A CONSTRUÇÃO CIVIL NO SÉCULO XIX

RESUMO CAP.3

Livro: A HISTÓRIA DA ENGENHARIA NO BRASIL (Séculos XVI a XIX)

Autor: Pedro Carlos da Silva Telles

A CONSTRUÇÃO CIVIL NO SÉCULO XIX

No decorrer do século XIX, durante muito tempo, a maioria das construções continuavam a ser feitas como no período colonial, isto é, estruturas de alvenaria de pedra ligadas com argamassa de cal, ou de taipa. Uma das modificações que ocorreu logo após o fim do período colonial, com a abertura dos portos, foi a maior utilização do ferro e do vidro nas construções, que antes era bastante raro. O ferro foi empregado nas grades, portões, sacadas e outros acessórios, o vidro utilizado nas janelas.

Houve uma enorme modificação na estrutura dos telhados, estes passaram a ter a cumeeira perpendicular à fachada frontal (não mais paralela à fachada como no período colonial) e a estrutura das tesouras passou a ser como é utilizada atualmente. As telhas francesas substituem as grandes e pesadas telhas calha. Surgem construções com platibandas, escondendo os telhados, e calhas internas, eliminando os beirais. Porém, as construções mais simples ou modestas continuam a utilizar o modelo colonial e os telhados com grandes beirais.

Na segunda metade do século inicia-se o uso dos tijolos para a construção de paredes, principalmente por engenheiros e mestres de obras. Essa técnica foi inicialmente bastante criticada pelos construtores antigos e imprensa que não a compreendiam. Isso não extinguiu as paredes de taipa.

A partir do terceiro quartel do século XIX (3/4 do século, entre 1850 e 1875) cresceu o uso de materiais importados e a influência estrangeira devido à atuação dos imigrantes no Brasil, que trouxeram consigo novos materiais, técnicas e soluções arquitetônicas. Importavam-se tábuas e barrotes de pinho-de-riga (tipo de madeira), vigas e colunas de ferro que facilitavam a construção de pisos e varandas, papéis de parede e materiais de instalação hidráulica e sanitária.

Não se sabe exatamente quando começou o uso do cimento no Brasil, ao que parece foi utilizado no ano de 1867, na obra da Doca Alfândega (RJ), pelo engenheiro André Rebouças. O seu uso foi raro nas construções residenciais durante todo o século XIX, este material era importado da Europa.

PRIMEIRAS CONSTRUÇÕES METÁLICAS

        Os primeiros prédios com estrutura metálica, a princípio de ferro fundido, começaram a aparecer no Brasil por volta de 1870, até então, o material já havia sido empregado em pontes e na estrutura de navios. Mais tarde vieram as estruturas de ferro laminado e, antes do fim do século, as primeiras estruturas de aço.

Na maioria das construções os elementos estruturais metálicos, como colunas e vigas, são aparentes tendo efeito também decorativo. Em alguns casos a estrutura metálica é apenas o “esqueleto”, a armação, e fica total ou parcialmente embutida na alvenaria.

Uma construção interessante é o Palácio de Cristal, em Petrópolis (RJ), com estrutura totalmente metálica e vedação de placas de vidro nas paredes e no teto, foi inaugurado em 1884 para servir de estufa em uma exposição agrícola. Foram construídas também pontes metálicas urbanas para substituir velhas pontes coloniais de madeira. Ex.: ponte de Boa Vista e do Recife, inauguradas por volta de 1850. Algumas estações terminais de estradas de ferro tinham importantes estruturas metálicas, a maior delas é a Estação da Luz - SP.