretende-se entender a dinâmica dos ritos enquanto estruturas de poder, tendo em conta que as relações de poder que eles se inserem são de dois níveis, nomeadamente, macro (na sua relação como estado) e outro micro (dentro dos seus contextos endógenos).

Estrutura, organização, e sistema funcional dos ritos

Concepção, organização, e funções/objectivos

Segundo PERRIN (2004), designa ritos ligados ao ciclo da vida. Para Perrin, e termo rito deriva do latim ritus, que significa ordem estabelecida, a qual passa por uma expressão cultural comunitária.

A natureza fenomenológica trazida por Terrin, dá um enquadramento social ao rito: “acto de adoração, um momento de expressão de um todo no nível comunitário, um acto de culto que tem a sua direcção meta-impirica e como tal é capaz de unificar de maneira profunda a experiencia do real”. (Terrin;35).

A natureza religiosa, o rito deve ser socialmente enquadrada na perspectiva dos significados que lhe são conferidos e dos comportamentos. Para Terrin, (2004) neste capitulo não se aprofundam as perspectivas psicanalítica e catártica, etologia e a ecológica entre outras. O que é central para o estudo é a análise da continuidade e a reestruturação de uma ordem social que é cumprida pelos ritos.

Para Van Gennep (1977), o ritual é um objecto autónomo na esteira da sociologia dinamista, estruturado em cerimónias que estão de acordo com o tipo de momento (nascimento, passagem de idade, casamento, morte). Estas cerimónias realizam-se tendo em conta as finalidades implícitas. Os rituais regulam e ordenam, constrangendo os indivíduos a uma ordem social e económica mais geral. A compreensão dos ritos passa pelo conhecimento dos mecanismos e daquilo que lhes confere significado. Os ritos significam uma passagem que contem uma sequência: a separação, a margem, e agregação.

A separação envolve a violência do distanciamento compulsivo da fase materna. A também efeitos traumáticos da violência dos ritos de iniciação através da exposição de conteúdo mágico religioso e com recurso ao domínio do reino animal.

Segundo autor a ida aos ritos é de forma evidente, um momento grupal dos jovens e adolescentes para mato. Onde os rapazes eram levados para cabana, e as raparigas organizadas pelo detentor do poder ritualistas. A menstruação é decisiva a entrada nos ritos.

Exemplos de duas raparigas ndau do mesmo grupo focal na cidade da Beira: “eu fui aos ritos de iniciação com dez anos mas ainda não tinha começado a menstruar.” (Luisa;1)

“quando eu comecei com a menstruação tinha treze anos. Nessa altura a minha mãe não me explicou nada, apenas chamou a minha tia, irmã do meu pai para cuidar de mim e depois tive as cerimonias” (Luisa:2)

Para os rapazes a puberdade fisiológica corresponde a puberdade sociocultural. Van Gennep (1977), afirma que um aspecto tem a ver com o ponto de vista das expectativas e comando sociais que os indivíduos assumem fora da condição infantil, prestes a prepararem-se para a vida adulta (puberdade social), e outro aspecto tem a ver com o estágio de maturação ou evolução anatómica e fisiológica dos indivíduos que os coloca com características físicas púberes de prematuração humana (puberdade biológica/fisiológica)

Os rapazes chegam aos ritos sem conhecimento sobre o que vão encontrar. Exemplos de diversidades do critério da idade e de maturarão fisiológica para ida aos ritos num grupo focal de adolescentes makondes em Cabo Delgado, distrito de Macomia;

“Eu participei nas cerimonias dos ritos de iniciação com dez anos” (Diogo1 a).

“Eu participei nas cerimonias dos ritos de iniciação com oito anos”* Diogo1 b)

“Acho que eu tinha sete anos” (Diogo1 c)

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